Grupo de Pesquisadores do IAG Estuda Meio Interestelar
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada dia (21/01) no site da “Universidade de São Paulo (USP)” destacando que um grupo de pesquisadores do IAG/USP estão estudando as propriedades e os fenômenos do Meio Interestelar.
Duda Falcão
Ciências
Grupo de Pesquisadores do IAG
Estuda Propriedades e Fenômenos
do Meio Interestelar
Luiza Caires
USP Online
21/01/2011
Uma pessoa comum que olha o céu de uma noite limpa geralmente se concentra em admirar a beleza e a disposição das estrelas. Mas para os estudos dos astrônomos, dependendo do caso, o que existe entre as estrelas pode ser ainda mais importante. No Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, um grupo numeroso de pesquisadores se dedica justamente a investigar essa região, chamada de meio interestelar.
A professora Vera Jatenco-Pereira explica que é o meio interestelar o destino do material sintetizado pelas estrelas em suas reações, e também o local de nascimento de outras estrelas. Daí a importância de se conhecer as substâncias presentes e os processos que lá acontecem.
Também docente do IAG dedicado ao estudo desta área, Jacques Lépine acrescenta que o meio interestelar é mais favorável, comparado a outras regiões do espaço, ao encontro de átomos para formação de moléculas. Por isso, alguns pesquisadores defendem até mesmo que seja este o local onde se originou a vida. “Ainda que a vida propriamente não tenha surgido no meio interestelar, lá encontramos átomos e moléculas de carbono que são suas precursoras”, observa.
Pó Valioso
99% do meio interestelar é composto de gás, e 1% de poeira interestelar: silicatos, grafite e gelo “sujo” (água congelada contaminada com alguns traços de amônia, metano e outros componentes), em partículas muito pequenas.
Segundo Vera, uma das conseqüências da presença da poeira é que as estrelas parecem menos brilhantes e mais vermelhas do que realmente são. “A distância entre uma estrela e outra é muito grande, e o comprimento de onda de cada fóton de luz emitido precisa ser maior do que o diâmetro da partícula que ele encontra no caminho, para que a atravesse”, diz a pesquisadora. É como um farol de um carro na neblina: boa parte da radiação é absorvida pela poeira – e a quase totalidade da luz que as estrelas emitem, como o infravermelho, que tem comprimento de onda grande, só pode ser observada com instrumentos específicos.
A poeira também explica a relativa facilidade de formação de moléculas. “Quando um átomo encontra outro e forma uma molécula, há emissão de energia. Esta energia, no vácuo, seria suficiente para separar os átomos novamente, mas o grão de poeira a absorve, e a molécula permanece”, explica Lépine.
Nebulosas e o Berçário Estelar
Outros dados do meio interestelar, como a temperatura, a densidade e a composição dos gases despertam a atenção dos astrônomos. Tais características dão origem a fenômenos interessantes, como as nebulosas. Modelos para imagens que figuram entre as mais bonitas da astronomia, são constituídas de nuvens de poeira e plasma de hidrogênio (gás ionizado, estado em que os elétrons, ao se recombinarem com o núcleo, podem pular de uma órbita a outra do átomo, sendo comum a emissão de luz neste processo).
Os tipos mais conhecidos de nebulosas são as de emissão (nuvens brilhantes e quentes de matéria interestelar), de reflexão (nas proximidades de estrelas que não são quentes o suficiente para ionizar o gás), as nuvens escuras de poeira, e as nuvens moleculares.
As nuvens moleculares são regiões propícias para a formação estelar, “herdando” o material que está distribuído no meio. Uma das teorias mais aceitas é a de que as estrelas se formam quando o material da nuvem entra em colapso, isto é, há desequilíbrio entre a força gravitacional e a pressão do gás dentro da nuvem.
A Contribuição do IAG
Mas o processo de formação das estrelas não termina aí, sendo muito mais complexo, assim como os demais fenômenos do meio interestelar. Daí a necessidade de estudos sobre cada propriedade deste meio e a investigação minuciosa de cada uma das etapas da formação das estrelas.
“O estudo do meio interestelar é muito amplo. Envolve química, observação, teoria, modelos, entre outros”, comenta a professora Vera. As pesquisas a que se dedicam docentes e pós-graduandos do IAG incluem a coleta de dados com o uso de telescópios e radioastronomia; a análise destes dados, privilegiando-se pontos de interesse específicos; e também a formulação de teorias.
O Grupo de Polarimetria do IAG, por exemplo, que é coordenado por Antonio Mário Magalhães, utiliza observações da polarização da luz produzida pela poeira para mapear campos magnéticos no meio interestelar. Também do lado observacional, equipes lideradas pela professora Jane Gregorio-Hetem fazem uso da espectroscopia, entre outras coisas, para estudar regiões de formação de estrelas.
Elisabete de Gouveia Dal Pino desenvolve modelos teóricos de jatos em estrelas em formação, as proto-estrelas. Os docentes Walter Maciel e Roberto Costa estudam, entre outros pontos, como as galáxias estão evoluindo quimicamente. E a professora Ruth Gruenwald lida com nebulosas planetárias e nebulosas fotoionizadas, investigando a emissão de linhas.
Já a professora Vera Jatenco trabalha com os ventos estelares, que são fluxos contínuos de partículas das estrelas para o meio interestelar. Também atua na área de formação estelar, com modelagem de discos de acreção (matéria ao redor de objetos estelares jovens) e ventos de proto-estrelas. Os resultados têm sido divulgados em revistas internacionais como The Astrophysical Journal.
No momento, o professor Lépine pesquisa e orienta pós-graduandos em temas que incluem os braços espirais das galáxias, sua localização e interação com o gás, e o cálculo de distância das estrelas. “Cada doutorando que oriento fica responsável por um assunto, que acaba sendo um pequeno tijolo da construção da ideia geral”, conta.
Suas pesquisas resultam também em publicação de artigos em importantes periódicos internacionais, como o Monthly Notes of Astronomical Royal Society, da Grã-Bretanha, e livros para um público mais amplo, como A Via Láctea, Nossa Ilha no Universo, publicado pela Edusp.
Fonte: Site da Universidade de São Paulo (USP)
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