Universidade Britânica Reclama da Falta de Dedicação de Estudantes do CsF
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia postada dia (16/06) no site da
“Agência Brasil” destacando que Universidade Britânica reclama da 'falta de
dedicação' de estudantes do Ciência sem Fronteira (CsF).
Duda Falcão
Educação
Universidade Britânica Reclama da Falta
de Dedicação de Estudantes
do CsF
Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
Edição: Nádia Franco
16/09/2014 - 19h14 – Brasília
A Universidade de Southampton, no Reino Unido, reclamou
da falta de dedicação de estudantes brasileiros bolsistas do Programa Ciência
sem Fronteiras (CsF). No último fim de semana, os bolsistas na instituição
receberam um e-mail da Science without Borders UK (SWB UK), parceira
internacional do programa no Reino Unido. A mensagem, à qual a Agência Brasil teve acesso,
dizia que a instituição cogitou "deixar de oferecer estágios para
estudantes no futuro". O estágio é um componente central da bolsa e também
um elemento obrigatório.
O e-mail, enviado sábado (13) a todos os bolsistas na instituição,
diz que o SWB UK foi "contactado pela Universidade de Southampton devido
ao número considerável de reclamações das faculdades em relação ao
comparecimento e à aplicação nos estudos". Outro trecho diz: "é muito
decepcionante, para nós, ouvir da universidade que os resultados têm sido
bastante baixos e que [os estudantes] não têm se esforçado. Eu entendo que isso
não se aplica a todos vocês, no entanto, para aqueles [que estão nessa
situação], gostaria de pedir que se esforcem mais e que cumpram todos os
compromissos firmados, incluindo reuniões com o supervisor do projeto para
monitorar o progresso."
Na mensagem, o SWB UK informa ter pedido à universidade
os nomes dos bolsistas que não estão se dedicando o suficiente. Existe a possibilidade
de eles terem que devolver o que receberam do programa. A universidade,
localizada na cidade de Southampton, na costa sul do Reino Unido está no topo
de rankings de instituições voltadas para a pesquisa. No ano passado,
recebeu 38 estudantes brasileiros pelo CsF – a mensagem foi endereçada a eles.
No final deste mês, a instituição recebe, por mais um ano, 33 alunos
brasileiros.
Denise Leal foi uma das bolsistas que receberam o recado.
"Eu achei ofensivo ter recebido [a mensagem] porque realmente tive
comprometimento com o programa, mas entendi a intenção deles. A maioria dos
estudantes que estão participando do programa não se engaja muito porque o
governo [brasileiro] não exige nada em troca. Não cobra nada!", disse
Denise, que cursa engenharia civil. "A gente foi meio que solto aqui. Quer
estudar, estuda. Não quer estudar, viaja, porque o governo paga e não cobra
resultado. O dinheiro dá e sobra, então eles preferem viajar e faltar às aulas
porque não tem presença, chamada", acrescentou.
Procurada pela Agência Brasil,
a SWB UK respondeu que o e-mail "não deveria ter sido enviado a
todos os alunos da universidade, que foi um erro administrativo". A
instituição parceira do CsF ressaltou que os estudantes brasileiros têm um
"impacto positivo" nos campi e que, frequentemente, as
universidades britânicas os elogiam: "Muitos já ganharam prêmios e
recompensas, enquanto outros tiveram destaque nos meios de comunicação, tanto
no Reino Unido como no Brasil. Muitos estão firmando parcerias de pesquisas de
longo prazo."
De acordo com o site do programa, o Reino Unido
é o segundo na lista de destinos preferidos pelos candidatos às bolsas. São
quase 9 mil bolsas implementadas, entre estudantes de graduação e pós. Segundo
a SWB UK, mais de 100 instituições recebem esses alunos. Os Estados Unidos
aparecem no topo da lista de países, com mais de 20 mil bolsas concedidas.
O CsF foi lançado em 2011, com o objetivo de promover a
mobilidade internacional de estudantes e pesquisadores e incentivar a visita de
jovens pesquisadores altamente qualificados e professores seniores ao Brasil.
Oferece bolsas, prioritariamente, nas áreas de ciências exatas, matemática,
química e biologia, engenharias, áreas tecnológicas e da saúde. A meta é
oferecer 101 mil bolsas até o final deste ano. A partir do ano que vem, começa
uma nova segunda
etapa, com mais 100 mil bolsas, que devem ser implementadas até 2018.
Os casos de estudantes que usam o dinheiro da bolsa para
fins não acadêmicos não se restringem, entretanto, a Southampton.
A falta de um controle rígido das atividades do programa
foi constatada também pelo estudante de medicina Mário Henrique Vasconcelos.
"Eu fazia as provas das matérias que queria. Se não quisesse fazer prova
de uma determinada disciplina, era só comunicar. Não tinha nenhuma cobrança por
parte do Brasil. No retorno, só precisei provar que voltei", contou Mário
Henrique, que estudou na Universidade de Munique, na Alemanha. Ele disse que
conhece "gente que não foi a uma aula sequer".
"Eu diria que mais de 50% dos bolsistas não levavam
aquela oportunidade a sério. Tanto que eu saí da Austrália com vergonha de
dizer que fazia parte do programa", lembrou Carolina Del Lama Marques, que
estudou ciências biológicas na Universidade de Queensland, em Brisbane, na
Austrália. "Acabei até evitando estar no meio dos brasileiros do programa,
pois muitos deles falavam abertamente que estavam ali para viajar e aproveitar
o dinheiro da bolsa. Eu também viajei e acho que isso é uma parte muito
importante do intercâmbio, mas não me impediu de pegar matérias puxadas, que só
teria oportunidade de fazer lá, de trabalhar em laboratórios de pesquisa
reconhecidos no mundo todo e de fazer contatos importantes."
Apesar de terem constatado que havia falta de dedicação
de alguns alunos, os dois estudantes consideraram a experiência do Ciência sem
Fronteiras decisiva na vida profissional e que cumpriram com todas as
atividades acordadas.
O governo foi procurado, e a resposta coube ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que controla as
bolsas oferecidas no Reino Unido. Segundo a autarquia do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação, o programa trabalha no exterior com "parceiros
internacionais capacitados", aos quais cabe "fazer o acompanhamento
dos estudantes quanto a problemas de relacionamento com a universidade, de
adaptação à cultura, problemas de saúde e de desempenho acadêmico". Isso
ocorre em todos os países conveniados ao CsF.
Fonte: Site da Agência Brasil
Comentário: Pois é leitor, mais um escândalo deste programa
CsF. Veja o que diz a estudante Denise Leal, uma das bolsistas que receberam o
recado: "Eu achei ofensivo ter recebido [a mensagem] porque realmente tive
comprometimento com o programa, mas entendi a intenção deles. A maioria dos
estudantes que estão participando do programa não se engaja muito porque o
governo [brasileiro] não exige nada em troca. Não cobra nada!". Bom, será que
isso lhe lembra algo leitor? Recordo-me que há algum tempo atrás um leitor do Blog
(se bem me lembro anônimo) deixou um comentário insinuando que na universidade
onde ele estudava estudantes em sua maioria estavam aderindo o CsF para passear
no exterior as custas do erário publico brasileiro. Ora leitor, eu pergunto, podia
ser diferente? Veja você que nem os participantes (evidentemente com exceções) e
nem o governo, tem qualquer compromisso de conduzir com lisura e
responsabilidade esta iniciativa que na sua essência é inquestionável. Para
esses estudantes o que importa é aproveitar a oportunidade para passear de
graça e para o governo o que importa são os números apresentados pelo programa,
estimulado pela necessidade que tem de expandir o populismo em busca de colher
frutos políticos eleitoreiros. Esta é mais uma clara demonstração de que como venho
dizendo o problema brasileiro é puramente cultural, ou seja, não há compromisso
de quem quer que seja neste país em conduzir qualquer programa com seriedade,
independente de quem seja seus players. Evidentemente isto reflete na classe
política do país. Não é assim que se constrói uma nação e a falta desse
entendimento coloca o futuro deste país em cheque. Enquanto a Sociedade Brasileira
(principalmente a classe dominante) não entender definitivamente de que sem
seriedade, muito trabalho e principalmente compromisso de todos não se constrói
uma nação, isto continuará refletindo na classe política e gente como Melos, Francos, Cardosos, Lulas e Rousseffs, continuarão
surgindo a rodo na “Republica das Bananas” em todos os níveis de governo. “Se há um
idiota no poder os que o elegeram estão bem representados, Lyndon Johnson, ex- presidente do EUA”.
Embora o programa tenha uma proposta muito interessante, infelizmente houve e há diversos problemas na execução:
ResponderExcluir1- Começando com um ponto menos grave, mas que chamou a atenção: todos os bolsistas de pós-graduação, usando bolsas que existem há anos, passaram a ser incorporados no cálculo do CsF, a fim de chegar ao número mágico de 100 mil. Portanto, não foram dadas 100 mil bolsas, já que muitas foram recicladas.
2- Esses recursos tinham que vir de algum lugar, e a fonte secou em vários lugares. As bolsas DTI, por exemplo, ficaram mais escassas, prejudicando principalmente as ilhas de excelência localizadas no interior do Brasil, como o INPA.
3- 75% das bolsas foram dedicadas para alunos de graduação. Era necessário isso tudo? Já foram supridas todas as demandas de alunos de mestrado, doutorado e pós-doc, que trazem muito mais ganho científico para o país?
4- Embora o programa tenha se aperfeiçoado nos últimos 3 anos, no começo ainda era mais escandaloso. Não havia acompanhamento algum! Hoje muitas universidades já tem um acompanhamento mínimo, mas ainda assim muito aquém do que deveriam. Muitas vezes só avaliam se o aluno realmente se inscreveu nas disciplinas.
5- As disciplinas não precisam ter ligação com o seu curso, e a carga mínima é bem pequena. Então muitos alunos faziam apenas 2 matérias por semestre, e muitas vezes coisas como mergulho, surf, música e etc. São práticas importantes para o desenvolvimento pessoal, mas deveriam passar longe de um programa de intercâmbio científico.
6- No retorno, não há nenhum tipo de cobrança e o aluno não é obrigado a produzir nada que compense os gastos.
7- Embora o número de alunos no exterior tenha se multiplicado por muitas vezes, na CAPES, por exemplo, colocaram meia dúzia de técnicos a mais para acompanhar. Ou seja, cada técnico acompanha dezenas - senão centenas - de alunos, tornando qualquer avaliação mais séria impraticável.
8- No início grande parte dos alunos escolheu ir para Portugal, apesar de sua pequena tradição científica. O motivo? Poucos alunos hoje têm algum domínio de inglês.
9- A solução do programa: cancelar temporariamente bolsas para Portugal e oferecer cursos de inglês do país de destino. Então se o aluno ia mal na prova de seleção, ele era "presenteado" com até 6 meses de curso no país de destino. Ou seja, quem ia bem no inglês podia ficar até 12 meses, e quem ia mal, até 18 meses. Com bolsa, claro.
10- Para as bolsas de pós-graduação, foram abolidos os testes de proficiência, bastando uma declaração do orientador estrangeiro atestando que o aluno é proficiente. Como é vantagem para o pesquisador de fora receber um aluno de graça, muitas vezes essa declaração valia pouco.
Poderia me estender muito mais, falando da baixa vinda de estrangeiros, entre outros, mas vou parar com 10 ítens. A idéia do programa é excelente, disse e repito. O problema foi a execução, que buscou mais uma vitrine eleitoral do que trazer ganhos reais científicos ao país.
Isso obviamente iria causar surpresa aos ingleses e pessoas de outros países que desconhecem o "modus operantis" desses ditadores populistas bolivarianos que assolaram as terras da América do Sul nessas últimas décadas.
ResponderExcluirComo eu venho falando desde o início, esse "programa" nada mais é do que um curral eleitoral visando a atingir uma outra classe sócio-econômica.
Nada mais é do que uma daquelas "bolsas", do tipo: vota em mim que eu garanto um benefício. Tudo patrocinado por quem? Por nós claro, os contribuintes.
Um programa sério nessa área, seria muito restrito. Voltado para as "melhores cabeças" do país, e não um programa turístico destinado à milhares sem o menor critério.
Só não vê quem não quer.
Quando vi esta notícia na quarta-feira fiquei contando as horas para ver seu comentário no blog e tocou no calcanhar de Aquilis: isto é reflexo da cultura brasileira, onde nossa sociedade não é determinada e se usa do famoso "jeitinho" para se "dar bem" em tudo, desfocando do verdadeiro objetivo. Presenciei isto no meu curso de graduação, onde os alunos (com bolsas do ProUni e até pagantes) se resumiam a estudar o mínimo para passar (e normalmente só no exame ou na DP do semestre seguinte). E todo este comportamento reprovável está em todos os pilares: dos alunos aos responsáveis pela execução do programa, dos pais aos políticos que elegeram ! Ou seja, para este país que eu quero descer ! :-(
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