Setor Aeroespacial Busca Engenheiros
Olá leitor!
Segue abaixo uma excelente matéria da jornalista Virgínia Silveira publicada hoje (25/04) no jornal “Valor Econômico” destacando que o "Setor Aeroespacial Brasileiro" está em busca de engenheiros.
Duda Falcão
Setor Aeroespacial Busca Engenheiros
Virgínia Silveira
Valor Econômico
25/04/2011
O mercado de Defesa está crescendo no Brasil e, com ele, a necessidade de uma mão de obra especializada em novas tecnologias para atuar na indústria aeroespacial. Esse tipo de profissional, no entanto, ainda é escasso no país.
Empresas como a Embraer e a Helibras, envolvidas em programas complexos de desenvolvimento de aeronaves, helicópteros e sistemas de segurança e Defesa estão sendo obrigadas a se mobilizar e a investir mais na formação de talentos e na especialização dos funcionários.
Iniciado em 2001, o Programa de Especialização em Engenharia (PEE) da Embraer, por exemplo, já formou mais de mil profissionais. Depois de reduzir suas atividades em 2009 por conta da crise, ele está sendo ampliado agora com a formação de novas turmas no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), parceiro no desenvolvimento do curso.
Segundo a Embraer, o investimento no programa aumentou consideravelmente, passando de R$ 2,8 milhões em 2010 para R$ 6,7 milhões este ano, valor que deverá ser mantido em 2012. Em fevereiro, foi iniciada uma turma com 57 engenheiros recém-formados e, em agosto, haverá a seleção de mais 60 alunos - a média por ano deve ser de 100.
Para Diogo Jundi Toyoda, que foi aluno do PEE e hoje trabalha como engenheiro de desenvolvimento de produto da Embraer, o programa proporcionou uma visão bastante ampla da aeronáutica. Atualmente, isso o ajuda a entender melhor os desafios da sua área e a oferecer soluções mais eficientes para a empresa.
Na Helibras, a produção de 50 helicópteros EC-725 no Brasil- um contrato de € 1,847 bilhão, envolve um processo gradual de transferência de tecnologia, que exigirá a contratação de mais 500 empregados até 2012, o dobro do número atual. Segundo o presidente da Eurocopter, Lutz Bertling, a contratação de mão de obra qualificada será fundamental para dar suporte ao crescimento da produção de aeronaves para o mercado civil e para cumprir os contratos com o Ministério da Defesa.
Essa será a primeira vez que a Eurocopter implementará uma linha de montagem de um helicóptero tão sofisticado fora da França ou da Alemanha.
A área de engenharia da Helibras assumiu a responsabilidade de montar a nova equipe. "A Eurocopter está firmando convênios envolvendo a Helibras, a Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e uma universidade francesa para a troca de conhecimentos e treinamento", diz Richard Marelli, diretor do programa EC-725 no Brasil.
Uma das principais referências no Brasil na formação de engenheiros aeronáuticos, o ITA também tem sido solicitado pelas empresas para ampliar a oferta de cursos. Segundo o reitor da instituição, brigadeiro Reginaldo dos Santos, o instituto quer lançar uma nova pós-graduação em engenharia aeroespacial. O programa, que irá integrar vários grupos de pesquisa do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), está sendo avaliado pela Capes e a expectativa é de que ele seja aprovado este ano.
Em 2010, o ITA lançou o curso de graduação em engenharia aeroespacial, oferecendo 10 vagas para o vestibular realizado no final de 2010. O novo curso, segundo o reitor, foi um pedido não só da indústria, mas dos institutos de pesquisa como o INPE e o DCTA, que ao longo dos últimos anos vêm perdendo cientistas por conta de aposentadorias e da transferência para a iniciativa privada. A Vale Soluções em Energia (VSE), do grupo Vale, também renovou o seu contrato com o ITA para a realização de mais um mestrado profissionalizante na área de turbinas a gás.
Outro doutorado que começará em breve no ITA é na área de infraestrutura aeronáutica. Ele vai dar continuidade ao projeto de expansão nos cursos de graduação. O objetivo é dobrar o número de vagas das atuais 120 para 240 por ano. As obras nas instalações do ITA, segundo Santos, devem começar em 2012 e a previsão é que consumam R$ 60 milhões. "Vamos aumentar as vagas em 20%."
A empresa sueca Saab, que atua nos segmentos de Defesa, aviação e segurança civil, vai inaugurar em maio um centro de pesquisa e desenvolvimento de alta tecnologia em São Bernardo do Campo (SP). "Estamos negociando várias cooperações acadêmicas entre as universidades suecas e as indústrias brasileiras. Além disso, criamos um curso de especialização em engenharia de Defesa no ITA, nos mesmos moldes do PEE da Embraer", diz o vice-presidente de tecnologia da Saab, Pontus de Laval.
O centro conta com a participação de empresas como a Volvo, Vale, Inventia e de agências governamentais da Suécia, além de institutos de tecnologia como o Royal Institute e a Chalmers University.
Propostas para Alunos Estão Acima do Mercado
Celeiro de notáveis para o mercado de trabalho, os engenheiros formados pelo ITA não são disputados apenas pelas empresas e institutos de pesquisa do setor aeroespacial e de defesa brasileiros. A partir do quarto ano, os alunos são bombardeados com oportunidades de estágios em empresas de consultoria de negócios, principalmente do setor financeiro.
A proposta é sempre tentadora: remuneração acima da média do mercado, treinamentos constantes no Brasil e no exterior e a possibilidade de apoiar grandes empresas em suas questões estratégicas. As companhias chegam a levar os alunos para a apresentação institucional, para o coquetel e também para as entrevistas.
Aluna do segundo ano de engenharia eletrônica no ITA, Mariana Caldas, de 20 anos, já sabe qual caminho seguir em sua carreira. "Quero atuar em uma consultoria financeira ou de engenharia. Os salários são melhores, e o trabalho é dinâmico e desafiador", justifica. Nas próximas férias, ela vai fazer estágio em uma consultoria de engenharia em sua terra natal, Fortaleza. "O dono é ex-aluno e o fato de eu estudar no ITA conta a favor."
João Paulo de Andrade Dantas, por sua vez, está no primeiro ano de engenharia eletrônica e pretende seguir a carreira militar e trabalhar com pesquisa no DCTA ou com atividades mais operacionais da Força Aérea Brasileira (FAB). Dantas, que chegou a cursar a Academia da Força Aérea (AFA), mas desistiu de ser piloto, pretende fazer estágio fora do Brasil - a instituição tem convênio com universidades da Alemanha e da França.
Embora tenha escolhido o curso de engenharia Aeronáutica, Ricardo Furquim também prefere trabalhar em uma consultoria financeira ou em um banco de investimentos depois de se formar. Antes disso, quer passar três anos em Harvard ou no MIT (Massachusetts Institute of Technology), no qual o ITA se inspirou ao ser criado.
Para o reitor do ITA, Reginaldo dos Santos, a depressão econômica e a falta de mercado para engenheiros nas décadas de 1980 e 1990 influenciaram a ida de muitos ex-alunos para instituições financeiras. "Parte dos grandes avanços na área de automação bancária se deve à contribuição de profissionais que estudaram no ITA", garante. (VS)
Candidatos do Nordeste se Destacam no ITA
Considerada a escola mais difícil e concorrida do país, o ITA estimulou a criação de cursos preparatórios direcionados ao seu nível de exigência. Para o vestibular de 2010, mais de 7.600 estudantes concorreram às 120 vagas oferecidas, uma média de 65 candidatos por cada vaga. Em São José dos Campos, o curso Poliedro mantém a posição de liderança no ranking dos que mais aprovam no ITA nos últimos 15 anos.
Entre as unidades de São José dos Campos e São Paulo, o Poliedro conta hoje com um total de 450 alunos que se dedicam exclusivamente ao vestibular do ITA. "A inteligência não é fator primordial para a aprovação. O que importa é a confiança que o aluno tem em si mesmo e o quanto ele batalha", afirma o proprietário do Poliedro, Nicolau Arbex Sarkis.
Uma particularidade que tem chamado a atenção dos organizadores do vestibular nos últimos anos é a grande quantidade de alunos oriundos do Nordeste e, especialmente, do Estado do Ceará. A região, curiosamente, foi berço do fundador do ITA, o brigadeiro Cassimiro Montenegro Filho e também do reitor, o brigadeiro Reginaldo do Santos. Ele, inclusive, lidera a lista dos 22 alunos que, em toda a história da escola, receberam a menção honrosa "Summa Cum Laude", conferida aos que tiveram média geral acima de 9,5 durante todo o curso.
Dos 120 aprovados no vestibular do ano passado, 30 são de Fortaleza e um total de 40, da região Nordeste. O Estado também apareceu em quarto lugar em número de inscritos (633) para o vestibular do ITA de 2010, atrás de São Paulo (1.567), Rio de Janeiro (896) e São José dos Campos (720). Um dos principais responsáveis pelo grande número de aprovados cearenses nos últimos 15 anos é o colégio Farias Brito, de Fortaleza. "Existem escolas que preparam para a vida; outras, para desafios como vestibulares e olimpíadas. Nós fazemos as duas coisas", diz o superintendente Tales de Sá Cavalcanti.
Em 2010, segundo Cavalcanti, o Farias Brito teve um dos maiores índices de aprovação nos vestibulares mais concorridos do país. "Foram 35 alunos no IME (Instituto militar de Engenharia) e 14 no ITA." A escola obteve nota 597,53 no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009 - a média no país foi 500.
Régis Prado Barbosa, por exemplo, estudou no Farias Brito desde a educação infantil e hoje está no ITA. Foi o único brasileiro a conquistar medalha de ouro em uma competição internacional de matemática, realizada na Bulgária, no ano passado. "Na 38ª Olimpíada Internacional de Física no Irã, a Sociedade Brasileira de Física selecionou os cinco melhores alunos do país. Destes, quatro foram alunos do Farias Brito", orgulha-se.
A excelência dos cursos de engenharia do ITA, com a formação de profissionais diferenciados e a certeza de um emprego depois de formado, tem forte apelo no Ceará desde os anos 1990. "Os cursinhos locais fazem uma divulgação maciça das aprovações na escola e usam isso para atrair novos alunos. Do lado do estudante, entrar na instituição é sinônimo de ascensão social, ainda mais para quem mora no Nordeste", diz.
Dos aprovados no vestibular 2010/2011, 87% estudaram em escolas privadas e 13% em colégios militares. Mais de 74% dos candidatos fizeram, em média, dois anos de cursinho e têm cerca de 19 anos. Em geral, aproximadamente 50% dos candidatos fazem a opção para estudar como civis e a presença feminina tem variado entre 5% e 8% a cada ano. Em 2011, seis mulheres foram aprovadas. (VS)
Fonte: Jornal Valor Econômico via NOTIMP da FAB - 25/04/2011
Comentário: Fica difícil assim leitor. Anos de inércia do governo nos levou a essa situação apesar dos apelos dramáticos e repetitivos anos a fio da comunidade científica formada por civis e militares. É desestimulante e o pior é que apesar do discurso pomposo de mudanças nada foi feito em oito anos de governo LULA e teremos ainda de esperar até o final do ano para ver se a DILMA seguirá ou não o seu exemplo. Lamentável. Parabéns a jornalista Virgínia Silveira pela grande matéria e aos b...loides de Brasília pela situação.
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