Radiação em Viagem a Marte Ameaça Saúde de Astronautas

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria postada hoje (31/05) no site “Inovação Tecnológica” destacando que a radiação em viagem a Marte ameaça saúde de Astronautas.

Duda Falcão

Espaço

Radiação em Viagem a Marte
Ameaça Saúde de Astronautas

Redação do Site Inovação Tecnológica
31/05/2013

[Imagem: NASA/JPL-Caltech/JSC]
Comparativo da nave que levou o robô Curiosity
a Marte e da nave Orion, que a NASA está construindo
para levar astronautas além da órbita da Terra.

Doenças do Espaço

As notícias não são nada boas para quem planeja fazer uma viagem a Marte - ainda que seja uma viagem só de ida.

A NASA anunciou que a radiação à qual os astronautas ficariam expostos durante uma viagem de ida e volta a Marte está no limite dos padrões aceitos atualmente.

Acredita-se que o principal efeito da exposição de longo prazo à radiação espacial seja um maior risco de desenvolvimento de câncer. Contudo, não existem testes de longo prazo capazes de dar pistas sobre outros riscos - estudos indicam danos aos olhos e danos neurofisiológicos como outras possibilidades.

As medições agora divulgadas foram feitas pelo instrumento RAD (Radiation Assessment Detector, ou detector de avaliação de radiação), que viajou a Marte a bordo da missão Laboratório Científico de Marte - mais conhecido como robô Curiosity.

O RAD é o primeiro instrumento a medir a intensidade da radiação durante uma viagem a Marte de dentro de uma nave espacial dotada de um escudo de proteção à radiação que é similar ao que uma nave tripulada teria.

Radiações Perigosas no Espaço

[Imagem: NASA/JPL-Caltech/SwRI]
Instrumento RAD (detector de
avaliação de radiação), que está em
Marte a bordo do robô Curiosity.
Duas formas de radiação representam riscos de saúde para os astronautas no espaço profundo.

Uma delas são os raios cósmicos galácticos, partículas produzidas por explosões de supernovas e outros eventos de alta energia fora do Sistema Solar.

A outra são as partículas energéticas solares, produzidas por erupções e ejeções de massa coronal do Sol.

A exposição à radiação é medida em unidades de Sievert (Sv) ou milissievert (mSv - um milésimo Sv).

A exposição a uma dose de 1 Sv, acumulada ao longo do tempo, está associada com um aumento de 5% no risco de desenvolver câncer fatal.

Radiação Rumo a Marte

O instrumento RAD mostrou que o robô Curiosity ficou exposto a uma média de 1,84 milissieverts por dia - uma dose total de 0,662 Sv.

Atualmente, a NASA estabeleceu como aceitável um aumento de 3% no risco de câncer para os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional - isso equivale 0,8 a 1,2 Sv para homens e 0,6 a 1 Sv para mulheres.

Para uma missão a Marte, contudo, a agência espacial tem como limite uma dose total de 0,66 Sv (ou 660 mSv).

"Em termos de dose acumulada, é como se submeter a uma tomografia computadorizada a cada cinco ou seis dias," compara Cary Zeitlin, do Instituto SWRI, coordenador do estudo.

Imagem: NASA/JPL-Caltech/SwRI]
Comparação da dose de radiação equivalente para vários
tipos de situações, incluindo o cálculo da viagem a Marte
- o eixo vertical é logarítmico, ou seja, cada valor é 10 vezes
maior do que o anterior. 

Escudos e Novos Tipos de Propulsão

Outro dado importante revelado pelo experimento é que apenas 5% da radiação detectada teve origem no Sol, o que é devido ao período de baixa atividade observada no atual ciclo solar - ou seja, dependendo do período da viagem, essa dose poderá ser maior.

As estimativas da exposição dos astronautas à radiação não incluem a permanência em Marte, porque essas medições ainda estão sendo realizadas e não foram computadas neste estudo.

De imediato, há duas alternativas para reduzir a dose de radiação à qual os astronautas ficarão submetidos em uma viagem a Marte: descobrir novos tipos de escudos, que ofereçam maior proteção, ou melhorar a tecnologia de propulsão, que possa substituir os foguetes químicos, reduzindo o tempo de viagem.

Bibliografia:

Measurements of Energetic Particle Radiation in Transit to Mars on the Mars Science Laboratory
C. Zeitlin, D. M. Hassler, F. A. Cucinotta, B. Ehresmann, R. F. Wimmer-Schweingruber, D. E. Brinza, S. Kang, G. Weigle, S. Böttcher, E. Böhm, S. Burmeister, J. Guo, J. Köhler, C. Martin, A. Posner, S. Rafkin, G. Reitz
Small
Vol.: 340 no. 6136 pp. 1080-1084
DOI: 10.1126/science.1235989


Fonte: Site Inovação Tecnológica

Comentário: Pois é leitor, é como eu vinha defendendo, não existe ainda tecnologia confiável que possa levar o homem com segurança a Marte e trazê-lo de volta. Note que o problema não está só na questão da propulsão do veículo, mas também na questão dos escudos. A estória de que essa nave Orion irá a Marte pode ter servido para NASA como motivo para angariar mais fundos para o projeto, mas ela mesma sabia que essa nave não tem condições de segurança satisfatória em uma viagem além da orbita lunar. Sem uma propulsão mais eficiente que permita diminuir o voo Terra-Marte dos atuais seis meses para algo em torno de 30 dias no máximo, e sem escudos que sejam mais eficientes do que os atuais, quem se aventurar nessa loucura estará condenando a si mesmo a morte, seja durante a viagem ou quando estiver de volta a Terra, isto é, caso consiga retornar. É verdade que a inventividade humana é extraordinária e soluções aparecerão nos próximos anos, mas achar que o homem pode chegar a Marte em 2018 (como visa o projeto do milionário americano Dennis Tito da Fundação Marte de enviar para esse planeta um casal em janeiro de 2018 abordo de uma modificada espaçonave Dragon da SpaceX) ou o projeto da instituição holandesa Mash One de enviar uma colônia de humanos a Marte em 2022 (note na matéria sobre esse projeto que postamos aqui ontem que o próprio dono da ideia já tirou seu corpo fora), não passam de completos desatinos se levarmos em conta o atual estagio de nossa tecnologia e o prazos estipulados pelos mesmos. Sou um defensor da exploração humana tripulada no espaço, desde que seja feita com um risco aceitável, pois acredito que como espécie não temos outra alternativa. Entretanto, essas duas iniciativas se realmente forem à frente, não me parecem que tenham qualquer possibilidade de êxito e talvez tenham outros objetivos por traz delas, que em minha opinião são objetivos distintos. Tenho impressão que a melhor aposta para uma viagem a Marte seria uma espaçonave movida à propulsão nuclear e que fosse giratória, gerando assim uma gravidade artificial dentro do habitáculo onde os astronautas estivessem alojados. Na teoria, até onde eu sei, essa gravidade artificial não só resolveria os problemas gerados pela microgravidade no corpo humano, como também serviria com uma espécie de escudo contra as radiações, protegendo assim os Astronautas. Parece bom, né? Mas infelizmente essa tecnologia encontra-se ainda no campo da ficção científica, pelo menos por mais 20 anos e olhe lá. 

Comentários

  1. Existe uma tecnologia em desenvolvimento por um ex astronauta da NASA, que permitirá a viagem à Marte em menos de 40 dias! Essa nova tecnologia é um novo tipo de propulsão a plasma, o protótipo se chama VASMIR e irá ser testado na estação espacial em 2015.

    É bem promissora essa tecnologia!

    http://www.adastrarocket.com/aarc/VASIMR

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    Respostas
    1. Verdade Mensageiro!

      Existe mesmo essa iniciativa (já citada aqui no blog algumas vezes), mas a sua utilização gera ainda uma grande dúvida junto a Comunidade Científica quanto a ser utilizada com eficiência em naves espacias tripuladas, coisa que não ocorre quanto as naves robôs, enquanto o uso da propulsão nuclear não deixa nenhuma dúvida quanto a sua viabilidade. Esse teste do protótipo VASMIR em 2015, se realmente ocorrer, pode ser um divisor de águas para provar a viabilidade dessa tecnologia em naves tripuladas, mas por enquanto a melhor aposta continua sendo a propulsão nuclear.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  2. Sinceramente o homem irá a Marte até 2030, não teremos daqui até lá os conhecimentos necessários para tornar essa viagem completamente segura, mas se pensarmos que o homem foi a lua em 1969 com uma tecnologia menor do que a existentes em muitos celulares atuais e somente 10 anos pós o primeiro ir ao espaço, ir a Marte será uma loucura igualável.

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