Brasil Encolhe seu Programa Espacial
Olá leitor!
Segue abaixo uma reportagem espacial publicada hoje (27/03) no jornal “Zero Hora” destacando que o Brasil encolheu seu programa espacial.
Duda Falcão
Reportagem Especial
Brasil Encolhe seu Programa Espacial
Passados cinco anos do vôo solo do astronauta
brasileiro, o país ainda não conseguiu avanços
significativos em seu programa espacial
Humberto Trezzi
Jornal Zero Hora
27/03/2011
Há cinco anos, o Brasil parou para ver o tenente-coronel Marcos Pontes flutuar no espaço e, de quebra, bater um papo com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Era a badalada estréia do astronauta brasileiro.
Valeu à pena? A realidade é que, apesar do vôo de Pontes, o programa espacial brasileiro não decolou. Estudo da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados divulgado em fevereiro alerta para a fragilidade da política voltada a este setor. Em 2010, o orçamento para o programa espacial foi de R$ 353 milhões, contra R$ 415 milhões em 2009.
O próprio diretor da Agência Espacial Brasileira, Carlos Ganem, admite que seria necessário o dobro dos recursos atuais. Os demais países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), de porte econômico similar ao Brasil, destinam muito mais recursos públicos aos seus programas. A China investe mais de US$ 1 bilhão anual e planeja vôos tripulados à Lua até 2020. A Índia tem orçamento superior a US$ 800 milhões ao ano, e a agência espacial russa conta com orçamento da ordem de US$ 2 bilhões.
No Brasil, as metas do programa espacial brasileiro são postergadas ano após ano. E não se trata de colocar astronautas no espaço – esse assunto sequer voltou a ser cogitado após o vôo de Marcos Pontes. Está em permanente atraso o lançamento do CBERS-3 (satélite fabricado em conjunto com a China para monitorar o uso da terra), que deveria ter ocorrido em 2009 e foi adiado para 2011. Atrasado também está o lançamento do VLS 1 (foguete lançador de satélites), cujo lançamento do quarto protótipo estava previsto para 2007 – e está remarcado para 2011.
Estão previstos ainda lançamentos de três satélites geoestacionários até 2013, para comunicação de dados, sendo o primeiro deles conhecido como SGB, Satélite Geoestacionário Brasileiro. Caso esses artefatos não sejam colocados em órbita, o Brasil poderá perder posições orbitais definidas pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), ressalta a publicação especializada Tecnologia e Defesa.
A realidade é de que o Brasil já está sendo ultrapassado na corrida bilionária do lançamento de veículos espaciais, sobretudo os que transportam satélites – vitais para domínio de tecnologias como a TV Digital.
Segundo dados de 2008 da Space Foundation, a atividade espacial mundial, incluindo bens e serviços, indivíduos, corporações e governos, movimentou US$ 257 bilhões, dos quais 35% em serviços satelitais comerciais, 32% em infraestrutura comercial, 26% só do orçamento espacial do governo dos EUA, 6% dos outros governos e somente 1% com lançadores e indústria de suporte.
Os Estados Unidos detêm 41% do mercado global de satélites, deixando 59% para o restante do mundo. A participação do Brasil neste mercado é de apenas 1,9%.
Pontes, apesar dos números teimarem em contrariá-lo, mantém o otimismo. Foi em 29 de março de 2006, às 23h30min, que sua odisséia se concretizou. Oficial da Força Aérea Brasileira (FAB), ele voou desde o Cazaquistão, numa nave russa Soyuz TMA-8, até a Estação Espacial Internacional, onde permaneceu oito dias. Levava numa mochila 15 quilos de carga da Agência Espacial Brasileira, incluindo oito experimentos científicos criados por universidades e centros de pesquisas brasileiros.
Missão Custou R$ 40 milhões
Levantamento da época indica que os 10 dias da jornada à ISS custaram aos cofres públicos cerca de R$ 40 milhões. Isso, se somados pagamento da viagem e oito anos de treinamento de Pontes na NASA (agência espacial norte-americana) – que, aliás, não patrocinou o passeio do astronauta brasileiro, o que forçou o governo brasileiro a pedir aos russos uma carona na nave Soyuz.
Pontes, hoje com 48 anos, diz que faria tudo de novo. Aliás, quer fazer. Mesmo que algumas experiências que realizou no espaço tenham sido prosaicas, como o comportamento de grãos de feijão na ausência da gravidade. Mesmo que os anos de estudo nos Estados Unidos tenham resultado em sucessivas protelações de seu vôo e na necessidade de conseguir vaga numa nave russa. Mesmo que o Programa Espacial Brasileiro continue, na prática, semiparalisado.
– Aquilo funcionou como um cartão de visitas do programa espacial brasileiro. É um credenciamento. Fui o primeiro e espero não ter sido o último – afirma, em entrevista concedida esta semana a ZH.
A presidente Dilma Rousseff acena com investimentos no programa espacial brasileiro. Na semana passada, ela prometeu retomar a idéia de lançamento de satélites, inclusive com foguete próprio. Não citou cifras.
Fonte: Jornal Zero Hora - 27/03/2010
Comentário: Sinceramente esperava mais dessa matéria que não apresentou nada de novo. Uma pena. Corrigindo o jornal Zero Hora o Carlos Ganem nunca foi diretor da AEB e sim presidente, agora retornou a FINEP e o novo presidente é Marco Antôno Raupp.
Esperar pra ver... Que mais se pode dizer em relação a este assunto?
ResponderExcluirPois é Antônio!
ResponderExcluirEsperava mais dessa matéria e além de não ter uma visão um pouco obscura quanto as reais intenções da "Missão Centenário", não acrescentou nada de novo. Uma pena.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
O Vôo do Marcos Pontes não é o responsável pelo atual estado de latência do nosso programa espacial. O pior seria deixar o cara treinando a vida toda na NASA e nunca voar. Todo mundo sabe que o estado de latÊncia vem da falta de verbas que são pingadas a conta gotas para nosso PEB. O pessoal já trabalha no sufoco. Por que ninguem fala mal dos 200 milhões gastos na empresa do Bob Amaral ???? ESta grana gasta pelo Brasil, daria para financiar o VLS a muito tempo. E ainda pagamos a parte ucraniana, que insiste que o Brasil ponha mais dinheiro lá.
ResponderExcluirOlá Ricardo!
ResponderExcluirExatamente isso amigo. Concordo contigo em gênero, número e grau, só acrescentando que a "Missão Centenário" só não atingiu um maior resultado por falta de competência em seu planejamento. Mesmo assim alcançou alguns objetivos que são facilmente observados no sucesso do "Programa AEB ESCOLA" de nossa desorientada agência espacial, apesar desse programa ainda não ter adotado o modelo correto.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)