Depois de Quatro Anos do Colapso do Gigantesco Observatório de Arecibo, Finalmente Já Se Sabe o Que Aconteceu

Prezados leitores e leitoras do BS!
 
No dia de ontem (08/11), o portal Space.Com noticiou que quatro anos após o colapso do gigantesco Observatório de Arecibo, finalmente já se sabe o que aconteceu. A decadência do zinco teria sido a responsável pelas falhas nos cabos do Observatório de Arecibo, que detinha o título de "maior radiotelescópio do mundo".
 
(Crédito da imagem: Ricardo Arduengo/AFP via Getty Images)

O que a descoberta de um pulsar binário em 1974, a descoberta dos primeiros exoplanetas e a mensagem mais poderosa que os humanos já enviaram ao espaço têm em comum? Todos ocorreram no Observatório de Arecibo, em Porto Rico.
 
Com um refletor esférico de 305 metros de diâmetro (aproximadamente 1000 pés), Arecibo manteve o título de maior radiotelescópio do mundo por mais de meio século — desde sua construção em 1963 até 2016. Para a decepção dos astrônomos ao redor do mundo, em 2020, o refletor do Arecibo colapsou quando cabos de suporte se romperam, levando ao descomissionamento de um dos instrumentos mais produtivos da ciência.
 
Não muito depois do descomissionamento, a Fundação Nacional de Ciências (NSF) e a Universidade Central da Flórida iniciaram uma investigação sobre as principais causas do colapso — e, após quase quatro anos de investigação, o comitê encarregado de encontrar uma explicação finalmente divulgou um relatório oficial detalhando suas conclusões.
 

No relatório, o comitê escreve:
 
"Após analisar os dados e as investigações forenses extensivas e detalhadas comissionadas pela Universidade Central da Flórida e pela Fundação Nacional de Ciências (NSF), o consenso do comitê é de que a causa raiz do colapso do Telescópio de Arecibo foi uma falha induzida por 'zinco creep' (desgaste acelerado do zinco) sem precedentes e de longo prazo nos conectores dos cabos do telescópio."
 
O relatório detalha como a falha estrutural do telescópio provavelmente começou em 2017, quando o Furacão Maria atingiu o Observatório, o que "submeteu o Telescópio de Arecibo a ventos entre 105 e 118 mph... os ventos do Furacão Maria sujeitaram os cabos do Telescópio de Arecibo ao maior estresse estrutural que eles haviam suportado desde a sua inauguração em 1963."
 
De acordo com o relatório, inspeções foram realizadas após o furacão, mas nenhum dano significativo foi considerado como comprometendo a integridade estrutural do telescópio. Ainda assim, reparos foram ordenados — mas esses reparos foram atrasados por anos. E, como afirma a investigação, eles foram direcionados "para componentes e substituição de um cabo principal que, no fim das contas, nunca falhou", o que sugere que os reparos não teriam impedido o colapso eventual do refletor do Observatório, mesmo que não tivessem sido adiados.
 
Eventualmente, em agosto e setembro de 2020, um cabo auxiliar e um cabo principal falharam, levando a NSF a anunciar o descomissionamento do telescópio por meio de uma demolição controlada. Mais cabos de suporte cederam em 1º de dezembro de 2020, fazendo com que a plataforma do instrumento colapsasse no próprio refletor. Felizmente, ninguém se feriu com as falhas dos cabos.
 
O relatório continuou detalhando como falhas ocultas nos cabos externos desencadearam o colapso, que haviam se fracturado devido ao estresse cortante causado pela decadência do zinco (ou "zinco creep") nos conectores dos cabos do telescópio. Infelizmente, esse problema não foi identificado durante a inspeção pós-Maria, o que significava que os engenheiros não haviam considerado a degradação desses mecanismos como uma fonte de um possível colapso futuro.
 
Apesar dos dias de descobertas de Arecibo terem chegado ao fim, o observatório será transformado em um centro educacional conhecido como Arecibo C3. Espera-se que o observatório descomissionado possa inspirar a próxima geração de astrônomos a fazer descobertas tão impactantes quanto as realizadas em Arecibo durante seus dias observando o universo.
 
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