Brasil Buscará uma Maior Cooperação Espacial com a China

Olá leitor!

Segue abaixo uma notícia publicada hoje (05/04) no jornal “Valor Econômico” destacando que o Brasil pretende aumentar a cooperação espacial com a China, visando construir novos satélites.

Duda Falcão

Brasil Quer Parceria Maior com a
China para Construir Satélites

Sergio Leo
De Brasília

O governo brasileiro aproveitará a visita da presidente Dilma Rousseff à China para discutir com os chineses a ampliação do programa de cooperação em matéria de satélites. O programa sofreu atrasos e o próximo lançamento, do satélite conhecido como CBERS-3, programado originalmente para 2009, deverá ser adiado, mais uma vez, para 2012. Ainda assim, é apontado como o mais bem sucedido programa de cooperação científica e tecnológica entre países emergentes e tem incentivado o desenvolvimento de equipamentos sofisticados em empresas brasileiras.

"Queremos diversificar, ver possibilidades de trabalho conjunto com a China", disse o diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da Agência Espacial Brasileira (AEB), Thyrso Villela. O programa CBERS, hoje, é voltado à construção de satélites para captação de imagens da superfície da Terra, com aplicações na agricultura, no controle de desmatamento, na atuação contra catástrofes naturais e em outras atividades sujeitas a sensoriamento remoto.

A AEB acredita que pode aumentar a cooperação com os chineses em técnicas de sensoriamento remoto, interpretação de dados e estudos científicos como os realizados sobre o clima espacial. "Queremos intercâmbio de técnicos, simpósios, cursos mais extensos, de onde podem surgir outras ideias importantes para a diversificação", acrescenta o chefe da assessoria de Cooperação Internacional da AEB, Carlos Campelo. A cooperação em ciência e tecnologia será objeto de um seminário, com a presença da presidente.

O programa de cooperação entre chineses e brasileiros teve de enfrentar bloqueio de componentes sensíveis por parte dos Estados Unidos, onde a lei de controle no tráfico de armas (Itar) proíbe a venda de produtos americanos com determinadas tecnologias passíveis de uso militar. É forte a sensibilidade no Congresso e no Executivo americanos contra a venda de componentes e artefatos eletrônicos sofisticados à China e subsistemas criados no Brasil para o satélite binacional sofreram atrasos e remodelações provocadas pelo veto ao embarque de componentes comprados e faturados de firmas americanas.

"Não é simples, há uma lista de produtos sujeitos ao Itar, mas ela é constantemente atualizada", diz Vilella. A proibição de compra de um componente pode exigir o redesenho de todo um equipamento, como ocorreu com a Opto, firma brasileira de artefatos ópticos para uso médico que, após trabalhar com o Centro Tecnológico da Aeronáutica para desenvolvimento de mísseis teleguiados, foi escolhida, em concorrência, para fabricar câmeras para os satélites sino-brasileiros. "Houve componentes que compramos, pagamos e, quando iam ser embarcados, o fornecedor nos telefonou avisando que não poderia nos enviar a encomenda", diz o diretor-comercial da Opto, Antônio Fontana.

O veto americano acabou servindo de estímulo para desenvolvimento de tecnologia nacional, "Itar free", ou livre de risco de embargo, como foi classificada a câmera apresentada no ano passado pela Opto, para o CBERS-3. Obrigados a trocar componentes eletrônicos por circuitos, maiores, os técnicos da empresa usaram o conhecimento em óptica para reduzir o tamanho das lentes da câmera.

O programa espacial hoje responde por 30% a 50% do faturamento da empresa, que chegou a pouco mais de US$ 70 milhões em 2010. A tecnologia desenvolvida para o satélite já foi usada em artefatos para uso médico, como o laser de uso oftalmológico.

Os atrasos no programa espacial levaram a AEB a aproveitar equipamentos criados para o CBERS-2 para enviar ao espaço, em 2007 o CBERS-2B, em lugar do CBERS-3, que se pensou em lançar ainda em 2009. O CBERS-3, primeiro a ter 50% de componentes feitos no Brasil, nos testes recentes, mostrou problemas em um de seus subsistemas, chamado pelos técnicos de "atitude", que permite ao satélite controlar a direção em que são apontados seus instrumentos. Foi um dos motivos para se decidir pelo adiamento de sua colocação em órbita, para 2012.


Fonte: jornal Valor Econômico, via NOTIMP da FAB.

Comentário: Mais uma notícia importante que exemplifica a grande movimentação que aparentemente vem ocorrendo nas últimas semanas nos bastidores do “Programa Espacial Brasileiro. Não resta dúvida que uma ampliação da cooperação espacial sino-brasileira, abriria novas oportunidades para indústria aeroespacial do país.

Comentários

  1. Como a própria materia disse o veto tem um lado bom ,estimula o desenvolvimento de tecnologias nacionais , mas acredito que a maior dificuldade brasileira não seja em em criar um componente do zero , mas sim a falta de verba para desenvolver o tal , espero que os CBERS evoluam , é gere novas tecnologias que possam ser aplicadas em outras áreas .

    Aproveitando não sei se você conhece este site ,que todo mês lança uma publicação chamada "Em Órbita " com detalhes muitos interessantes sobre a área espacial , praticamente não fala nada do Brasil infelizmente ,mas mesmo assim vai a dica .
    http://www.zenite.nu/orbita/

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  2. Olá André!

    Conheço sim amigo, mas até hoje não tive a sorte de encontrar neste site notícias sobre as atividades espaciais brasileiras ou de suas ciênciais correlatas. No entanto, mesmo assim obrigado pela dica.

    Quanto ao CBERS, concordo com o que disse e da mesma forma espero que essa viagem da DILMA a China possa não só consolidar ainda mais o programa, mas principalmente criar novos projetos de satélites (um satélite radar por exemplo), abrindo assim novas oportunidades para a indústria brasileira. Vamos aguardar os acontecimentos.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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