'Sabia Que Era Errado, Mas Não Tinha Escolha', Diz Ex-Diretor do INPE
Olá leitor!
Segue abaixo uma pequena entrevista com o ex-diretor
do INPE, Gilberto Câmara, sobre a ameaça de anulação de vagas do instituto, postada ontem (21/09)
no site do jornal “O Estado de São Paulo”.
Duda Falcão
SÃO PAULO
'Sabia Que Era
Errado, Mas Não Tinha
Escolha', Diz Ex-Diretor do INPE
O Estado de S.Paulo
21 de setembro de 2013 | 2h 04
Então diretor do INPE na época em que foram
realizados os concursos considerados irregulares pela Justiça, o pesquisador
Gilberto Câmara defendeu, em entrevista ao Estado, sua atitude e disse
que o que está ocorrendo no instituto é uma "crise já anunciada".
Qual era a situação em 2010?
Como eu insisto em dizer, o modelo de gestão está falido.
O INPE tem uma missão com a sociedade, de monitorar o desmatamento, fazer
previsão do tempo, controlar os satélites, etc. O País dá dinheiro para o INPE
tocar essas missões, que são exclusivas, mas não dá estrutura de gestão para
ele funcionar. Ao estar inserido na administração direta, todos os seus
funcionários têm de ser públicos, e fica uma luta contra o sistema, que não
abre vagas. Eu precisava contratar gente, não tinha vaga. Me deram a opção dos
contratos temporários. Eu sabia que estava errado, mas não tinha escolha. Ou
diria que no dia seguinte pararia a previsão do tempo? Sabia que isso poderia
ser questionado na Justiça. Mas qual a alternativa? Meu compromisso era com o
público brasileiro.
Há realmente esse risco
de paralisação agora?
Essas pessoas são essenciais para a previsão do
tempo. Vai parar. É um absurdo. É uma crise séria, anunciada. Quando a ação foi
iniciada pelo Ministério Público, sabia que era causa perdida. O argumento que
usamos para justificar - que era a importância daquelas pessoas para o processo
- era derrubável. Justamente por elas serem importantes, não poderiam ser
contratadas em caráter temporário. Mas o juiz poderia entender que o INPE tomou
a decisão possível para cumprir sua obrigação perante a sociedade.
Pelo contrário. Pela
sentença dá para perceber que o juiz não concordou com esse argumento.
Sim, o juiz disse: "As justificativas
apresentadas pelo diretor-geral do INPE, em juízo, causam certa espécie a este
magistrado, porquanto o administrador público, apoderando-se de competências
que não lhe foram outorgadas, entende ser inadequado o regime jurídico único ao
INPE". Mas eu acho mesmo. Eu descumpri porque a lei está errada.
Para o senhor, qual
seria o modelo certo para o INPE?
Pelas missões que o INPE tem, ele deveria ser uma
organização social, que pode contratar e demitir quando precisar. Tem função
que tem de ser de funcionário público, como diplomata, policial. Mas um
cientista não precisa ser. Ele tem de ser bom e trabalhar. O INPE precisa de
bons cientistas, bons engenheiros, não é uma missão de diplomatas, nada exige
que sejam funcionários públicos. / G.G.
Fonte: Site
do jornal O Estado de São Paulo - 21/09/2013
Gente procurando melhorar as leis ultrapassando-as. Pessoalmente sou contra violar qualquer tipo de lei, mas no Brasil se dá um caso que se poderia chamar desespero, não só a nível do INPE mas de todo o país. Quando os políticos nem sequer velam para fazer melhorias nas leis para beneficiar a população e agir em nome de quem os elegeu, eles simplesmente se estão marimbando para o que todos pensa sendo o seu único interesse fazer suas negociatas aproveitando a posição que têm, então o país é deixado ao relento. E infelizmente foi nisso que o Brasil se tornou.
ResponderExcluirDisso resultam as coisas mais insolitas como o 'jeitinho brasileiro', negociatas à margem da lei, e justiça sem tribunal (não é a toa que no Brasil ainda existem tantos linchamentos, visto que os cidadãos não confiam nas próprias leis).
Como falei, sou contra a violação de leis, mas como tirar esses políticos e ultrapassar as dificuldades hercúleas impostas por sua ineficiencia e pelas leis labirinticas que ainda existem por aqui? Eu mesmo perdi 1 ano e meio da minha vida só para tentar adaptar um curriculum escolar para o Brasil, tendo que esquecer os metodos considerados "normais" (em outros países, ou seja, comprovar a finalização do ensino obrigatório e entregar as notas do ensino médio para uma banca avaliador para adaptação do curriculum), e tive que partir para a outra via mais facil: esquecer isso e fazer o ENEM, cuja nota te dá a certificação do ensino médio - apesar de já até ter ido para a universidade. Foi literalmente impossivel adaptar meu curriculum escolar por causa das leis e por isso tive que partir para outra alternativa legal. No meu ponto de vista regredi quando cheguei aqui.
TODOS estão desesperados por mudanças e os únicos que não as fazem, e nem querem fazer são os políticos. É por isso que hoje vemos tanto radicalismo. E como mudar isso?
Apesar de ver a atitude do Gilberto Camera como errada, não o posso de forma nenhuma incriminar. Prefiro nem julgar e continuar sonhando com um país em que cidadãos de bem não precisem agir de forma desesperado como aconteceu neste caso. Haja coração!
É dificil
Como eu venho falando ao longo do tempo por aqui. A coisa é bem pior do que pensam.
ResponderExcluirO nosso "modelo legalista" de administração pública, onde para que os administradores possam mover uma palha é necessário criar uma lei, está na constituição, e é sabidamente inviável.
De duas uma, ou se muda a constituição mais uma vez e alteram esse item, ou se poe fim na tentativa de um programa espacial baseado em instituições estatais, sejam elas civis ou militares.
Esse modelo de administração não funciona e nunca vai funcionar, principalmente em áreas que necessitam de agilidade, como é o caso.
E para tornar tudo ainda mais impossível, ainda "quebram" o programa entre instituições civis e militares cada uma subordinada a um ministério diferente.
E a "cereja do bolo" é esse governo populista completamente infestado pela corrupção indo pagar de vítima de espionagem na ONU. Falem sério: esse é o menor dos nossos problemas.
Eu sinceramente estou sentindo uma enorme vergonha de tudo isso, e ainda mais com o fato de o pessoal "de dentro" não fazer absolutamente nada.
Vejam o exemplo dos professores. Tentaram enrolar eles mais uma vez e eles voltaram a greve, e parece que vão conseguir o que querem.
Que sirva de exemplo. Façam alguma coisa !