"Força Aérea Não Prestou Atenção à Lei de Murphy e Deu Errado, 21 Morreram!"
Olá leitor!
Seguindo com a ‘série especial’ com os artigos e matérias
postadas na edição de nº 25 do “Jornal do SindCT” de setembro de 2013, que
trata do programa do VLS-1 e do trágico acidente com os 21 heróis de Alcântara,
segue abaixo agora uma entrevista.
Duda Falcão
Entrevista
"Força Aérea Não Prestou Atenção à Lei
de Murphy e
Deu Errado, 21 Morreram!”
Jornal do SindCT
Setembro de 2013
Arquivo Pessoal
Várias falhas de segurança foram identificadas na
investigação das causas do acidente fatal com o VLS em 2003. É o que afirma
Luciano Magno Costalonga Varejão, irmão de César Augusto Costalonga Varejão,
técnico civil morto na tragédia de Alcântara. Na condição de representante das
famílias das vítimas, Luciano foi um dos membros da Comissão de Investigação
constituída com a finalidade de apurar as causas do acidente. Doutor em
Engenharia Mecânica pela Universidade de Minnesota, professor aposentado da
Universidade Federal do Espírito Santo, Luciano considera que a investigação
foi conduzida “com isenção e competência” pelo brigadeiro Marco Antonio Couto
do Nascimento, hoje reformado. O engenheiro fez estas declarações em resposta a
questões que lhe foram encaminhadas pelo Jornal
do SindCT.
Dez anos após a tragédia de Alcântara, qual é a sua avaliação do
que ocorreu?
Principalmente falhas de segurança. Com o dispositivo de ignição
(espoleta) já no lugar, as normas de segurança determinavam que apenas
seis pessoas poderiam estar no ambiente da torre de lançamento do VLS, três
para executar as tarefas e outras três para verificar se as executavam segundo
as normas de segurança.
Na sua opinião, a Comissão de Investigação trabalhou com
independência?
Sim. O brigadeiro Couto, que presidiu os trabalhos da Comissão,
com isenção e competência, não poupou esforços para que os objetivos fossem
atingidos.
Que erros conduziram à explosão?
Apesar de não ter sido possível apontar exatamente qual a falha
que de fato causou a combustão intempestiva dos motores do VLS,várias
falhas foram detectadas que poderiam, isoladamente ou em conjunto, ter causado
o acidente. Dentre elas: 1) falhas gerais de segurança; 2) substituição de
cabos blindados por cabos sem blindagem; 3) falta de documentação de
modificações efetuadas; 4) falta de aprovação para modificações executadas; 5)
colocação da espoleta sem comunicação aos funcionários que foram trabalhar no
VLS e que acabaram sendo vítimas; 6) colocação de proteção, contra chuva, de
material não comprovado como seguro para aquele ambiente; 7) gerenciamento
deficiente no que tange ao cumprimento das normas de segurança; 8) alta
rotatividade do gerenciamento geral do programa VLS — o cargo era usado como
forma de progressão na carreira militar.
A Comissão identificou responsabilidades individuais?
É óbvio que havia alguém responsável pelo comando de toda a
operação de lançamento do VLS. Esta pessoa, que não sei quem era, deve ter
respondido pelas falhas de segurança que ocorreram. Se não respondeu, houve
mais uma falha, falha jurídica.
O VLS e o programa espacial devem continuar sob controle militar?
Não tenho opinião formada a este respeito. Nada tenho contra
militares. Um executivo que domine toda a complexidade do programa VLS, seja
militar ou civil, tenho certeza que será muito bem vindo. Porém, o comando de
um programa da envergadura do VLS não pode ser usado apenas como trampolim para
promoções na carreira militar. Certamente, o tempo necessário para se conhecer
toda a complexidade do programa VLS é muito superior ao tempo mínimo que um
militar deve permanecer no posto apenas para contar pontos em sua carreira
militar.
Uma queixa dos familiares das vítimas é que alguns dos maiores
responsáveis diretos pela tragédia não sofreram qualquer punição, ao contrário,
foram promovidos. O sr. concorda com essa avaliação?
Não acompanhei a carreira dos responsáveis pelo programa VLS,
portanto não tenho como afirmar. O que soube é que o brigadeiro Couto (a quem
passei a admirar pela integridade e competência), que presidiu com isenção e
competência a Comissão que apurou as causas do acidente, da qual participei,
não galgou degraus mais elevados em sua carreira militar. Também não sei o
motivo da interrupção de sua carreira militar, apenas espero que não tenha sido
o fato de ter “incomodado” alguém por ter presidido e conduzido, com isenção e
competência, os trabalhos da Comissão.
Os familiares receberam as devidas reparações de ordem material e
de ordem simbólica, que pudessem compensar as perdas sofridas?
Se compararmos os valores recebidos pelas famílias das vítimas,
com os valores recebidos por famílias de vítimas de acidentes semelhantes nos
Estados Unidos da América, conclui-se que deveriam ter recebido reparações materiais
de maior monta. Quanto à reparação de ordem simbólica, a melhor será o sucesso
do programa VLS.
Encerrados os trabalhos da Comissão, restou para o sr. algum
aprendizado pessoal, como resultado dessa experiência certamente difícil e
dolorosa?
Sim. O mais óbvio aprendizado é de cunho humano. Perdas são
irreparáveis, principalmente quando se trata de alguém tão cheio de vida,
tão cheio de planos e projetos, de alguém com presença tão marcante em sua
família como meu irmão Cesar. A morte de alguém que cumpriu todos os seus
ciclos de vida, deixa saudades, mas é entendida como natural. Porém, a morte
prematura de alguém, com ciclos de vida ainda a cumprir, não é sentida da mesma
maneira. Fico sempre com a impressão de que meu irmão não deveria ter morrido,
que não era a hora dele, que a missão dele aqui ficou incompleta, ele ainda
tinha muito a fazer. Há também o aprendizado de ordem prática, que confirma o
adágio conhecido como “Lei de Murphy”, capitão da Força Aérea Americana, que
disse: “Se alguma coisa tem a mais remota chance de dar errado, certamente
dará”. Ironicamente, o pessoal da Força Aérea daqui não prestou a devida
atenção à Lei de Murphy e deu errado, 21 morreram!!!
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 25ª - Setembro de 2013
Comentário: Bom é isso ai leitor por hoje. Amanhã darei
sequência com os últimos artigos dessa edição especial que eu espero estimule
os debates sobre o tema.
Uma pesquisa independente, realizada utilizando literatura técnica e científica sobre o acidente com o VLS-1 V03 está disponível em: < http://dallapiazza.wordpress.com >.
ResponderExcluir" SERÁ QUE POR NEGLIGÊNCIA , MURPHY INTERCALOU O BOTÃO DE IGNIÇÃO? "
ResponderExcluirA lei de Murphy é um adágio ou epigrama da cultura ocidental. O criador dessa lei foi o capitão da USF, Edward Murphy. Ele era um dos engenheiros envolvidos nos testes sobre os efeitos da desaceleração rápida em piloto de aeronave.
O pai dos foguetes , Dro. Werner Von Braun, comentou certa feita, no interior da Casa Mata: -" quando algo sai errado eu fico mais satisfeito do que quando tudo funciona bem. Um fracasso indica exatamente onde errei, mas êxito de hoje pode esconder deficiências que comprometeriam outro êxito mais importante amanhã".
Concordo com gênero, número e grau, o que o professor Luciano Varejão comentou sobre a lei de Murphy.
Após levantamentos de artigos referentes a está maravilhosa lei, enumerei algumas que tem haver com o acidente do nosso VLS, tais como:
1. Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior
maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível.
2. Nada é tão fácil quanto parece, nem tão difícil quanto a explicação da falta
do manual operacional e check list do Lançamento.
3. Se há possibilidade de várias coisas darem errado, todas darão - ou a que
causar mais prejuízo.
4. Acontecimentos infelizes sempre ocorrem em série
5. Em qualquer fórmula, as constantes (especialmente as registradas nos
manuais de engenharia) deverão ser consideradas variáveis.
6. As peças que exigem maior manutenção ficarão no local mais inacessível
do aparelho ( Squib de Ignição, localizado no centro do grão do propelente);
7. A Natureza está sempre à favor da falha
8. Entre dois acontecimentos prováveis, sempre acontece um improvável.
9. Qualquer programa quando começa a funcionar já está obsoleto.
10. Só quando um programa já está sendo usado há seis meses, é que se
descobre um erro fundamental.
11. Em qualquer circuito eletrônico, o componente de vida mais curta será
instalado no lugar de mais difícil acesso.
12. Qualquer desenho de circuito eletrônico irá conter: uma peça obsoleta,
duas impossíveis de encontrar, e três ainda sendo testadas
13. A informação mais necessária é sempre a menos disponível.
14. Confiança é aquele sentimento que você tem antes de compreender a
situação.
15. O material é danificado segundo a proporção direta do seu valor
16. Se você não está confuso, não está prestando atenção.
17. Tudo que começa bem, termina mal. Tudo que começa mal, termina pior.
18. Amigos vêm e se vão, inimigos do nosso PEB se acumulam
Prezados leitores
ResponderExcluirNão existiu um botão de ignição, pois a capacitância intrínseca existente nos quatro detonadores e nos seus oito fios de 5 m de comprimento sem blindagem, carregou-se com eletricidade estática gerada pelo Campo Elétrico Vertical atmosférico que no instante do acidente alcançou o valor aproximado de 3 kV.
Os detonadores foram colocados numa condição de ARMADOS com milhares de volts entre seus pinos e suas carcaças.
Não podemos aceitar que ocorreu a lei de Murphy num projeto no qual não houve a aplicação das normas técnicas referentes ao(DMS) e ao circuito de segurança e atuação dos detonadores. Basta lerem minha pesquisa em < http://dallapiazza.wordpress.com > para verificarem que não colocaram as proteções exigidas pelas normas.
Além de não terem sido colocadas as proteções, quatro detonadores foram conectados na condição ARMADOS (sem DMS, sem proteções da linha de fogo, com os fios carregados a milhares de volts, sem avisarem os trabalhadores, com a realização da medição da resistência do aterramento de hora em hora desnecessariamente e violando a norma que proíbe estas medições na presença de detonadores, mais a fonte de eletricidade estática contínua ao redor da coifa principal).
Qual o nome que é dado para uma situação inversa à lei de Murphy, na qual existem todos os fatores necessários e suficientes para ocorrer um acidente com 100% de certeza?
Não foram cidadãos estrangeiros que criaram esta situação, foram brasileiros civis e militares.
Eu sei que é difícil admitir que isto tenha ocorrido, mas foi o que ocorreu.
Mas se houve um acordo entre a associação das famílias das vítimas e o IAE/CTA/COMAER, então pouco importa ler a minha pesquisa e é melhor acreditar em lei de Murphy.
Para aqueles que não acreditam que tenha ocorrido a lei de Murphy no acidente do VLS-1 V03, leiam < dallapiazza.wordpress.com > e vocês passarão a ter consciência do que realmente ocorreu.
Atenciosamente
Emiliano