10 Anos da Missão Rosetta: Um depoimento do Eng. Lucas Fonseca

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No último dia 12/11/2024, a fantástica missão Rosetta completou 10 anos da realização do feito histórico e inédito de pousar uma sonda em um comenta. Para registrar o aniversário de uma década desse feito, nos valemos depoimento publicado pelo engenheiro brasileiro Lucas Fonseca, nas suas redes sociais, o qual teve a oportunidade ímpar de participar da equipe dessa missão.

10 anos da Missão Roseta

Por Lucas Fonseca, Eng,

Há 10 anos, em 12 de novembro de 2014, o módulo Philae fez história ao realizar o primeiro pouso de uma sonda em um cometa – uma jornada que transformou a ciência espacial e marcou minha vida para sempre.



Desde criança, sempre sonhei em trabalhar com espaço, e tive o privilégio de, anos depois, me tornar o único latino-americano a ajudar a pousar uma sonda em um cometa. Meu foco na missão Rosetta foram cálculos de dinâmica orbital e propagação da atitude da sonda Philae, ajudando para que o pouso fosse possível. Esse trabalho era mais que um desafio profissional; era a realização de um sonho de criança.

O dia do pouso foi como uma grande final de Copa do Mundo para mim, cada etapa um misto de emoções! 

Para completar, 40 minutos depois do pouso, de pijama em casa, recebi uma ligação da Rede Globo para uma entrevista que foi ao ar ainda naquela noite. Aquele momento marcou o início de dezenas de entrevistas ao longo da minha carreira, possibilitando me projetar dentro da economia espacial brasileira.

Esse evento me abriu portas, como o reconhecimento entre os “35 Under 35” do Instituto Internacional de Comércio Espacial e o impulso para liderar novas iniciativas espaciais pelo Brasil. Foi um grande motivador para a criação da Missão Garaté-L e para o projeto de enviar tecnologia brasileira à Lua – um sonho de continuidade para as atividades de espaço profundo.

Celebrar esse marco me traz um sentimento de gratidão e um desejo imenso de inspirar outros a olhar para o espaço com a mesma admiração que me trouxe até aqui.

Sobre a Missão Rosetta

A Missão Rosetta da Agência Espacial Europeia (ESA) foi uma das mais ambiciosas e impressionantes expedições espaciais da história moderna. Lançada em 2 de março de 2004, a missão tinha como objetivo principal estudar de perto o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Seu propósito era compreender melhor a origem dos cometas e como esses corpos podem ter influenciado a formação do Sistema Solar e, possivelmente, trazido água e compostos orgânicos para a Terra.

Concepção artística da sonda Rosetta (Fonte: CNES)

Rosetta foi pioneira em diversas áreas. Foi a primeira espaçonave a orbitar um cometa, acompanhando-o em sua jornada ao redor do Sol, e a primeira a enviar um módulo de pouso – o Philae – para sua superfície. Em novembro de 2014, o módulo Philae fez história ao realizar um pouso bem-sucedido no cometa, uma tarefa incrivelmente desafiadora devido à baixa gravidade e ao terreno irregular. Embora Philae tenha enfrentado dificuldades em seu pouso, conseguindo apenas um contato parcial com o solo, ele enviou dados valiosos, incluindo informações sobre a composição do cometa e indícios da presença de materiais orgânicos.

Concepção artística do robô Philae (Fonte: CNES)

Durante os mais de 12 anos da missão, a Rosetta coletou uma quantidade incrível de dados, revelando que os cometas são como cápsulas do tempo, preservando informações sobre a formação e evolução do nosso sistema planetário. Suas observações ajudaram cientistas a compreender melhor o papel dos cometas na evolução química do Sistema Solar e no desenvolvimento da vida na Terra.

A missão terminou em 30 de setembro de 2016, quando a espaçonave Rosetta foi intencionalmente direcionada para pousar na superfície do cometa, encerrando assim sua história em um local repleto de significado. As contribuições da missão Rosetta deixaram um legado duradouro na ciência espacial, abrindo caminho para futuras explorações e elevando nosso entendimento sobre cometas e o cosmos.

Sobre  o Eng. Lucas Fonseca

Lucas Fonseca
Lucas Fonseca é graduado em Engenharia Mecatrônica pela Universidade de São Paulo (USP) e possui mestrado em Engenharia de Sistemas Espaciais pela ISAE-Supaéro, na França. Durante o mestrado, escreveu sua tese dentro da Agência Espacial Alemã (DLR) para o projeto da Agência Espacial Europeia (ESA) intitulado Missão Rosetta, que realizou a aterrissagem do módulo Philae no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em 2014. Após concluir sua tese, Lucas trabalhou na DLR por dois anos, desenvolvendo diversos projetos na área espacial.

Atualmente, é Diretor Executivo da Airvants, uma empresa brasileira focada em tecnologia espacial e exploração planetária.


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