Anulação de Vagas do INPE Ameaça Previsão do Tempo
Olá leitor!
Segue uma matéria postada ontem (21/09) no
site do jornal “O Estado de São Paulo” destacando que a anulação de vagas do INPE ameaça a Previsão do
Tempo.
Duda Falcão
SÃO PAULO
Anulação de Vagas do
INPE
Ameaça Previsão do Tempo
Justiça considerou ilegal concurso que contratou
111 temporários
em 2010 para funções permanentes; instituto está
recorrendo
GIOVANA GIRARDI
O Estado de S.Paulo
21 de setembro de 2013 | 2h 03
A
Justiça Federal decidiu anular 111 contratos temporários do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) por considerá-los irregulares. A decisão pode
comprometer o serviço de previsão do tempo e de geração de alertas de desastres
naturais no País.
São
técnicos, engenheiros e pesquisadores, contratados por meio de concurso público
em 2010, que trabalham em sua maioria no Centro de Previsão de Tempo e Estudos
Climáticos (CPTEC). Vários deles operam o Tupã, um supercomputador que custou
R$ 50 milhões e permitiu uma precisão muito maior na previsão de chuvas e
eventos climáticos extremos.
O
concurso simplificado foi feito com base na Lei 8.745, que permite o contrato
de temporários para algumas situações específicas, como uma emergência. Mas, no
entender do Ministério Público, que entrou com ação civil em 2011 e no final de
agosto teve o pedido acatado pela Justiça, a ilegalidade se dá no fato de que
as funções que esses funcionários exercem são de caráter permanente.
A sentença
estabeleceu o prazo de 45 dias para a suspensão dos contratos, a contar da data
em que o INPE foi notificado. Ele vence em 10 de outubro. Cabe recurso, mas o
juiz da 2.ª Vara de São José dos Campos decidiu que os funcionários terão de
deixar os cargos naquela data. Os advogados da União entraram com recurso para
tentar ao menos suspender a demissão imediata, a fim de ganhar mais de tempo
para conseguir substituir essas vagas.
Ao
mesmo tempo, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), ao qual o Inpe é
vinculado, pediu ao Ministério do Planejamento abertura de concursos para
servidores efetivos.
O
diretor do INPE, Leonel Perondi, disse ao Estado que, desde que o
instituto tomou conhecimento da ação, "foi iniciada, de forma voluntária,
uma sequência de ações para tentar resolver o problema". Novos concursos
foram abertos para substituir os temporários por efetivos. Dos 111, 25 foram
substituídos e 15 vagas foram excluídas, restando 71 pessoas em situação
irregular. No fim de 2012, o MCT enviou um aviso ao Planejamento solicitando a
substituição dessas vagas, mas até agora o pedido está em análise.
Alternativa - De acordo com Gilberto
Câmara, que dirigia o INPE em 2010, o concurso para temporários foi a saída que
ele encontrou para não paralisar a previsão do tempo. Desde os anos 1990, o
INPE vinha se valendo da alternativa de contratar terceirizados para esse tipo
de serviço - situação que o Tribunal de Contas da União vetou a partir de 2003.
"Mas também não tínhamos vagas efetivas e precisávamos daquelas
pessoas", diz (leia mais abaixo).
Uma
comissão de trabalhadores foi formada para também tentar recorrer da decisão.
"Só tomamos ciência do problema quando houve a sentença. Para nós parecia
que tudo estava legal. O concurso foi publicado no Diário Oficial da União",
disse Marcos Sanches, pesquisador do CPTEC que falou em nome da comissão.
"Acho que o INPE aproveitou a oportunidade numa situação que estava
gritante. O instituto está há anos sofrendo com esvaziamento por causa das
aposentadorias e não há novas vagas."
Impactos - Os cálculos feitos pelo CPTEC são usados não
somente para apontar se vai chover ou fazer sol no dia seguinte, mas também
para fazer previsões de longo prazo que são fundamentais para a organização dos
mais variados setores da economia - desde a agricultura até a exploração de
petróleo.
São
esses dados, por exemplo, que dizem ao Operador Nacional do Sistema Elétrico se
os reservatórios das hidrelétricas estarão suficientemente cheios ou se será
necessário programar a ligação de termelétricas para gerar energia para o País.
O
CPTEC também fornece informações críticas para a geração de mapas de risco pelo
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN).
Inaugurado no ano passado, foi anunciado como principal ferramenta do Plano
Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais para evitar que
vidas estejam em risco.
Do
centro do INPE partem as informações sobre chuvas nas 24 horas e 48 horas
seguintes que são usadas pelo CEMADEN para identificar onde há risco de
deslizamentos de terra, inundações e enchentes. Sem esses dados, não tem como
fazer os alertas.
Outro
setor envolvido é o Laboratório de Combustão e Propulsão, que faz testes com
combustíveis para satélites. Ali trabalham 9 dos 71 funcionários que podem
perder o emprego. Há o risco de que a manutenção dos tanques de propelentes
possa também ficar comprometida.
"Além dos impactos que serão causados à
sociedade, tem o impacto pra gente. São 70 pessoas que vão para o olho da rua,
sem direito a quase nada", se queixa um dos funcionários, que pediu
anonimato. O contrato deles é um misto de CLT com o Regime Jurídico Único e não
prevê FGTS nem seguro-desemprego.
Fonte: Site do
jornal O Estado de São Paulo - 21/09/2013
Comentário: Pois é, e ainda tem gente que acredita que
esse país tem alguma chance de se tornar uma grande nação.
O Gilberto Câmara está certo. O INPE não é lugar de funcionário público. O governo tem que fazer exatamente o que ele disse : transforma aquilo ali em OS.
ResponderExcluirNão dá nem pra dizer que o juiz e o MP erraram pois, juridicamente, está certo.
Errado é a imbecilidade do RJU para o INPE. (e para as universidades também !)
Saudações