FUNCATE Pagou Bolsas para Servidores do INPE Por 4 Anos
Olá leitor!
Segue abaixo uma
matéria postada hoje (27/05) no site do jornal “O VALE”, destacando que a
Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (FUNCATE) pagou bolsas
para servidores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) por quatro
anos.
Duda Falcão
NOSSA REGIÃO
FUNCATE Pagou
Bolsas para
Servidores do INPE Por 4 Anos
Bolsas teriam
sido dadas para compensar falta de verba para
cargos de
Direção Superior; jurista acha prática irregular
Tânia Campelo
Editora do BOM DIA
27 de maio de
2012 - 03:07
Antônio
Basílio/Bom Dia
Durante pelo
menos quatro anos a direção do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais), de São José dos Campos, solicitou à FUNCATE (Fundação de Ciência,
Aplicações e Tecnologia Espaciais) o pagamento de bolsas a servidores que
ocupavam cargos de confiança. Os valores variavam de R$ 400 a R$ 3.500 por mês.
A concessão de
bolsas a servidores públicos é permitida pela Lei da Inovação (10.973/ 2004 e
5.563/2005) quando os beneficiados estão envolvidos em projetos específicos.
No entanto, as
bolsas da FUNCATE teriam sido concedidas para compensar a falta de verba para
cargos de DAS (Direção e Assessoramento Superior), funções gratificadas. O
procedimento, de acordo com especialistas consultados por O VALE, seria
irregular.
A direção do INPE
indicaria à FUNCATE o nome dos servidores que deveriam receber a bolsa e, após
a indicação, os beneficiados elaborariam um projeto para ‘justificar’ o valor
recebido da fundação.
Entre 2006 e
2010, a FUNCATE teria concedido a servidores do INPE cerca de R$ 440 mil em bolsas
por ano.
O VALE solicitou
o nome dos servidores beneficiados com bolsa e seus respectivos projetos, mas
até sexta-feira o INPE e a FUNCATE não forneceram a lista.
Gratificação - Uma das
servidoras beneficiadas pela bolsa da FUNCATE, durante cerca de quatro anos, é
a analista de ciência e tecnologia Sueli Felizardo, que trabalhou como
secretária do ex-diretor Gilberto Câmara, até janeiro deste ano.
“Eu trabalhava
12 e até 14 horas por dia. Não tinha DAS e o diretor então decidiu me dar uma
bolsa. Era uma maneira de remunerar o meu trabalho”, disse Sueli. Ela trabalha
há mais de 25 anos no INPE e tem salário base de R$ 4.090 (o valor não inclui os
adicionais).
Sueli disse que
para se enquadrar à legislação, ela teve que desenvolver dois projetos, com duração
de dois anos cada um, em média. O primeiro projeto foi um ‘diretório para banco
de dados’, uma espécie de agenda eletrônica, e o outro foi o “corrida e
caminhada’, para promover melhoria da qualidade de vida dos servidores com
atividades físicas.
“Fiz tudo
certinho, tenho minha consciência tranquila, trabalhei muito. O problema é que
o DAS é muito limitado e o diretor tentou compensar quem trabalhava muito com a
bolsa da FUNCATE”, disse Sueli.
Irregularidade - Para o SindCT
(Sindicato Nacional dos Servidores Federais a Ciência e Tecnologia ), de São
José dos Campos, o procedimento adotado pela direção do INPE para indicar
servidores para o programa de bolsas da FUNCATE estava irregular.
“A falta de
transparência no processo de escolha dos bolsistas abre margem para
favorecimento de servidores, isso não pode acontecer”, disse o vice-presidente
do SindCT, Fernando Morais.
Ele reconhece
que o MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) não libera DAS, mas
que isso não justificaria a irregularidade.
“Muitos
servidores realmente trabalhavam e muito, como é o caso da Sueli, mas o
processo está errado”, disse Morais.
Outro lado - O ex-diretor do INPE,
Gilberto Câmara, negou quaisquer irregularidades na concessão de bolsas da
FUNCATE a servidores do INPE.
Por meio de nota
enviada pela assessoria de imprensa do INPE, ele informou que “a concessão de
bolsas tinha o amparo da legislação vigente e que a escolha dos critérios para
sua distribuição é prerrogativa do diretor, que decide de acordo com os interesses
da instituição”.
Ele ressaltou
ainda que não havia recursos do Tesouro para o pagamento, feito através da
FUNCATE, cujo estatuto prevê concessão de bolsas.
A FUNCATE
informou que parte das bolsas concedidas a servidores do INPE não eram pagas
com verbas públicas.
Legislação - Consultado pelo O
VALE, o jurista Rogério Gandra afirmou que o gestor da administração pública
deve restringir seus atos ao que manda à legislação. “Existem regras claras que
definem como deve ser concedido o DAS. E os projetos para concessão de bolsas
devem ser adequados à finalidade do convênio entre o órgão público e a
fundação”, afirmou o jurista.
Segundo ele,
mesmo sendo verba de origem privada, a concessão deveria seguir as regras da
administração pública, pois os servidores são indicados pelo diretor do
instituto.
FUNCATE
Idealizada por pesquisadores do INPE, a FUNCATE
foi criada em 1982 em São José dos Campos. Entidade privada sem fins
lucrativos, a fundação tem como objetivo dar apoio à pesquisa e desenvolvimento
institucional. Hoje a FUNCATE tem contratos com diversos órgãos públicos, de
2007 a 2011, recebeu mais de R$ 235 milhões por meio de contratos com órgãos
federais. A Fundação também tem contratos e convênios com órgãos públicos de
esferas estaduais e municipais.
CGU
Desde janeiro, membros da CGU
(Controladoria-Geral da União) estão no INPE, em São José, fazendo um
pente-fino em contratos firmados pelo Instituto sem licitação. A assessoria de
imprensa do órgão informou que a auditoria não é de rotina, mas não revelou o
que teria motivado a operação.
TCU
O TCU (Tribunal de Contas da União) instaurou
um processo em março deste ano para apurar possível existência de Caixa 2 (não
contabilização de verbas geradas pelo uso de instalações e equipamentos) no INPE,
o processo do TCU também investiga a suspeita de irregularidades no uso de
verbas federais para pagamento de mão de obra e de funcionários da FUNCATE em unidades
do instituto.
Ações do Instituto São Investigadas
pelo TCU
São José dos Campos - O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) está
sendo investigado pelo TCU (Tribunal de Contas da União) por suspeita de uso de
Caixa 2. O processo, instaurado em março, apura o uso de verbas não
contabilizadas em sistemas governamentais de receitas geradas pelo uso de
instalações e equipamentos. A
investigação teve origem em uma auditoria, mantida sob sigilo.
A reportagem de O VALE apurou que o Caixa 2 seria formado
por meio de verbas gerenciadas pela FUNCATE (Fundação de Ciência, Aplicações e
Tecnologia Espaciais).
Só em dezembro, o INPE firmou contratos que somam R$ 51,9
milhões com a fundação, sem licitação.
Além de apurar a possível existência de um Caixa 2 no INPE,
o processo do TCU também investiga a suspeita de irregularidades no uso de
verbas federais para pagamento de mão de obra e de funcionários da FUNCATE no
instituto.
A FUNCATE e o ex-diretor do INPE Gilberto Câmara, que
deixou o cargo na semana retrasada, negam irregularidades.
Contratos - Em dezembro do ano passado, Câmara firmou quatro contratos
com a FUNCATE, sem licitação, que somam R$ 51,9 milhões. Os quatro contratos
tiveram pareceres desfavoráveis da Consultoria Jurídica da União, em São José
dos Campos.
Fonte: Site do Jornal
“O VALE” - 27/05/2012
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