Tecnologia Universitária no Espaço
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada hoje (25/03) no site do jornal “Correio Braziliense” destacando que o Brasil se prepara para lançar, em 2012, seu primeiro satélite universitário.
Duda Falcão
CIÊNCIA E SAUDE
Segue abaixo uma matéria postada hoje (25/03) no site do jornal “Correio Braziliense” destacando que o Brasil se prepara para lançar, em 2012, seu primeiro satélite universitário.
Duda Falcão
CIÊNCIA E SAUDE
Tecnologia Universitária no Espaço
Brasil se prepara para lançar, em 2012, seu primeiro satélite produzido
com ampla participação de estudantes. Batizado de ITASAT, o equipamento
ajudará na transmissão de dados ambientais
Gisela Cabral
Publicação: 25/03/2010 - 07:00
Formar profissionais capazes de ampliar, no futuro, a produção brasileira na área aeroespacial. Esse é o principal objetivo do programa de desenvolvimento do ITASAT, primeiro satélite universitário de coleta de dados do país. Projetado com grande participação de alunos de diferentes instituições de ensino, o projeto conta com a coordenação de instituições de grande porte, como os Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), além da Agência Espacial Brasileira (AEB).
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Segundo os cientistas responsáveis pela iniciativa, o lançamento está previsto para o fim de 2012. Até lá, porém, ainda há muito trabalho a fazer. A intenção é desenvolver técnicas e testar novos componentes buscando o aperfeiçoamento e a redução de custos. Atualmente, o ITASAT possui um orçamento total de R$ 5 milhões. Somente no ano passado, o projeto chegou a envolver 60 jovens cientistas, entre graduandos, mestrandos e doutorandos.
A idéia é lançar o pequeno satélite de 85kg, semelhante a um cubo, em órbita baixa, a cerca de 600km de altitude. Segundo David Fernandes, professor responsável pelo projeto no ITA, o equipamento será enviado ao espaço como carga secundária de um lançador de satélites. “O lançamento como carona é comum, quando se trata de satélites de pequeno porte, para redução dos custos”, explica. O ITASAT deve ficar em órbita por cerca de um ano. “A cada 90 minutos, será dada uma volta completa no planeta. Durante a passagem pelo Brasil, ele será utilizado para a coleta de dados ambientais”, destaca.
De acordo com Fernandes, mais de 700 plataformas em terra transmitirão dados ambientais para o ITASAT. “Ele funcionará como um repetidor, retransmitindo os dados para duas estações no Brasil, uma em Cuiabá e outra em Alcântara (MA). Depois disso, as informações serão enviadas para o INPE em Cachoeira Paulista (SP) e distribuídas aos usuários”, descreve o especialista. Atualmente, no Brasil, os satélites operacionais do INPE — o SCD-1, SCD-2 e CIBRERS-2B — já operam como coletores de dados ambientais das plataformas existentes.
O projeto está inserido em uma ação do plano plurianual de desenvolvimento e lançamento de satélites tecnológicos de pequeno porte. Apesar do trabalho conjunto de ITA, INPE e AEB, cada uma das entidades tem suas próprias responsabilidades. O INPE, por exemplo, possui uma grande experiência na área de satélites e, portanto, vem atuando como consultor, podendo, inclusive, ceder componentes que farão parte do protótipo. Fernandes destaca, no entanto, que a participação de universidades de várias partes do Brasil tem sido fundamental.
“Como diz o próprio nome, o satélite é universitário. Isso significa que ele será projetado e construído por estudantes de graduação, mestrado e doutorado, orientados por especialistas”, enfatiza. Entre as instituições participantes, estão a Universidades de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a Universidade Estaduais de Londrina (UEL) e Universidade Estaduais de Campinas (Unicamp), entre outras. Alunos da Universidade de Brasília (UnB) poderão em breve participar do projeto.
Oportunidade
Estudante do quinto ano de engenharia eletrônica do ITA, Antônio Kotsugai, 21 anos, é um dos estudantes que têm a oportunidade de integrar o projeto. Ele participa da elaboração do ITASAT desde fevereiro de 2008. “Estou inserido no grupo do subsistema de suprimento de energia do satélite. Estudamos tecnologias já usadas em outros projetos, avaliamos novos modelos e criamos e testamos os protótipos a serem implementados”, explica. Segundo ele, o trabalho de integração de todos os subsistemas do projeto é feito constantemente, com reuniões periódicas para a definição de parâmetros e requisitos do satélite. “O ITASAT tem como um dos objetivos a formação de profissionais para a área aeroespacial, tendo grande importância estratégica para o nosso país”, conta.
David Fernandes, do ITA, explica que, por se tratar de um produto feito por universitários, o satélite apresenta custos relativamente baixos. “Nossa intenção é testar conceitos, componentes e subsistemas”, informa. De acordo com o professor, até o lançamento, serão desenvolvidos sistemas que precisam ser resistentes aos ambientes de radiação. “O período de vida do satélite também está muito ligado a isso”, enfatiza o especialista.
Para Thyrso Villela, diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da AEB, o treinamento de profissionais que vão atuar na área espacial é mesmo um dos grandes ganhos do projeto. “Esse tipo de iniciativa já ocorre no mundo todo. O treinamento envolve um tempo grande, pois são muitos os riscos envolvidos nessa empreitada”, destaca. O uso de tecnologias que ainda não foram aplicadas em satélites também tem sido um dos trunfos do ITASAT. “O ITA, inclusive, está contando com a colaboração da Universidade de Berlim, na Alemanha. A entidade tem fornecido toda a sua experiência em satélites para o nosso projeto. Precisamos disso, pois o Brasil está começando a formar os primeiros especialistas na área espacial”, finaliza.
Entrevista:
1) O que é o satélite universitário (ITASAT) e qual o objetivo desse projeto?
O ITASAT é um microssatélite que vem sendo desenvolvido desde 2004, totalmente construído por universitários do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (Ita), e escolas de ensino superior associadas ao projeto, como as Universidades Estadual de Londrina (UEL), Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), de São Paulo (USP), entre outras. Como o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) tem muita experiência na área de satélites, atua como uma espécie de consultor, sendo também o gestor financeiro dos recursos disponibilizados pela Agência Espacial Brasileira (AEB). De 2004 até 2008, o projeto passou basicamente por uma fase de estudos. Mas em 2009 se concentrou na missão de coleta de dados. Os dados em questão podem ser de ventos, umidade, pressão, temperatura, ou qualquer outra medição ambiental específica, dependendo do interesse do usuário.
A idéia é lançar o pequeno satélite de 85kg, semelhante a um cubo, em órbita baixa, a cerca de 600km de altitude. Segundo David Fernandes, professor responsável pelo projeto no ITA, o equipamento será enviado ao espaço como carga secundária de um lançador de satélites. “O lançamento como carona é comum, quando se trata de satélites de pequeno porte, para redução dos custos”, explica. O ITASAT deve ficar em órbita por cerca de um ano. “A cada 90 minutos, será dada uma volta completa no planeta. Durante a passagem pelo Brasil, ele será utilizado para a coleta de dados ambientais”, destaca.
De acordo com Fernandes, mais de 700 plataformas em terra transmitirão dados ambientais para o ITASAT. “Ele funcionará como um repetidor, retransmitindo os dados para duas estações no Brasil, uma em Cuiabá e outra em Alcântara (MA). Depois disso, as informações serão enviadas para o INPE em Cachoeira Paulista (SP) e distribuídas aos usuários”, descreve o especialista. Atualmente, no Brasil, os satélites operacionais do INPE — o SCD-1, SCD-2 e CIBRERS-2B — já operam como coletores de dados ambientais das plataformas existentes.
O projeto está inserido em uma ação do plano plurianual de desenvolvimento e lançamento de satélites tecnológicos de pequeno porte. Apesar do trabalho conjunto de ITA, INPE e AEB, cada uma das entidades tem suas próprias responsabilidades. O INPE, por exemplo, possui uma grande experiência na área de satélites e, portanto, vem atuando como consultor, podendo, inclusive, ceder componentes que farão parte do protótipo. Fernandes destaca, no entanto, que a participação de universidades de várias partes do Brasil tem sido fundamental.
“Como diz o próprio nome, o satélite é universitário. Isso significa que ele será projetado e construído por estudantes de graduação, mestrado e doutorado, orientados por especialistas”, enfatiza. Entre as instituições participantes, estão a Universidades de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a Universidade Estaduais de Londrina (UEL) e Universidade Estaduais de Campinas (Unicamp), entre outras. Alunos da Universidade de Brasília (UnB) poderão em breve participar do projeto.
Oportunidade
Estudante do quinto ano de engenharia eletrônica do ITA, Antônio Kotsugai, 21 anos, é um dos estudantes que têm a oportunidade de integrar o projeto. Ele participa da elaboração do ITASAT desde fevereiro de 2008. “Estou inserido no grupo do subsistema de suprimento de energia do satélite. Estudamos tecnologias já usadas em outros projetos, avaliamos novos modelos e criamos e testamos os protótipos a serem implementados”, explica. Segundo ele, o trabalho de integração de todos os subsistemas do projeto é feito constantemente, com reuniões periódicas para a definição de parâmetros e requisitos do satélite. “O ITASAT tem como um dos objetivos a formação de profissionais para a área aeroespacial, tendo grande importância estratégica para o nosso país”, conta.
David Fernandes, do ITA, explica que, por se tratar de um produto feito por universitários, o satélite apresenta custos relativamente baixos. “Nossa intenção é testar conceitos, componentes e subsistemas”, informa. De acordo com o professor, até o lançamento, serão desenvolvidos sistemas que precisam ser resistentes aos ambientes de radiação. “O período de vida do satélite também está muito ligado a isso”, enfatiza o especialista.
Para Thyrso Villela, diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da AEB, o treinamento de profissionais que vão atuar na área espacial é mesmo um dos grandes ganhos do projeto. “Esse tipo de iniciativa já ocorre no mundo todo. O treinamento envolve um tempo grande, pois são muitos os riscos envolvidos nessa empreitada”, destaca. O uso de tecnologias que ainda não foram aplicadas em satélites também tem sido um dos trunfos do ITASAT. “O ITA, inclusive, está contando com a colaboração da Universidade de Berlim, na Alemanha. A entidade tem fornecido toda a sua experiência em satélites para o nosso projeto. Precisamos disso, pois o Brasil está começando a formar os primeiros especialistas na área espacial”, finaliza.
Entrevista:
1) O que é o satélite universitário (ITASAT) e qual o objetivo desse projeto?
O ITASAT é um microssatélite que vem sendo desenvolvido desde 2004, totalmente construído por universitários do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (Ita), e escolas de ensino superior associadas ao projeto, como as Universidades Estadual de Londrina (UEL), Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), de São Paulo (USP), entre outras. Como o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) tem muita experiência na área de satélites, atua como uma espécie de consultor, sendo também o gestor financeiro dos recursos disponibilizados pela Agência Espacial Brasileira (AEB). De 2004 até 2008, o projeto passou basicamente por uma fase de estudos. Mas em 2009 se concentrou na missão de coleta de dados. Os dados em questão podem ser de ventos, umidade, pressão, temperatura, ou qualquer outra medição ambiental específica, dependendo do interesse do usuário.
2) Quando o microssatélite será lançado e como ele atuará em órbita?
A previsão de lançamento é para 2012. Depois de lançado, o satélite ficará em órbita baixa a uma altura de mais ou menos 600 km. A idéia é que ele fique girando em movimentos de rotação. A cada 90 minutos, uma volta completa em torno do planeta Terra. Ele irá coletar dados, geralmente em regiões remotas, que serão retransmitidos para a Terra. Para que o processo ocorra, serão necessárias antenas no satélite e nas plataformas. Elas farão com que os dados se encontrem e cheguem aos usuários interessados. Os dados em questão serão repassados constantemente aos interessados, formando uma verdadeira rede de comunicação.
3) Depois de quanto tempo o ITASAT retornará à Terra e como será esse procedimento?
Esperamos, inicialmente, que o ITASAT fique em órbita baixa pelo período de um ano. Mas essa previsão ainda não foi totalmente definida. Por ser pequeno, ele não terá um lançamento pago, portanto, terá que ir de carona com lançadores. Tal medida é bem comum no meio espacial, hoje em dia. Ao projetarmos o satélite precisamos levar essa possibilidade em consideração. Procuramos, também, seguir um código de conduta internacional que determine o retorno dele depois de terminada a missão. Uma das alternativas é que ao final de tudo isso ele volte para a atmosfera terrestre e se desintegre. É bom lembrar, ainda, que o satélite universitário não precisará de combustível para funcionar, e como um produto feito por universitários, deverá ter custos mais baixos. Nossa intenção é testar conceitos, componentes e subsistemas.
Fonte: Site do Jornal do Correio Braziliense - 25-03-2010
Comentário: Chamo a atenção do leitor para o que diz o professor responsável pelo projeto no ITA, o senhor David Fernandes: “o equipamento será enviado ao espaço como carga secundária de um lançador de satélites”. Pelo que o mesmo diz parece que o bom senso prevaleceu e o mesmo não será mais lançado pelo VLS-1 XVT-02 (vôo que está previsto para 2012) como indicado na matéria do jornal Valor Econômico do dia 04/03 (veja a nota AEB Pretende Lançar o Satélite ITASAT em 2012), iniciativa que seria uma temeridade, já que neste vôo tecnológico estará se testando a eficiência do terceiro e quarto estágios do foguete. Ficam as perguntas: Qual foguete lançará o ITASAT de carona? Será um foguete Indiano ou um foguete Longa Marcha chinês?
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