Vídeo da AEB Sobre a Participação Brasileira na ISS
Olá leitor!
Segue abaixo um pequeno vídeo informativo da Agência Espacial Brasileira (AEB) liberado logo após a realização da “Missão Centenário” pelo astronauta brasileiro “Marcos Pontes”. O vídeo é apresentado pelo presidente da AEB na época, o meu conterrâneo Sergio Guadenzi, e infelizmente é uma clara demonstração da incompetência reinante no governo e nos órgãos gestores de nosso programa espacial.
Como o leitor deve saber a participação brasileira no projeto da estação espacial era um grande trunfo para o PEB e também para a comunidade científica brasileira, pois permitiria que pesquisas e tecnologias essenciais para o desenvolvimento de nosso programa espacial e de nossa sociedade tivessem acesso aos laboratórios abordo da estação.
Para tanto, foi assinado durante a década de 90 um acordo que envolveria o treinamento e vôo do astronauta Marcos Pontes em troca do desenvolvimento por parte do Brasil de alguns equipamentos da estação. Com isso o Brasil se tornaria a única nação em desenvolvimento envolvida com o mais caro e ambicioso projeto em construção no mundo naquela época.
Segundo foi divulgado na época, o custo do desenvolvimento desses equipamentos para a estação ficaria em torno de algo entre 100 e 200 milhões de dolares (lembrando ao leitor que já se gastou pelo menos o dobro com a mal engenhada Alcântara Cyclone Space) valor que na época foi considerado alto por parte da comunidade científica.
Apesar disso, o acordo foi assinado e o astronauta foi treinado pela NASA como acordado e a expectativa inicial da agência americana era realizar seu vôo por volta de 2002. Com o acidente do Columbia, os vôos dos ônibus espaciais foram interrompidos, fazendo com que o vôo do astronauta brasileiro também ficasse em stand by.
Nesse meio tempo, a parte do acordo que cabia ao Brasil foi envolvida em uma série de idas e vindas, disse e me disse, modificações do acordo e o diabo a quatro. Ao final dessa lambança toda nada foi produzido e o resultado disso não poderia ser outro se não a vergonhosa expulsão brasileira do programa da ISS.
Porém, antes que isso viesse ocorrer, com o atraso do vôo do astronauta, o Brasil utilizando-se sabiamente das vagas abertas na estação pelos russos, mediante pagamento, assinou um acordo com a Rússia que permitiu à realização da “Missão Centenário”, deixando os americanos nada satisfeitos e muito provavelmente acelerando a decisão de expulsão do Brasil do programa da ISS, que até então não tinha sido tomada, apesar dos grandes esforços (justiça seja feita) do astronauta Marcos Pontes, que por ser detentor de grande prestígio na NASA, tentou impedir sem sucesso a expulsão do programa.
Com isso, a comunidade científica brasileira perdeu uma grande oportunidade de usar esta "fantástica" plataforma de experimentos em ambiente de microgravidade, a indústria brasileira perdeu a oportunidade de desenvolver tecnologias de alto valor agregado e politicamente foi um desastre, que "manchou" o nome do país junto à comunidade internacional.
Para piorar, as únicas ações direcionadas atualmente ao ambiente de baixa gravidade no PEB, são o “Programa Microgravidade" da AEB, que não funciona como deveria (faz quase três anos que o ultimo vôo desse programa foi realizado - Operação Cumã II) e o projeto da plataforma SARA do IAE, que segundo foi divulgado só ficará disponível por volta de 2022, isto é, se o vôo da SARA Suborbital (primeira fase de quatro, sendo que as outras três ocorrerão de quatro em quatro anos, parece piada, mais não é) realmente acontecer no final de 2010. Fazer o que? Pobre Comunidade Científica Brasileira.
Assista ao vídeo leitor e aprenda como se pode falar tanto e não se fazer nada. Bom divertimento, por assim dizer.
Duda Falcão
Duda Falcão
Fonte: Canal da Agência Espacial Brasileira (AEB) no Youtube
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