Lixo Espacial: A Poluição que Órbita a Terra
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo publicado na “Revista Espaço Brasileiro” (Jul, Ago e Set de 2011), abordando a preocupação da comunidade científica internacional com a poluição do lixo espacial na órbita da Terra.
Duda Falcão
CAPA
Lixo Espacial: A Poluição que Órbita a Terra
Cada vez mais destroços de dispositivos espaciais
Orbitam a Terra, representando um perigo para satélites
Ativos e naves tripuladas por astronautas. Especialistas
Sugerem que se desenvolva um programa de limpeza.
Ana Oliveira, Ana Serra e
Virgílio Azevedo
Portal Expresso de Portugal
A quantidade de detritos espaciais que orbitam a Terra está se tornando um problema cada vez maior para naves e satélites ativos, que correm o risco de colidir com estes objetos. Esta poluição, formada pelo acúmulo de dispositivos espaciais não operacionais, está aumentando cada vez mais. O tema voltou à tona com a notícia da queda na Terra, de um satélite desativado.
“Há pouco tempo, a Estação Espacial Internacional teve de realizar uma manobra de emergência para evitar um pedaço de satélite que passou muito perto”, disse o astrônomo Rui Barbosa. “As agências espaciais terão de concentrar esforços para que esse lixo deixe de ser um problema, num futuro próximo”, acrescenta o especialista.
Um relatório, publicado, este ano, pelo National Research Council, avalia a ação do programa da NASA para detritos espaciais (NASA Orbital Debris Program), concluindo que estes têm aumentado a um ritmo superior àquele que a agência espacial norte-americana consegue acompanhar.
Na seqüência deste relatório, as National Academies, grupo de instituições não lucrativas do qual faz parte o National Research Council, publicou no inicio do mês um comunicado no qual sugere que a NASA deve desenvolver um plano estratégico para uma melhor utilização das ferramentas de controle e recolhimento dos detritos.
Da Corrida à Conquista do Espaço Até os Dias de Hoje
Considera-se que a corrida ao espaço, um dos acontecimentos que marcou a rivalidade entre os Estados Unidos e a ex-União Soviética durante a Guerra Fria, começou em 1957, com o lançamento do Sputnik 1 pela Rússia.
De acordo com dados da NASA, os detritos espaciais têm aumentado desde então, mas o crescimento foi agravado por dois acontecimentos que, segundo o relatório, foram decisivos e praticamente duplicaram o número de destroços já existentes.
Em 2007, a China pôs em prática um teste que provocou o choque proposital entre um satélite inativo e um anti-satélite (ASAT), aumentando o número de lixo espacial que, em 2009, voltou a crescer com o choque acidental entre os satélites Cosmos 2251 e Iridium 33.
Dados da NASA mostram que detritos espaciais entraram na atmosfera praticamente todos os dias, durante os últimos 40 anos. Alguns não resistem e se desintegram no inicio da queda, enquanto outros de maior dimensão caem, geralmente, em áreas pouco populosas, como a Sibéria, ou em oceanos.
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Soluções de “Limpeza” Não são Desenvolvidas no Relatório
Apesar de não se alongar no que diz respeito a possibilidades de limpeza do lixo espacial, o relatório publicado pelo National Research Council remete para um outro estudo realizado pelo Departamento de Defesa dos EUA e publicado também este ano.
O estudo, chamado “Catcher’s Mitt”, sugere que sejam usados arpões, redes, ímanes ou até mesmo um dispositivo com uma forma semelhante a um guarda-chuva gigante, que consiga abarcar os detritos menores.
A quantidade de detritos espaciais que orbitam a Terra é medida por radares, telescópios ópticos, telescópios espaciais e pela análise das superfícies dos veículos espaciais que regressam à Terra, de acordo com o programa da NASA para os detritos espaciais (NASA Orbital Debris Program).
Satélite Inativo da NASA Cai no Pacífico
O satélite da NASA Upper Atmosphere Research Satellite (UARS), há mais de 20 anos em órbita, caiu, no dia 24/09, em uma área remota do oceano Pacífico acabando com o frisson que assustava a sociedade devido a possibilidade de queda em alguma região populosa.
Segundo especialistas da NASA, o satélite de seis toneladas, se despedaçou em 26 partes após a reentrada, atingindo a Terra à 1h01 (horário de Brasília).
Geralmente, a NASA tenta colocar os seus satélites inativos numa “órbita cemitério” ou guiá-los para que caiam no oceano, mas com o UARS, sem combustível desde 2005, não foi possível realizar nenhuma destas medidas.
Outra Ameaça?
Após o receio gerado pela queda UARS em solo terrestre, outro satélite pode ter o mesmo fim. Trata-se do ROSAT, que é controlado pela Agência Espacial Alemã e deve atingir a superfície do planeta em novembro.
Mesmo pesando três vezes menos do que UARS (aproximadamente 1,6 T), mais pedaços do ROSAT, cerca de 30, podem sobreviver à queda.
O ROSAT é um satélite de raio-x lançado em 1º de junho de 1990 em uma missão que deveria durar apenas 18 meses, mas acabou ficando ativo até 1998. Nesse período, ele estudou a origem, a composição e a distribuição de energia das emissões de raios-x no espaço. Em 1999, o satélite foi desligado.
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Fonte: Revista Espaço Brasileiro - Num. 12 - Jul, Ago e Set de 2011 - págs. 16 e 17
Comentário: Pois é leitor, a humanidade é sempre assim, só fecha a porta depois de arrombada. Será que quando começou a “Corrida Espacial” no final da década de 50 do século passado não se havia conhecimento suficiente para se prevê que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde? É claro que sim, afinal não precisa de muito para isso, né verdade? Mas acontece que na época não interessava as nações capazes de colocar artefatos no espaço criar sistemas de prevenção, destruição, resgate desses artefatos ou mesmo uma regra qualquer a nível internacional nos fóruns competentes, que obrigassem essas nações a seguirem uma só regra de segurança toda vez que colocassem algo no espaço, e isso se seguiu até hoje. Pior, não existe ainda qualquer movimento conjunto nesses fóruns visando modificar toda esta situação. Ou seja, tudo que começa errado, só pode terminar errado, porém nunca é tarde para aprender a fazer da forma certa.
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