A COMAE Anunciou Ter Iniciado a Operação Autônoma do 'Sistema Espacial Lessonia-1'
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No dia 18 de março, o portal da Força Aérea Brasileira (FAB) divulgou que o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) iniciou a operação autônoma do Sistema Espacial Lessonia-1. Um marco inédito, que, conforme destacado na nota oficial, fortalece a soberania nacional e expande significativamente as capacidades de monitoramento e defesa do território brasileiro.
Fotos: COMAE
De acordo com a nota do portal, o Centro de Operações Espaciais (COPE) do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), em Brasília (DF), iniciou, no dia 14/03, a operação autônoma do Sistema Espacial Lessonia-1, assumindo o controle total da obtenção de Imagens de Radar de Abertura Sintética (SAR) adquiridas por sistemas espaciais de observação da Terra.
Esse marco representa um avanço significativo para o setor aeroespacial brasileiro, consolidando o êxito na operação independente dos satélites X39 e X43, que compõem a primeira constelação nacional de sensoriamento remoto por radar SAR.
As imagens captadas pelos satélites serão utilizadas no combate ao tráfico de drogas e à mineração ilegal, na atualização de produtos cartográficos, na determinação da navegabilidade dos rios, no monitoramento de queimadas e desastres naturais, na vigilância da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e no controle das fronteiras, entre outras aplicações estratégicas. Com isso, a tecnologia fortalece a capacidade de vigilância e defesa do espaço aéreo, das fronteiras terrestres e das Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB).
O Chefe do COPE, Brigadeiro do Ar Alessandro Cramer, destacou a importância do uso de sistemas espaciais para a soberania e a defesa nacional. “Com a cobertura global proporcionada pelo sensor embarcado nos satélites do Sistema Espacial Lessonia-1, daremos um salto significativo tanto na quantidade quanto na qualidade das informações disponíveis para apoiar as operações das Forças Armadas e de agências governamentais, especialmente em regiões desabitadas e de difícil acesso, como a Fronteira Oeste, a Região Norte e o Atlântico Sul. Isso fortalecerá nossa capacidade de monitoramento, resposta e proteção do território brasileiro”, afirmou.
O Oficial-General ressaltou ainda o caráter dual do sistema, que amplia seus benefícios para além da defesa, contribuindo para projetos de fiscalização ambiental e prevenção de desastres. “O Lessonia-1 não apenas reforça a segurança nacional, mas também contribui diretamente para o desenvolvimento sustentável e para a resiliência do nosso país diante dos desafios ambientais e climáticos”, concluiu.
O Projeto Lessonia-1 integra o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE) e é executado pela Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC). O projeto consiste na aquisição de uma constelação de satélites de Sensoriamento Remoto Radar (SRR) de órbita baixa, desenvolvida para atender às necessidades operacionais das Forças Armadas, do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) e de órgãos governamentais civis.
O radar SAR (Synthetic Aperture Radar, na sigla em inglês) é uma forma de radar, que é usada para criar imagens de um objeto, como uma paisagem. O equipamento fornece uma resolução espacial mais fina do que é possível com radares de feixe de varredura convencionais e, diferentemente de sensores óticos, pode realizar imageamento durante a noite e em condições com cobertura de nuvens. Essa capacidade apresenta uma vantagem estratégica no monitoramento de uma área de interesse.
O sucesso dessa operação destaca a crescente autonomia do Brasil no desenvolvimento e na gestão de tecnologias espaciais, reforçando a capacidade nacional de operar satélites de forma independente, reduzindo custos e minimizando a dependência de tecnologias estrangeiras.
Nota do BS: É importante lembrar que apesar da nota da FAB omitir informações (não sabemos se intencionalmente ou não), os dois satélites SAR da constelação Lessonia-1 não são nacionais e foram adquiridos pela FAB em 2020 da empresa finlandesa ICEYE (veja aqui). A FAB também omite na nota que os satelites foram lançados em 25/05/2022, a partir de um foguete Falcon 9 da SpaceX (veja aqui), ou seja, a autonomia na operação do satélite só se deu quase 3 anos (2 anos, 9 meses e 26 dias) após o deploy, sendo que esses satélites da ICEYE tem (oficialmente) o tempo de vida útil de 3 a 4 anos. Para mais informações sobre os satélites veja aqui e aqui.
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