Homenagem Emociona Familiares e Amigos
Olá leitor!
Dando sequência a ‘série especial’ com os artigos e matérias
postadas na edição de nº 25 do “Jornal do SindCT” de setembro de 2013, que
trata do programa do VLS-1 e do trágico acidente com os 21 heróis de Alcântara,
segue abaixo o segundo dos artigos.
Duda Falcão
Nossa Pauta 2
Homenagem Emociona Familiares e Amigos
Fernanda Soares
Jornal do SindCT
Setembro de 2013
A homenagem foi bela, simples, mas acima de tudo
emocionante. Exatos dez anos após a tragédia de Alcântara, que abalou a
comunidade científica do IAE-DCTA e INPE e comoveu o país, as famílias das
vítimas reuniram-se no Memorial Aeroespacial Brasileiro (MAB) para assinalar a
data e relembrar seus entes queridos.
Vinte e um tiros de rojão foram disparados pontualmente
às 13h26, horário do acidente. Logo após, viúvas, irmãos e filhos leram textos
que foram escritos há nove e dez anos. Também compareceram amigos e colegas de
trabalho, que não conseguiram conter as lágrimas. Os familiares se sentiram
reconfortados ao compartilhar a dor que carregam nestes dez anos. Aparecida
Garcia, viúva de Gines Ananias Garcia, diz que os dias ainda se alternam entre
“altos e baixos”.
Seu objetivo é continuar trabalhando, “mantendo o foco” e
vencendo um dia após o outro. “Sei que algumas viúvas já se casaram novamente,
já se separaram... mas eu ainda não consigo. A gente tinha um vínculo de alma,
não está sendo fácil viver sem ele”, revela. Cabelereira, Aparecida precisou se
desfazer do salão após a perda do marido, pois não conseguia se concentrar no
trabalho.
Hoje, ela presta serviços em outro salão. Rodrigo, seu
filho, diz sentir falta dos momentos de conversa que tinha com o pai. “Eu tinha
a impressão de que ele sempre sabia a coisa certa a dizer e os momentos em que
eu não precisava ouvir nada, só precisava da presença dele. Ele era um cara
bastante especial”.
Vinícius Pereira, filho de José Eduardo Pereira, não teve
a oportunidade de conviver muito com o pai. Quando o acidente aconteceu ele
tinha apenas dois anos. O que ele sabe do pai e de seu trabalho, portanto, é
contado pelos familiares. Mesmo assim, a uma indagação sobre a homenagem ao
pai, responde com rapidez: “Achei bem legal, porque é uma forma de falar para
ele que estamos bem”.
Lúcia de Fátima Varejão, viúva de César Augusto
Costalonga Varejão, enxerga nos quatro filhos do casal uma forma de superar a
ausência do marido. “Eu vejo muito ele nos meus filhos e isso me deixa bem...
Meu marido sempre ajudou muito na educação dos filhos e hoje eles estão bem,
graças a ele. Seguem o que o pai ensinou e têm bom caráter”.
Pensão Ameaçada
Não é apenas a dor das perdas que as famílias enfrentam.
Recentemente, o governo questionou o valor das pensões pagas às viúvas e
filhas. Após uma auditoria, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
(MPOG) afirma que a pensão deveria ser de apenas 50% do salário do servidor. As
famílias impetraram uma ação judicial, contestando a decisão. Caso percam,
serão obrigadas a devolver todo o valor recebido “a mais” nestes 10 anos.
“Isso é um absurdo. Já não basta ter perdido meu marido,
agora querem retirar a pensão?”, indaga Aparecida Garcia. Além da pensão
mensal, as indenizações pelas mortes também são questionadas na justiça. Há dez
anos, cada família recebeu R$ 100 mil do governo federal, a título de
“antecipação da indenização”, até que o valor real fosse definido.
Mas, para receber a indenização pela morte, as famílias
também precisaram impetrar ações. E os processos ainda não chegaram ao fim.
“Tem gente que pensa que recebemos indenizações altas e estamos milionárias”,
afirma Doris Cezarini, viúva de Antonio Sérgio Cezarini e presidente da
Associação dos Familiares das Vítimas. Em um dos processos de indenização, foi
determinado o valor de R$ 300 mil a ser pago à família.
Contudo, desse montante serão descontados, com a devida
correção monetária, os R$ 100 mil antecipados. A viúva, que não quis se
identificar, está revoltada. “Para a Justiça, a vida do meu marido só vale R$
300 mil! E as pessoas que assistiram à reportagem na TV acham que eu recebi R$
3 milhões”.
Punição dos Culpados
Reunidas após a homenagem, as famílias são unânimes ao
afirmar o que lhes falta: indenização justa e punição dos culpados pelo
acidente. “Sei que é forte, mas sempre digo que meu marido foi assassinado e o
culpado está solto”, protesta Doris, inconformada. A identificação dos
responsáveis pela catástrofe, e as correspondentes punições, dariam conforto
aos familiares e os ajudariam a superar a dor.
Texto escrito pela filha de Antônio Sérgio Cezarini, lido
em 22/8
Pai
Saudade...
Saudade do teu sorriso
Das tuas palhaçadas...
Tua risada gostosa
Teu assovio quando estava perdido no
Supermercado
Tua mão grossa
Teus olhos brilhosos
Tua orelhinha pequena
Saudades de quando você me cobria antes
de dormir
De quando me chamava de franguinha
Quando chamava a mãe de cuchinha
De quando perguntava como foi meu dia
na aula
Quando perguntava se eu tinha ballet...e eu
ficava brava, porque tenho ballet todo dia!
Saudade de ouvir o barulho da sua chave
chegando pra me buscar na academia
Saudade de te acordar e falar: pai você tá
roncando!
De brigar quando a filmagem não ficava do
jeito que eu queria
De ver a luz vermelha da sua câmera lá no
fundo...
Saudade de te acordar e falar: pai me leva
na aula!
De te ligar mais cedo e falar, me busca!
E você sempre ia!
Saudades de te atormentar porque tua
barriga estava ficando grande
De te ajudar a escolher uma roupa pra sair
De brigar pra você sair logo do computador
Pedir pra você parar de fumar
Saudade de sempre ver você descendo
daquele avião enorme e estar aliviada por
ter chegado bem
Saudades de ter a certeza de que você estava
ali quando eu precisasse
Saudades de você, pai... simplesmente de
você...
de sua filha, Bruna Cezarini
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 25ª - Setembro de 2013
Comentário: O que dizer mais após uma carta dessa Sr.
Fernando Henrique Cardoso? Espero que a sua consciência e dos que participaram de sua trupe possam responder a essa
pergunta. Com essa matéria encerro por hoje. Amanhã darei sequência.
Pelo fato de eu ser habilitado em Engenharia Mecânica (ITA 77), ter concluído Extensão Universitária em Engenharia de Armamento Aéreo (ITA 84) e habilitado em Engenharia de Segurança do Trabalho (FEI 95), eu criei a página da Internet cuja URL é: < http://dallapiazza.wordpress.com >, para orientar os atuais e futuros engenheiros aeroespaciais, formados ou não pelo ITA, sobre os riscos e medidas preventivas que devem ser adotadas no projeto do circuito de segurança e atuação dos foguetes de sondagem e lançadores de satélite.
ResponderExcluirAtenciosamente
Eng Emiliano