Grupo da NASA Busca Evidências Químicas de Vida Extraterrestre
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia postada hoje (30/09) no site da
“Agência FAPESP”, destacando que Grupo da NASA busca evidências químicas de Vida Extraterrestre.
Duda Falcão
Notícias
Grupo da NASA Busca Evidências
Químicas de Vida Extraterrestre
Por Elton Alisson
30/09/2014
(imagem da sonda Maven: NASA)
Agência FAPESP – No dia 21 de setembro, a sonda
espacial Maven, da NASA, a agência espacial dos
Estados Unidos, entrou na órbita de Marte para uma missão científica
específica: entender a modificação na atmosfera e no clima do planeta vermelho
ao longo do tempo.
Dois dias depois, na terça-feira passada (23/09), a
agência espacial da Índia (ISRO) anunciou a entrada do satélite Mangalyaan,
também na órbita de Marte, para tentar medir a presença de metano na atmosfera
do planeta.
As medições realizadas pelas duas sondas, por um período
de seis meses a um ano, serão aguardadas ansiosamente por um grupo
internacional de pesquisadores, integrado também por brasileiros, dedicado a
estudar a origem e a evolução da vida na Terra e em outros planetas. Trata-se
do grupo focal sobre termodinâmica, desequilíbrio e evolução (TDE) do NASA Astrobiology Institute.
Integrantes do grupo, fundado em 2010, reuniram-se pela
primeira vez no Brasil, nos dias 24 e 25 de setembro, durante o 7th
International Workshop on Thermodynamics, Disequilibrium and Evolution, no
Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas.
“O objetivo do nosso grupo é tentar preencher a lacuna
entre pesquisadores que trabalham com aspectos teóricos experimentais
relacionados à origem da vida e astrônomos da área de sensoriamento remoto que
planejam missões espaciais, a fim de definir os alvos para a busca de vida
extraterrestre”, disse Eugenio Simoncini, pós-doutorando no Observatório
Astrofísico di Arcetri, do Istituto Nazionale di Astrofisica (INAF), da Itália,
e vice-presidente do TDE, na abertura do evento.
De acordo com Simoncini, a busca de planetas com
condições de abrigar vida deve ser pautada pela procura daqueles que apresentam
alto desequilíbrio químico atmosférico, como é o caso de Marte.
Uma das condições para a existência de vida em um
planeta, o desequilíbrio químico atmosférico é caracterizado pela presença
simultânea e em quantidades diferentes de gases reagentes – como oxigênio,
hidrogênio e metano – na atmosfera planetária, explicou Simoncini.
“Estudar esse estado de desequilíbrio químico atmosférico
é importante em razão do potencial papel que ele pode desempenhar na detecção
de vida em outros planetas”, avaliou.
Mais de mil planetas extra-solares já foram descobertos.
“É preciso reduzir a seleção de planetas [possivelmente] habitáveis para
aqueles que apresentam alto desequilíbrio químico não relacionado a qualquer
outro processo, como a fotossíntese, mas à vida”, disse Simoncini, durante
palestra no evento.
Evidências Químicas
Na quarta-feira (24/09), um grupo internacional de
astrônomos anunciou em um artigo publicado na revista Nature
ter detectado, pela primeira vez, vapor d’água na atmosfera de um planeta
extra-solar, o HAT-P-11b, com tamanho aproximado ao de Netuno.
Não foi esta a primeira vez que evidências químicas
relacionadas à vida foram encontradas. Em 2005, a sonda Mars Express, da Agência Espacial
Europeia (ESA), detectou a presença de metano na superfície marciana. A
descoberta causou grande entusiasmo na comunidade astronômica, uma vez que, na
Terra, o gás é produzido predominantemente por processos biológicos, como a
decomposição de matéria orgânica. A presença de metano em Marte poderia ser uma
evidência de vida no planeta de organismos produtores do gás.
A expectativa, entretanto, sofreu um revés após as
descobertas do robô Curiosity, da NASA, anunciadas em
setembro de 2013, de que a quantidade de gás metano na atmosfera de Marte é
muito menor do que se imaginava.
Agora, com a entrada das sondas Maven e Mangalyaan na
órbita de Marte, esperam-se dados complementares sobre a composição e a
história da atmosfera do planeta, e sobre como isso influenciou as condições de
existência de vida.
“A existência de metano em Marte pode indicar a presença
de vida ou de um processo geológico ativo”, disse Douglas Galante, pesquisador
do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) do CNPEM e integrante do TDE.
“De alguma forma, esse desequilíbrio químico em Marte que
estudamos no TDE mostra que, apesar de parecer seco, o planeta é vivo de alguma
forma, talvez não com vida como a conhecemos, mas com processos geológicos
ativos”, avaliou.
Os pesquisadores do TDE desenvolvem há anos uma
metodologia para calcular e comparar o desequilíbrio químico nos planetas, a
fim de identificar evidências de vida no Universo.
Com base em um sistema de modelagem computacional para
simulações astrofísicas criado por astrônomos italianos, o grupo de cientistas
faz análises termodinâmicas (de causas e efeitos de mudanças na temperatura,
pressão e volume em um sistema) de como a vida afeta os processos geoquímicos
na Terra e verificam se outras atmosferas planetárias são habitáveis ou
apresentam desequilíbrios químicos similares.
“Todo o conhecimento, baseado em dados experimentais e
observacionais, sobre como surgiu a vida na Terra e como ela evoluiu, pode ser
adaptado para procurarmos por vida em outros planetas, como Marte”, disse
Galante. “Não adianta enviarmos sondas espaciais para um planeta se não
soubermos quais indícios, moléculas e desequilíbrios químicos elas devem
procurar.”
Astrobiologia Brasileira
O encontro de Campinas foi o sétimo realizado pelo grupo
de pesquisa em astrobiologia no mundo. Os anteriores ocorreram na Europa e nos
Estados Unidos e o próximo deverá ser em Tóquio, no Japão.
A ideia de promovê-lo no Brasil teve o objetivo de
integrar os pesquisadores da área no país com o grupo TDE e fortalecer a
interação com o NASA Astrobiology Institute, iniciada, em dezembro de 2011, com
a São Paulo Advanced School of Astrobiology – Making Connections Spasa2011.
Promovido no âmbito da Escola São Paulo de Ciência
Avançada (ESPCA)
– modalidade de apoio da FAPESP – , o evento reuniu 160 pesquisadores,
docentes e estudantes do Brasil e do exterior.
“Procuramos, por meio deste evento realizado agora,
resgatar e fortalecer a interação iniciada com o Instituto de Astrobiologia da NASA
por meio da Escola São Paulo de Ciência Avançada em Astrobiologia, que
realizamos há três anos com apoio da FAPESP”, afirmou Galante.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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