Como o Nanossatélite Brasileiro pode Explicar o Problema do Celular Sem Sinal
Olá leitor!
Segue um artigo postado hoje (05/09) no site “Motherboard” destacando como um nanosatélite brasileiro que está
em órbita pode explicar o problema do Celular Sem Sinal.
Duda Falcão
Como o
Nanossatélite Brasileiro pode
Explicar o Problema do
Celular Sem Sinal
Por LETÍCIA NAÍSA
September
5, 2014 // 09:50 PM CET
Há exatamente 78 dias orbita no espaço o primeiro
nanossatélite brasileiro, o NanosatC-BR1. Ele foi feito por cientistas
brasileiros da Universidade de Santa Maria, com apoio da Agência Espacial
Brasileira e do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). E esse
trocinho orbitando a Terra pode, por incrível que pareça, ajudar a entender por
que eu, você e todo mundo no Brasil têm dificuldades em completar uma ligação
de celular.
Por telefone, o professor Nelson Schuch, coordenador do
projeto, me explicou que o nanossatélite tem duas missões: uma tecnológica e
outra científica. A primeira consiste em testar a qualidade da tecnologia
brasileira no espaço, porque o NanosatC-BR1 tem dois circuitos eletrônicos
originais feitos no Brasil, responsáveis pela comunicação do satélite com a
Terra e com outros satélites em órbita. Ou seja, essa missão tecnológica é
basicamente para validar a qualidade da tecnologia brasileira lá em cima, no
céu. Pode ser o grande salto da engenharia espacial brasileira.
O lançamento do NanosatC-BR filmado
Já a missão científica do
negócio é medir a intensidade do campo magnético do território brasileiro.
Leiga como sou, eu perguntei aos dois professores o que era o campo magnético,
pra que ele servia e porque estavam querendo medir isso aqui no território
brasileiro. “O campo magnético perturba o sistema de comunicações, por isso é
importante medi-lo”, foi o que o Nelson me respondeu. Ele me disse que a
medição desse campo magnético no território brasileiro é três vezes menor do
que a medição no resto do mundo e eles querem entender melhor o porquê.
“Enquanto no mundo a média do campo magnético fica entre 60 mil nanoteslas, no
Brasil fica em torno de 22 mil”, ele explicou.
Crédito: Wikimedia
Commons
Esse mapa mostra a anomalia na América do Sul.
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Nelson me contou que a ideia inicial era fazer um
satélite simples, que pudesse ter participação de todos os departamentos de
engenharia da universidade.
Com a grana em mãos, eles importaram o modelo de voo do
nanossatélite da Holanda e puseram a mão na massa. Os cientistas desenvolveram
um bloquinho de 10 centímetros de aresta com sensores que ficam captando dados
do espaço e mandando pra cá. Esses dados são coletados por um sinal de rádio e
chegam às estações terrenas, uma em Santa Maria e outra no ITA (Instituto
Tecnológico de Aeronáutica), em São José dos Campos, que é aberta ao público. O
professor Eloi Fonseca, do ITA, explicou que os dados chegam aqui medidos em
valores binários e são dados de telemetria, que estão sendo analisados por
alunos de engenharia e estagiários da Agência Espacial.
Dando um google nessa história toda, descobri que nosso
país abençoado por Deus também é abençoado por uma porrada de radiação, e por
isso sofre de uma anomalia chamada Anomalia do Atlântico Sul, que atrapalha o
caminho do sinal dos satélites que orbitam pela região. Mas o que isso tem a
ver conosco, reles mortais? Muito mais do que a gente pensa.
O professor Eloi me disse que as explosões solares geram
tempestades de radiação que influenciam diretamente o comportamento das
telecomunicações. “A atividade solar muito intensa gera problemas nas regiões
de sinais eletromagnéticos mais fracos, criando problemas nas redes de
comunicação”, ele explicou. Ou seja, quando você se perde porque o sinal do GPS
caiu, não adianta muito dar umas porradas no aparelho: o problema pode ser o
campo magnético fraco da nossa região. O mesmo vale pra quando o seu celular
fica sem sinal ou quando o rádio fica chiando, por exemplo.
Esse lance de saber o que acontece com o campo magnético
é tão importante que ano que vem a equipe pretende lançar um segundo
nanossatélite, o NanosatC-BR2, que tem o dobro do tamanho do BR1. O professor
Eloi me disse que os alunos e pesquisadores do ITA também estão desenvolvendo
seu próprio nanossatélite, o ITAsat. “A ideia é criar uma rede de sensores para
mapear o campo magnético com mais precisão”, ele explicou, “para definir o
comportamento da anomalia”. Com essas informações, vai ser mais fácil saber o
que podemos fazer para melhorar o sinal de transmissão de telecomunicação no
Brasil.
Toda essa história me fez perceber a real importância dos
nanossatélites e a influência do campo magnético nas nossas vidas – e também
que eu deveria aprender mais um pouco sobre física.
Fonte:
Site Motherboard - http://motherboard.vice.com/pt_br
Comentário: Pois é leitor, sou realmente um admirador da
competência que está sendo estabelecida nesta área de nanossatélites e picossatélites
no Brasil entre os pesquisadores do INPE, CRS/INPE, ITA, UFSM, UFRN e de outras
iniciativas que estão surgindo no Brasil e merecem a nossa atenção. Realmente
essa gente vem realizando um grande trabalho num setor e país onde o governo
faz de tudo para atrapalhar. Parabéns ao pessoal do NanosatC-Br1, do AESP-14,
do ITASAT-1, do Projeto Ubatubasat, do Projeto CONASAT e não podemos esquecer o
Grupo Zenith da USP, que em parceria com a empresa Airvantis vem desenvolvendo
um sonda espacial lunar e outros projetos que poderão surpreender a muita gente
quando forem divulgados. Sucesso a todos vocês. Aproveitamos para agradecer ao Major Eloí Fonseca pelo envio desse artigo.
Na opinião de vocês,qual dos candidatos a presidência daria mais atenção ao programa especial brasileiro ?
ResponderExcluirOlá Anônimo!
ExcluirNão posso falar pelos leitores, mas em minha opinião nenhum deles. São tudo farinha do mesmo saco.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Se o VLS-1 tivesse sido exitoso já em seu primeiro lançamento, o Brasil poderia hoje estar lançado esses pico, micro, cube... satélites "a rodo"!
ResponderExcluirÉ algo pelo que devemos lamentar.
Sem dúvida Rodrigo e não só isso. Os projetos do VLS Alfa e Beta, bem como o do VLM-1 estariam certamente em outro estágio.
ExcluirAbs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Essa anomalia sempre esteve ligada ao nosso programa espacial. Lá nos bons tempos do final de década de 60 início da década de 70, quando o nosso programa espacial era motivo de orgulho, o Brasil fez parte do programa South Atlantic Anomaly Probe, conduzido pela NASA como parte do Projeto Apollo.
ResponderExcluirÉ interessante comparar o que tínhamos naquela época tão incipiente, o que temos agora, e principalmente o que poderíamos ter se tantos governos sucessivos não tivessem sabotado o nosso programa espacial.
A essa altura poderíamos, na pior das hipóteses, ter uma constelação de nano satélites colocados em órbita por foguetes nacionais.
É pra parar e refletir...