Brasil Constrói Espectrógrafo de Alta Resolução

Olá leitor!

Segue abaixo uma notícia postada hoje (10/09) no site da “Agência FAPESP”, destacando que pesquisadores do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), estão prestes a concluir a construção do Primeiro Espectrógrafo de Alta Resolução Brasileiro.

Duda Falcão

Especiais

Brasil Constrói Espectrógrafo de Alta Resolução

Por Karina Toledo,
de Itajubá (MG)
10/09/2014

(Foto do Soar, na capa: Ricardo
Zorzetto/interna: Agência FAPESP)
Equipamento será instalado no telescópio
SOAR, no Chile, afirma Bruno Vaz Castilho,
diretor do Laboratório Nacional de Astrofísica.
Agência FAPESP – Pesquisadores do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), em Itajubá (MG), estão prestes a concluir a construção do primeiro espectrógrafo de alta resolução brasileiro, denominado STELES (Soar Telescope Èchelle Spectrograph).

A expectativa é de que o equipamento – há tempos ansiado pela comunidade astronômica – possa ser instalado ainda no início de 2015 no Southern Observatory for Astrophysical Research (SOAR), no Chile, consórcio internacional que reúne parceiros brasileiros, norte-americanos e chilenos.

“A espectroscopia de alta resolução é uma técnica que permite captar a luz do corpo celeste em observação – seja ele uma estrela, uma nebulosa ou uma galáxia – e separá-la em seus diversos comprimentos de onda. Dessa forma, é possível perceber as linhas de absorção da luz pelos diversos elementos químicos que constituem o objeto de estudo”, explicou Bruno Vaz Castilho, diretor do LNA e coordenador da equipe que projetou e montou o instrumento.

Por meio do estudo das linhas de absorção da luz, os astrônomos conseguem calcular, por exemplo, a quantidade de cálcio, ferro, titânio e outros elementos existentes na atmosfera de um corpo celeste. Também é possível descobrir sua massa, raio, gravidade, temperatura, velocidade de rotação e a existência de outros planetas ou estrelas em seu entorno.

“É uma técnica muito valiosa para a astronomia e equipamentos cada vez mais eficientes vêm sendo desenvolvidos em todo o mundo. O STELES conta com tecnologia de ponta, terá altíssima resolução e conseguirá captar a maioria dos fótons que chegarem até ele”, avaliou Castilho.

De acordo com o diretor do LNA, o equipamento custou R$ 2,5 milhões – dos quais R$ 1,2 milhão foi financiado pela FAPESP por meio do projeto “STELES: espectrógrafo de alta resolução para o SOAR”, coordenado pelo professor Augusto Damineli, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP). O restante foi financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

“Para importar um equipamento equivalente, o custo não seria inferior a R$ 4 milhões. Além de mais caros, os espectrógrafos de alta resolução com tecnologia semelhante costumam ser maiores e mais pesados. Nosso desafio foi desenvolver, com os recursos disponíveis, um instrumento compacto, que pudesse ser acoplado ao telescópio Soar, cujo diâmetro é de 4,2 metros”, disse Castilho.

Composto por mais de 5 mil peças, cada uma projetada pelos pesquisadores do LNA, o STELES começou a ser concebido em 2003. Mas a construção, de fato, teve início apenas em 2008, contou Castilho.

“Até agora, os astrônomos brasileiros dependiam de parcerias com grupos estrangeiros e tinham de adaptar seus estudos aos instrumentos disponíveis. O STELES permitirá fazer a ciência avançar em várias áreas em que o Brasil tem pesquisas importantes, sobretudo porque o país tem direito a 30% do tempo de observação no telescópio Soar”, disse Castilho.


Damineli é um dos pesquisadores que deverão se beneficiar com o novo espectrógrafo. Há mais de 20 anos, o professor do IAG tem se dedicado a estudar, com apoio da FAPESP, fenômenos misteriosos que envolvem uma estrela gigante conhecida como Eta Carinae, situada a quase 8 mil anos-luz da Terra na constelação de Carina (leia mais em: http://agencia.fapesp.br/19490).

Há cada cinco anos e meio, Eta Carinae sofre uma espécie de apagão. Ao estudar o fenômeno, o grupo de astrônomos liderado por Damineli descobriu a existência de um sistema binário no qual, de tempos em tempos, a estrela menor se choca com a estrela maior e abre um buraco em sua superfície.

O último evento ocorreu em julho deste ano e mobilizou mais de 30 cientistas e astrônomos amadores em observatório da Nova Zelândia, Austrália, África do Sul, Argentina, Chile e Brasil – além dos telescópios orbitais Hubble, Chandra e Swift, da NASA.

Damineli acompanhou o evento do Observatório do Pico dos Dias, administrado pelo LNA, em Brazópolis (MG). O próximo apagão ele pretende acompanhar do Chile, com auxílio do novo equipamento que será instalado no SOAR.


Fonte: Site da Agência FAPESP

Comentário: Pois é leitor, mais um gol da Comunidade Astronômica Brasileira. Parabéns aos pesquisadores do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA).

Comentários

  1. Bom, como também sou interessado nesse tema, se bem que prefiro a astronomia "amadora" fui tentar entender o funcionamento do LNA.

    Primeiro, ele está vinculado apenas ao MCTI, e acredito que todos as outras instituições do governo ligadas a esse assunto estejam sob o comando do mesmo ministério. Só isso, já é uma enorme vantagem.

    Se alguém estiver interessado em saber a composição do pessoal do LNA, pode acessar aqui. Onde uma análise superficial comprova que as idiossincrasias do serviço público brasileiro estão presentes em todo lugar.

    Enfim, parabéns ao pessoal do LNA!

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