Sempre em Movimento
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante matéria publicada na edição
de agosto de 2013 da “Revista Pesquisa FAPESP” dando desataque a volta ao
Brasil do físico brasileiro Eduardo do Couto Silva para trabalhar com Políticas Públicas.
Duda Falcão
Sempre em Movimento
Físico volta ao Brasil
Depois de 22 Anos Para
Trabalhar Com Políticas Públicas
Edição 210 - Agosto de
2013
© DANIEL BUENO
Em
2008, aos 41 anos, Eduardo do Couto e Silva era vice-coordenador de uma equipe
de 38 pessoas no Laboratório Nacional do Departamento de Energia (SLAC),
administrado pela Universidade de Stanford, e tinha sido um dos líderes da
construção do telescópio espacial Fermi, que mobilizara centros de pesquisa de
cinco países (Estados Unidos, Japão, Suécia, Itália e França). “Aprendi que,
para trabalhar em projetos visionários, é preciso não ter medo de arriscar e
acreditar que alguma coisa boa sempre vai aparecer”, disse ele. Quando o
telescópio se aquietou no espaço, Couto e Silva procurou a diretora do
laboratório e disse que precisava de um desafio maior.
“Ela
e outros diretores acreditaram no meu potencial e me apoiaram. Mais uma vez
escolhi o caminho mais difícil, a construção de um instrumento sofisticado para
operar em um laboratório subterrâneo visando à detecção de matéria escura, para
o qual ainda não tínhamos financiamento.”
Couto
e Silva já tinha escolhido o caminho mais difícil ao chegar aos Estados Unidos
em 1989 para fazer pós-graduação, depois de ter cursado física na Universidade
de Brasília (UnB). Seu plano era seguir na área de matéria condensada na
Universidade de Indiana, Estados Unidos, mas uma palestra sobre física de
partículas, um campo que lhe era inteiramente novo, o atraiu a ponto de
fazê-lo se inscrever em um programa de doutorado no acelerador de partículas da
Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN), na Suíça. “No CERN, além
de pesquisador, eu trabalhava como voluntário no museu, principalmente com
crianças, e era convidado a participar de reuniões com autoridades dos Estados
Unidos para atestar que aquele trabalho de pesquisa no CERN estava dando
certo.”
© ACERVO PESSOAL
Couto e Silva em um laboratório subterrâneo em 2009 |
Ele ficou lá até 1999 e depois retornou para os Estados
Unidos para trabalhar em astrofísica de altas energias. Em 2012, para espanto
dos colegas de Stanford, Couto e Silva resolveu voltar ao Brasil. “Eu via uma
institucionalidade emergente no Brasil na área de ciência e tecnologia e
achei que poderia colaborar muito com a experiência adquirida no exterior”,
disse.
Ele pediu demissão ainda sem
emprego, mas logo começou a trabalhar como pesquisador visitante no Centro de
Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), em Brasília, e se vinculou à UnB como
professor colaborador. Refletindo sobre a situação dos cientistas brasileiros
no exterior, ele e a socióloga Elizabeth Balbachevsky, da Universidade de São
Paulo (USP), escreveram o artigo “A diáspora científica brasileira:
perspectivas para sua articulação em favor da ciência brasileira”, publicado em
2011 na Parcerias Estratégicas. “Precisamos trazer mais brasileiros que trabalham em
outros países e, ao mesmo tempo, auxiliar os que estão lá fora a ver como podem
colaborar com o país.”
Depois de trabalhar em um
projeto encomendado pela Sociedade Brasileira de Física (SBF) para promover o
diálogo entre empresários e físicos, favorecendo o desenvolvimento de projetos
conjuntos e a oferta de empregos para físicos (ver Pesquisa Fapesp nº 193, março de 2012), ele agora integra o grupo que apoia a expansão
estratégica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). A perspectiva de um
acordo com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e o ITA o tem
feito voltar com frequência aos Estados Unidos. Agora, diz ele, “sabendo como
eles pensam, mas me posicionando como brasileiro, para mim é muito
gratificante”.
Fonte: Revista Pesquisa FAPESP - Edição 210 – Agosto de
2013
Comentário: Já havíamos falado aqui em outras
oportunidades sobre o Dr. Eduardo do Couto e Silva e vale dizer que a sua
decisão de retornar o Brasil é realmente elogiável, um exemplo a ser seguido.
Entretanto, será que ele terá aqui no Brasil o apoio necessário para poder
realizar o seu trabalho com a mesma competência e resultados alcançados
enquanto na Europa e nos EUA? Infelizmente temo que não, mas enfim, sucesso ao
Dr. Eduardo. Aproveito para agradecer ao leitor paulista José Ildefonso pelo
envio dessa matéria.
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