A Revisão da Missão MSR da NASA Continua, Apesar da Mudança na Liderança do Comitê

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Crédito: NASA/JPL-Caltech
Ilustração dos diversos elementos do esforço geral de Retorno de Amostras de Marte (Mars Sample Return - MSR).
 
No dia de ontem (07/11), o portal SpaceNews noticiou que a NASA afirmou que ainda espera fazer uma recomendação sobre uma nova arquitetura para o programa Mars Sample Return (MSR) até o final do ano, apesar de uma mudança na liderança de um Comitê de Revisão chave.
 
De acordo com a nota do portal, em uma reunião do Mars Exploration Program Analysis Group (MEPAG) em 6 de novembro, Jeff Gramling, diretor do programa MSR na sede da NASA, disse que um comitê chamado MSR Strategy Review Team, ou MSR-SR, está agendado para fornecer uma recomendação sobre uma "arquitetura de avanço" para o MSR em dezembro. Essa recomendação será enviada para Nicola Fox, administradora associada de ciência da NASA, e depois para o Administrador da NASA, Bill Nelson, para aprovação final.
 
Esse era o mesmo cronograma que Gramling havia fornecido em uma reunião do comitê da Academia Nacional, realizada em 21 de outubro. Isso ocorreu poucos dias depois de a NASA anunciar a formação do MSR-SR, com a missão de revisar uma dúzia de estudos feitos pela indústria e pela NASA sobre maneiras de reduzir os custos e acelerar o cronograma para o retorno das amostras de Marte. As estimativas atuais projetam que o MSR custará até 11 bilhões de dólares e trará as amostras de volta apenas em 2040.
 
Naquela época, o MSR-SR era presidido por Jim Bridenstine, o ex-administrador da NASA. No entanto, na apresentação de Gramling ao MEPAG, Bridenstine não foi mais listado como presidente ou membro da equipe, que agora é liderada por Maria Zuber, professora de ciências planetárias no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que já trabalhou em missões anteriores a Marte.
 
Um porta-voz da NASA encaminhou o SpaceNews para o comunicado de imprensa original, que a NASA atualizou em 24 de outubro com a mudança na composição do comitê. A NASA não divulgou o comunicado revisado, que também não explicou a ausência de Bridenstine.
 
“Jim Bridenstine, que havia sido anunciado como presidente da equipe de revisão, tomou a decisão de se retirar de sua posição”, disse a NASA ao SpaceNews. “Após reflexão, Bridenstine não conseguiu dedicar o tempo necessário para concluir este trabalho importante para a agência.”
 
Essa mudança parece não alterar o cronograma de trabalho do comitê ou seu objetivo geral de recomendar uma nova abordagem para o MSR, que possa combinar elementos de vários estudos. “Essa arquitetura de avanço não precisa necessariamente ser qualquer um dos estudos conforme proposto”, disse Gramling. “Eles estão livres para avaliar os benefícios representados em toda a gama de estudos e montar a arquitetura que considerem dar a melhor chance de retornar amostras à Terra antes de 2040 e/ou elaborar uma arquitetura que custe menos de 11 bilhões de dólares.”
 
Se esse cronograma for mantido, Gramling disse que o próximo passo seria uma reunião de estratégia de aquisição na primavera de 2025.
 
Credito: NASA/JPL-Caltech
A comparison of the size of the existing design for the MSR lander (right) with a smaller concept proposed by JPL that can use the proven “sky crane” landing system.
 
Variação de Opções
 
Várias das empresas e organizações que realizaram estudos sobre o MSR apresentaram os resultados de seus trabalhos na reunião do MEPAG.
 
Um estudo foi realizado pelo Jet Propulsion Laboratory (JPL), que revisou a arquitetura geral do MSR. Matt Wallace, diretor da direção de ciências planetárias do JPL, disse que a abordagem revisada faria o retorno das amostras para o espaço cislunar em 2035, reduzindo o custo projetado de 11 bilhões de dólares pela metade, retornando-o ao nível recomendado pelo mais recente levantamento decadal de ciências planetárias.
 
“Nos aproveitamos de algumas características, fatores e condições que realmente não existiam três ou quatro anos atrás”, disse ele, mencionando desde a saúde do rover Perseverance, que lhes dá confiança de que o rover poderá entregar as amostras a um futuro módulo de pouso, até o aproveitamento das capacidades da exploração lunar Artemis para transportar amostras na última etapa do espaço cislunar até a Terra.
 
Um elemento chave da arquitetura do JPL é a redução do tamanho do Sample Retrieval Lander (módulo de pouso de recuperação de amostras) e seu foguete Mars Ascent Vehicle (MAV), que lançaria as amostras para a órbita de Marte. Os designs atuais preveem que o módulo de pouso pese até 3.450 quilos, mas o design revisado do JPL reduz esse peso para no máximo 1.350 quilos, o que possibilita o uso do sistema de pouso comprovado “sky crane” (guindaste de céu), demonstrado nas missões dos rovers Perseverance e Curiosity.
 
Outros dois estudos apresentados na reunião focaram na redução do tamanho do MAV. Um estudo, realizado pelo Applied Physics Laboratory (APL), em cooperação com o Wallops Flight Facility da NASA, propôs um foguete chamado Mars Integrated Launch System, que aproveita o trabalho anterior deles com mísseis e foguetes sondadores. Doug Eng, do APL, disse que o sistema poderia devolver um conjunto completo de 30 amostras com uma massa e tamanho significativamente menores, possibilitando o uso de módulos de pouso menores, como o proposto pelo JPL.
 
Outro estudo realizado pela L3Harris examinou dezenas de designs diferentes para o MAV, recomendando um foguete de estágio único usando um sistema de propulsão bipropelente com alimentação por pressão. “Você obtém um MAV leve e compacto”, disse Britton Reynolds, da L3Harris. “Ele aproveita a arquitetura de pouso com o guindaste de céu.”
 
Ben Reed, diretor de inovação da Quantum Space, disse que o estudo de sua empresa se concentrou na “perna âncora” do MSR, utilizando uma versão da nave espacial Ranger de sua empresa para transportar amostras retornadas ao espaço cislunar de volta para a Terra. Essa abordagem poderia reduzir a complexidade e a massa do Earth Return Orbiter, a nave que está sendo desenvolvida pela ESA para trazer amostras da órbita de Marte de volta à Terra, afirmou ele, e poderia estar pronta já em 2033.
 
“Estamos muito felizes que temos uma variedade de opções sendo analisadas”, disse Gramling, da NASA, sem discutir os detalhes desses estudos além das apresentações feitas na reunião. “Achamos que vamos ser capazes de apresentar um plano.”
 
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