O Centro de Rastreio e Controle de Satélites (CRC)
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo escrito pelo Dr. Valcyr Orlando do Centro de Rastreio e Controle De satélites (CRC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e publicado na última edição da revista da Associação Aeroespacial Brasileira (AAB) destacando as atribuições deste importante centro brasileiro e um pouco de sua história.
Duda Falcão
CRC - Centro de Rastreio e
Controle de Satélites
Valcyr Orlando (*)
O Centro de Rastreio e Controle de Satélites (CRC) é o órgão responsável pelas atividades de operação de satélites artificiais do instituto. Dispõe de um conjunto de sistemas de solo e de recursos humanos altamente qualificados para o cumprimento de sua missão, que é garantir a utilização segura dos satélites sob sua responsabilidade operacional. O CRC foi criado em 1988 tendo em vista a necessidade de preparação do INPE para atender aos requisitos de operação do SCD1, seu primeiro satélite, lançado em 9 de fevereiro de 1993.
O CRC é composto pelas estações terrenas de rastreio de Cuiabá, em Mato Grosso, e de Alcântara, no Maranhão, além do Centro de Controle de Satélites (CCS) em São José dos Campos, SP. Em Alcântara, além da estação principal existe uma mini-estação de rastreio para satélites científicos, construída por meio de um acordo de cooperação com a França, com função primária de recepção de dados do mini-satélite francês COROT, lançado em 2006. O CRC opera 24 horas por dia, 365 dias por ano.
As estações de rastreio contêm as antenas e demais equipamentos responsáveis pela comunicação com os satélites controlados. Durante períodos de visibilidade de um dado satélite o sinal transmitido por ele é captado pela antena da estação, sendo estabelecido um enlace descendente de telecomunicação. Esse sinal contém a telemetria do satélite com informações que permitem a monitoração, em solo, do estado de funcionamento dos equipamentos de bordo. A estação estabelece também um enlace ascendente, para o envio de telecomandos e execução de medidas de rastreio (distância e velocidade), necessárias ao processo de determinação de órbita. Este processo permite a geração, para cada estação, de arquivos de previsão das próximas passagens dos satélites controlados sobre ela, que incluem estimativas dos ângulos de apontamento da antena de rastreio ao satélite, em cada passagem prevista. O sinal recebido de cada satélite é transmitido, em tempo real, ao CCS, por meio de uma rede dedicada de comunicação de dados. No CCS, as mensagens de telemetria contidas no sinal são decodificadas, visualizadas em tempo real e armazenadas em arquivos históricos.
No sentido contrário, os telecomandos gerados pelo CCS são transmitidos à estação que, por sua vez, os transmite ao satélite.
Equipe participante da campanha de lançamento do
satélite SCD1 na sala de Controle Principal do Centro de
Controle de Satélites do INPE, em 1993
A realização das atividades do CRC envolve não somente a fase de operação de rotina dos satélites, propriamente dita, mas também as fases de preparação para o controle e suporte a lançamentos. Estas últimas incluem a adequação da infra-estrutura de solo, a preparação de planos e procedimentos operacionais, o treinamento de pessoal e a realização de ensaios simulados das atividades de suporte ao lançamento e órbitas iniciais de cada satélite.
Um fato curioso: em 1987, Rolf Münch, chefe da Divisão de Dinâmica de Vôo do ESOC ((European Space Operations Centre), esteve no INPE, para participar da Revisão Crítica de Projeto do sistema de solo para controle de satélites. Levado ao local onde seria construído o prédio do CCS, o revisor tomou uma pá e um capacete de proteção junto a um funcionário que trabalhava no local e desferiu alguns golpes no solo simulando o início das obras de construção do prédio.
Este ato curioso foi registrado em algumas fotos, uma delas apresentada abaixo. A construção do prédio do CCS foi efetivamente iniciada poucos dias após o fato, tendo sido concluída no ano seguinte (1998).
(*) O Dr. Valcyr Orlando é membro fundador da Associação Aeroespacial Brasileira (AAB) e servidor do Centro de Rastreio e Controle de Satélites (CRC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais [INPE]
Fonte: Revista da Associação Aeroespacial Brasileira (AAB) - núm 05 - Jul-Set de 2010 - Pág. 02
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