País Busca Industrializar o Foguete VSB-30
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada hoje (25/09) no site do
Jornal Valor Econômico e postado no site da Força Aérea Brasileira (FAB),
destacando que o Brasil busca industrializar o foguete VSB-30.
Duda Falcão
País Busca Industrializar o Foguete VSB-30
Por Virgínia
Silveira
De São José Dos
Campos
Jornal Valor Econômico
Após se firmar
como referência mundial no desenvolvimento de
foguetes de sondagem suborbital (destinado ao lançamento de experimentos
científicos e tecnológicos em ambientes de microgravidade de curta duração), o
Brasil enfrenta agora o desafio interno de industrialização do seu produto, o
veículo de sondagem VSB-30, utilizado pelas mais importantes agências espaciais
da Europa.
"Mais
de 85% do foguete já é produzido na indústria brasileira, mas ainda não há uma
empresa que faça o papel de gestão e integração de todo o processo", diz o
vice-diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), órgão de pesquisa e
desenvolvimento do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, coronel
aviador Avandelino Santana Junior.
Desde
o início do projeto, em 2001, o VSB-30 realizou 14 lançamentos, sendo dez a
partir do centro de lançamento de Esrange, localizado a 200 km do Círculo Polar
Ártico, próximo à cidade de Kiruna, na Suécia, e três no Brasil, a partir do
Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).
Em
fevereiro de 2012, o VSB-30 lançou ao espaço cinco experimentos da ESA (Agência
Espacial Europeia). O foguete conseguiu permanecer seis minutos em ambiente de
microgravidade nesta missão, conforme o previsto.
O
assunto despertou o interesse de algumas empresas brasileiras, entre elas, a
Avibras, Orbital Engenharia, Cenic e Equatorial. Esta última é controlada pela
divisão de defesa e espaço do grupo Airbus.
O
presidente da Avibras, Sami Hassuani, disse que industrializar o foguete VSB-30
é uma das possibilidades estudadas pela empresa. O foguete, segundo ele,
poderia ser feito em conjunto com todos os interessados. Neste caso, o IAE e as
demais fornecedoras do foguete.
O
diretor-presidente da Equatorial, César Ghizoni, disse que tanto a sua empresa
quanto outras duas fornecedoras do foguete, a Orbital Engenharia e a Cenic,
também gostariam de retomar a questão da industrialização dos foguetes de
sondagem do IAE.
A
Agência Espacial Brasileira (AEB) chegou a anunciar, há cerca de um ano, que o
governo brasileiro estaria articulando a criação de uma empresa integradora
para a área de foguetes.
Esta
empresa, segundo informação dada na época pelo presidente da AEB, José Raimundo
Braga, seria constituída por meio de uma parceria público-privada, nos moldes
da Visiona Tecnologia Espacial, uma associação entre a Embraer e a Telebras,
para a construção do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações
Estratégicas (SGDC).
O
diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da AEB, Petrônio
Noronha de Souza, disse ontem que a entidade fará um estudo de viabilidade
econômica para o projeto de industrialização do VSB-30. O estudo, que deve ser iniciado
em breve, será elaborado em conjunto com a ABDI (Associação Brasileira de
Desenvolvimento Industrial).
Hassuani,
da Avibras, ressalta que também gostaria de participar da continuidade do
desenvolvimento de outro foguete do programa espacial brasileiro, o VLM
(Veículo Lançador de Microssatélites), em conjunto com o IAE.
"A
participação da Avibras em ambos os programas, segundo o executivo, facilita a
viabilidade econômica dos empreendimentos". Ele diz que os dois programas
juntos promoveriam uma grande sinergia e redução de custos.
A
Avibras já está em contato com a Agência Espacial Alemã (DLR), que participa do
desenvolvimento do VLM e também da empresa alemã Bayern-Chenie, contratada para
o projeto da parte estrutural do propelente do foguete.
Mais
cautelosa, a Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT), que controla a Mectron,
empresa responsável pelo fornecimento dos sistemas da rede elétrica do foguete
VLS, informou que desconhece qualquer iniciativa da AEB e do IAE em relação à
industrialização do VSB-30 e que não recebeu nenhuma informação sobre a
existência de uma demanda nesse sentido.
O
diretor da ODT, André Luiz Paraná, disse, no entanto, que a empresa teria muito
interesse em participar de uma possível retomada desse processo de
industrialização. "Nós queremos fazer parte de tudo que envolve absorção
de tecnologia estratégica para o país e que promova o desenvolvimento da base
industrial de defesa brasileira", afirmou. A empresa, segundo Paraná, já
demonstrou que tem capacidade e estrutura para isso.
Fonte: Site da Força Aérea Brasileira
(FAB) - http://www.fab.mil.br
Comentário: Pois é leitor, este assunto tem sido abordado
com interesse pelo BLOG em suas entrevistas realizadas com os diretores do Instituto
de Aeronáutica e Espaço (primeiramente nas entrevistas com o ex-diretor, o Brig. Kasemodel, e mais
recentemente com o atual Diretor, o Brig. Leonardo
Magalhães Nunes da Silva) por reconhecermos a sua grande importância para o PEB, como
também por entendermos que o sucesso de sua industrialização poderia servir de
modelo para industrialização do VLM-1. Poderia é verdade, mas isto num país
sério. Entretanto, veja como as coisas estão soltas, mesmo existindo o
interesse da indústria (evidentemente deixando a Equatorial de fora deste
assunto e bem longe), o governo não se mexe, e este leitor é como eu disse no
meu comentário anterior a verdadeira cara do governo perante o PEB. O entendimento
é simples. O governo não tem interesse no PEB porque ele oferece pouco retorno
político num país onde a maioria da população ainda acredita que a Lua é a
morada de São Jorge. Isto não gera voto e sem voto não há como permanecer no
poder, portanto o PEB não é visto como um programa útil aos interesses
políticos desses energúmenos e por conta disto é sempre relegado a um quanto
plano e pior. Investir verdadeiramente em educação representa um grande risco para
a sobrevivência do sistema que mantêm esses energúmenos no poder, é por isso
que todo programa de educação (como os realizados por esta debiloide durante
seu governo desastroso) tem e sempre terá como objetivo o populismo exacerbado
e não a implantação de um verdadeiro programa de educação que traga resultados concretos como vemos em outros países do mundo. Por conta disto leitor que digo e afirmo,
o Brasil jamais será um país de primeiro mundo enquanto continuarmos alimentando
este sistema, que precisa ser quebrado e extinto. No momento a única forma
possível de fazermos isto com o atual formação cultural de nosso povo é através
do movimento de VOTO NULO em todos os níveis de governo, ou destruímos o
sistema, ou continuaremos sendo consumidos e enganados por ele. Os energúmenos agradecem.
Um dos motivos que essa industrialização não vai para frente é que, apesar da indústria demonstrar interesse, por outro lado, não está disposta a investir nenhum centavo. Para a viabilização desse empreendimento, existem custos não-recorrentes de infraestrutura e também de re-qualificação do veículo. Como ninguém quer pagar essa conta, nem governo nem indústria, a coisa não anda.
ResponderExcluirPor um lado, é como o Duda diz, não existe programa espacial sem a participação do governo. Se um governo não se decide a investir nessa área, é muito difícil que uma empresa privada de um país de porte médio venha do nada a ter interesse em investir pesadamente nessa área.
ResponderExcluirPor outro lado, o que move uma empresa privada, são apenas duas motivações: lucro ou idealismo do seu dono. Tivemos aqui um exemplo de empresário idealista e patriótico. Me refiro ao Sr. João Augusto Amaral Gurgel, que colocou o país à frente de tudo, criou projetos automobilísticos fantásticos, foi o pioneiro do carro elétrico por aqui, e deu no que deu. Os políticos populistas e oportunistas da época, colocaram sua empresa e seus ideais abaixo, privilegiando as montadoras multinacionais que não inovavam nem contribuíam em absolutamente nada, e ele morreu pobre, doente e desassistido.
Vejam o exemplo do programa espacial americano. Desde o seu início já no pós Guerra, independente de ele ser conduzido pelas forças armadas, todo o processo de fabricação SEMPRE foi contratado partindo de uma empresa integradora que subcontratava as demais que fossem necessárias.
Estou falando da década de 1950 !!! Agora, em 2014, 64 (sessenta e quatro) anos depois, o Brasil pretende fazer algo parecido. Torço efetivamente que consigam, pois continuo acreditando que o envolvimento privado nesse contexto é fundamental. Mas francamente, sou MUITO cético quanto a isso.