Fuga de Pesquisadores Ameaça Projetos da Agência Espacial
Olá leitor!
Segue abaixo uma pequena entrevista com o novo presidente
da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Coelho, realizada pela jornalista
Virgínia Silveira e publicada hoje (23/05) no jornal “VALOR ECONÕMICO”.
Duda Falcão
Fuga de Pesquisadores Ameaça
Projetos da Agência Espacial
Virgínia Silveira
De Brasília
23/05/2012
Valor: Qual o orçamento da AEB para este ano?
Coelho: A nossa marca era da ordem de R$ 350 milhões, mas
como todos sabem, o setor público brasileiro sofreu cortes. De forma que nós
temos um número menor, mas ainda não tenho o valor preciso, pois estamos discutindo
outras possibilidades. Estamos chorando junto ao governo para atender algumas
necessidades que são prioritárias no nosso programa. E tem também um valor
contingenciado, que estamos batalhando para que seja reincorporado ao orçamento
da Agência.
Valor: Os cortes do orçamento vão afetar quais projetos?
Coelho: Com exceção do projeto CBERS-3, que será lançado
até novembro, todos os grandes projetos terão de ser analisados. O caso do
satélite CBERS é diferente porque, tecnicamente, todas as questões estão
resolvidas e as previsões orçamentárias para o custeio estavam viabilizadas.
Valor: Como a AEB pretende tratar a questão do
esvaziamento de pesquisadores no INPE e no DCTA, um problema que vem se
agravando com o aumento das aposentadorias de profissionais?
Coelho: Nós sabemos da dificuldade grande de reposição
dos quadros nos nossos institutos, mas eu acho que deveria haver uma análise
crítica e precisa da situação dos recursos humanos. Todas as pessoas que foram
contratadas para o desenvolvimento de satélites estão realmente trabalhando
nisso? Precisamos reavaliar se o que está sendo feito hoje pelos institutos
está de acordo com a demanda das políticas públicas. A partir daí faríamos uma
proposta mais convincente de reposição dos nossos recursos humanos para o
governo.
Valor: O DCTA e o INPE
já estão prevendo um colapso no andamento dos projetos, caso não haja uma
solução a curto prazo.
Coelho: Nós temos alertado o governo da importância de se
manter essa massa crítica de conhecimento dos institutos, mas no caso de
projetos pontuais, onde existe uma necessidade urgente de se contratar pessoas,
não vejo problema em realizar contratos temporários. Alguns projetos também
poderiam ser feitos na indústria, depois de passar por um processo de
qualificação dentro dos Institutos.
Valor: O modelo de gestão do Satélite Geoestacionário
Brasileiro, com Embraer e Telebrás,
vai servir de referência para outros projetos?
Coelho: A iniciativa de se constituir uma empresa
integradora na área espacial no Brasil pode gerar muitos "spin offs"
(criação de uma empresa a partir de uma tecnologia ou de outra empresa) daqui
por diante. Que poderão ser úteis para vários segmentos das atividades
espaciais.
Valor: Mas o satélite será comprado no exterior. Quais
seriam as possibilidades de transferência de tecnologia neste caso?
Coelho: Através de cláusulas de "offset" ou
acordos de contrapartida na área comercial, industrial e tecnológica. Essa
empresa tem compromisso de trazer o satélite brasileiro, não quer dizer
necessariamente que ele vai ser totalmente fabricado no país. Não será no
Brasil em função de um cronograma muito apertado.
Fonte: Jornal “Valor Econômico” via NOTIMP da FAB
Comentário: Interessante entrevista do Sr. José Raimundo
Coelho, onde ele em diversos momentos deixa claro que: se o governo isso, se o
governo aquilo e estamos chorando junto ao governo, coisas que demonstram as dificuldades que a AEB e o próprio MCTI tem passado com os energúmenos dos Ministérios do Planejamento e da Economia, e com a sua comandante, a presidente DILMA
ROUSSEFF. Note que nessa entrevista ele não volta a empregar a absurda frase de
que o PEB é estratégico para o governo, e sinceramente Sr. Coelho, espero que o
senhor tenha postura e jamais volte a usar essa frase, pois só assim transmitirá certo grau de
credibilidade não só para nós do blog “BRAZILIAN SPACE”, como também, acreditamos, para toda a comunidade espacial do país e também para parte da sociedade
esclarecida que acompanha o programa.
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