Programa Espacial: Orçamentos de 2014 e 2015

Olá leitor!

Segue abaixo um interessante artigo escrito pelo companheiro André Mileski e postado ontem (08/09) em seu "Blog Panorama Espacial", tendo como destaque a execução orçamentária da Agência Espacial Brasileira (AEB) no Biênio 2014/15.

Duda Falcão

Programa Espacial: Orçamentos de 2014 e 2015

André M. Mileski
Blog Panorama Espacial
08/09/2014

Apresentamos a seguir algumas informações resumidas sobre a execução orçamentária da Agência Espacial Brasileira (AEB) ao longo deste ano, e também as expectativas para 2015.

Execução Orçamentária em 2014

A lei orçamentária de 2014 fixou um limite para a AEB de R$ 295,8 milhões, montante que foi posteriormente reduzido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em R$ 40 milhões, o que teve consequências (negativas) nas ações planejadas. Foi descentralizado aos órgãos executores (INPE) um total de R$ 126,5 milhões, cabendo à AEB a execução interna de R$ 169,3 milhões. Até o momento, a Agência executou R$ 102,9 milhões, cifra que representa aproximadamente 40% do limite orçamentário autorizado.

Previsão Para 2015

Embora ainda sujeitos à alterações, especialmente se considerarmos o cenário eleitoral, os números preliminares para o ano que vem não são muito animadores. A AEB deverá contar com R$ 255 milhões, o que representa uma redução de cerca de R$ 40 milhões em relação ao último ano.

Existe, porém, uma possibilidade concreta de expansão do valor em R$ 40,7 milhões, com a destinação específica para o Programa de Absorção e Transferência de Tecnologia, no âmbito do projeto do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). Vale mencionar que o pacote de transferência tecnológica associado ao SGDC, previsto em memorando de entendimentos assinado entre a AEB e a Thales Alenia Space em dezembro de 2013 é avaliado em cerca de US$ 80 milhões.

- Infraestrutura Espacial: a destinação prevista é de R$ 33,16 milhões, montante mínimo necessário para evitar a degradação da infraestrutura atual.

- Veículos Lançadores e Tecnologias Críticas: em matéria de lançadores, o projeto do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1) terá prioridade, buscando-se assegurar o seu voo de qualificação em 2016. A destinação prevista será de pouco menos de R$40 milhões. Os recursos necessários para a execução da missão do VLS-1 (VSISNAV) estão assegurados, no âmbito de um convênio firmado em 2012 entre a AEB e a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP) (recursos originários da FINEP). O projeto de desenvolvimento do L75, um motor a propulsão líquida, também mereceu prioridade, e junto com outras tecnologias críticas, deve receber R$ 51,27 milhões.

- Satélites: a previsão é de R$ 95,78 milhões para o início o desenvolvimento do CBERS 4A, dando continuidade à segunda geração do projeto sino-brasileiro, conclusão do Amazônia-1, de observação terrestre, e também para o SABIA-Mar, missão conjunta com a Argentina.

- Infraestrutura do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA): haverá redução nos investimentos em 2015 para algo em torno de R$ 15 milhões, em razão principalmente das indefinições que rondam a binacional Alcântara Cyclone Space. A estimativa atual é de que hoje sejam necessários ao menos US$ 180 milhões para a finalização da infraestruturada associada ao sítio de lançamento do Cyclone 4.


Fonte: Blog Panorama Espacial - 08/09/2014

Comentário: Pois é leitor e ainda por cima uma vez ou outra ainda recebo e-mails me ofendendo e defendendo este governo de merda. Enfim... Fazer o que? Tá aí o que espera o PEB no ano de 2015. É como eu digo, ou se realiza uma mobilização de toda Comunidade Científica do país em prol do PEB ou esses energúmenos continuarão brincando de fazer Programa Espacial.

Comentários

  1. O mais revoltante é saber que o governo torrou 1 bilhão e dólares nessa aventura descabida chamada ACS e que esse dinheiro nunca dará retorno.

    Imaginem se esse montante tivesse sido investido no desenvolvimento de nossos lançadores. Aliás, é melhor nem pensar pra não ficar com mais raiva ainda.

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  2. Mais revoltante ainda é saber que dinheiro não falta, é simplesmente questão de escolha. Eles preferem realizar uma Copa, gastar BILHÕES reformando e construindo estádios que são verdadeiros elefantes brancos, alguns deles para instituições privadas como o time do ex-presidente e aquele outro no Paraná, do que colocar o PEB para andar.

    É ridículo saber que deveríamos e poderíamos estar investindo que fosse R$ 1 bilhão por ano (o ideal seria o dobro disso, para chegar perto do orçamento da Índia), e estamos aqui discutindo merreca.

    Sim, isso que está sendo prenunciado, ou seja menos de R$ 300 milhões para o programa espacial, é uma merreca para a sexta economia do Mundo, que segundo o nosso ministro da economia, não está estagnada, qualquer um de dentro do PEB que aceita essa sabotagem sem se manifestar e protestar de forma veemente, está de acordo com ela.

    Depois não adianta reclamar.

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  3. E como se não faltasse mais nada, só para realizar a campanha eles já arrecadaram mais que o orçamento espacial do país...

    Candidatos aos governos estaduais já arrecadaram R$ 279,8 milhões.

    E olha que não estão nem falando dos "presidenciáveis".

    Como é possível ainda existir alguém com ânimo para participar desse circo que se tornou o nosso PEB?

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  4. Para um pais que produz mais de 5 trilhões de reais por ano em riquezas, é realmente revoltante destinar esse orçamento miseravel para uma area tão importante de lançar e fabricar satelites.
    A unica noticia boa é que o VLM está sendo priorizado. Esse veiculo deveria ter sido o foco do PEB desde o começo. O VLS com motores paralelos e uma torre de integração movel é muito legal, mas é inviavel economicamente com esse orçamento miseravel que o governo destina ao PEB. O VLM permite dominar o ciclo completo de lançamento com um preço mais adequado ao nosso programa espacial frente as circunstancias. Israel é um bom exemplo disso, eles tem um lançador bem "pé no chão", mas que sempre está lançando um novo satelite. Se alguem quer ver Alcantara fazendo pelo menos um lançamento orbital por ano, é melhor apostar no VLM. Com o VLS infelizmente nós veremos um lançamento a cada 2/3 anos no minimo, sendo otimista.
    Tambem é uma boa noticia a continuaidade do L 75. Esse motor parece bem avançado, bem mais avançado que os motores pressurizados movidos por combustiveis toxicos, como os motores do Tronador por exemplo. Com um certo atraso, mas vai colocar o PEB a frente do programa argentino na area de motores liquidos, que eles já produzem a bem mais tempo.

    Oséias Martins

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    Respostas
    1. Oi Oséias, só para registro...

      No caso do foguete lançador de satélites de Israel , o Shavit, ele foi desenvolvido com MUITO apoio dos Estados Unidos devido aos interesses geopolíticos históricos que unem aqueles dois países, alguns detalhes podem ser vistos aqui, e para se ter uma ideia, o primeiro estágio era o motor a combustível sólido mais potente dos Estados Unidos na época, o Castor 120, como está registrado aqui.

      Já sobre o motor L-75, não podemos nem devemos nos esquecer, que ele é uma cópia do motor Russo RD-0109, resultado de um acordo antigo, como foi registrado aqui mesmo no blog em 2009. Devemos nos lembrar também que essa “maravilha tecnológica” foi desenvolvida e testada pelo russos num período de 15 meses entre 1959 e 1960. Cinco anos depois do anúncio aqui no blog, se as coisas fossem levadas a sério por TODOS, esse motor já deveria estar testado e pronto para uso. Se bem que não temos no momento, nenhum lançador pronto para uso que possa fazer uso de um motor desse porte. Como contribuinte, e sabendo das limitações que esse "governo" impõe ao PEB, preferia que o nosso dinheiro fosse gasto no desenvolvimento de versões maiores do L-5, tipo um L-10 e depois voltar ao L-15, como estava planejado originalmente. Acredito que com esse orçamento pífio essas alternativas seriam mais viáveis.

      Dizer que o projeto desse motor continua em andamento, pra mim, é "jogar pra galera". De prático, o que temos desse motor até hoje é uma bela maquete que sempre aparece ao fundo nas fotos das "autoridades".

      Para se ver como o "planejamento" não faz o menor sentido logo de cara, eles estão prevendo quase R$ 96 milhões para o CBERS 4A, e a "prioridade" para o desenvolvimento do L-75 vai merecer apenas R$ 51 milhões que ainda vão ser divididos com "outras tecnologias críticas" seja lá o que isso queira dizer.

      Ora bolas, não precisa nem ser nenhum "cientista de foguete" pra saber que isso tudo é "conversa pra boi dormir", principalmente sabendo que o orçamento para o PEB, que deveria ser tão intocável quanto os da Saúde e da Educação, pelo contrário, é um dos que sistematicamente sofre cortes consideráveis. Sem contar também que é um orçamento confuso, pois é dividido por dois ministérios com objetivos completamente diferentes, o MD e o MCTI.

      Enquanto não houver uma reforma profunda para resolver essa questão básica que só não vê quem não quer, vai continuar essa bagunça. Mas se quem está dentro do PEB, vê esse estado de coisas e não faz nada, só podemos concluir que está tudo certo, afinal os cientistas são eles, nós somos apenas curiosos interessados.

      Vida que segue...

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