Cientistas da Universidade de Tóquio e da NASA Desenvolvem Nova Técnica Para Detectar Vida em Amostras de Rochas Marcianas

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Credito: Space Daily
Ilustrativo.

No dia 13/03, o portal Space Daily destacou que dentro da próxima década, agências espaciais planejam trazer amostras de rochas de Marte para análise na Terra. Uma grande preocupação em relação a essas missões é a possível presença de micróbios extraterrestres, que poderiam representar riscos desconhecidos. Para minimizar essas preocupações, os cientistas estão desenvolvendo métodos avançados para detectar vida. Pela primeira vez, pesquisadores da Universidade de Tóquio e da NASA demonstraram com sucesso uma técnica capaz de identificar vida em rochas antigas que compartilham semelhanças com aquelas esperadas de Marte.
 
A ficção científica há muito tempo alimenta a ideia de organismos alienígenas chegando à Terra, muitas vezes com consequências desastrosas. Embora tais cenários sejam emocionantes para histórias, a preocupação real com a contaminação planetária é uma questão de longa data. Durante o programa Apollo, os astronautas que pousaram na Lua foram colocados em quarentena após o retorno como uma medida preventiva. Hoje, com várias missões planejadas para recolher amostras de Marte, os cientistas estão tomando precauções semelhantes.
 
Para evitar o risco de contaminação, o Comitê de Pesquisa Espacial (COSPAR) desenvolveu uma estrutura rigorosa para avaliar a segurança das amostras extraterrestres. Essa estrutura estabelece protocolos para coletar, transportar e analisar material marciano, ao mesmo tempo em que minimiza o risco de contaminação cruzada com a biosfera da Terra. Uma parte crucial desse processo é a capacidade de determinar se uma amostra contém material biológico. No entanto, como nenhuma amostra marciana foi ainda trazida, os pesquisadores precisam aprimorar seus métodos de detecção usando análogos terrestres.
 
O professor associado Yohey Suzuki, do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias da Universidade de Tóquio, junto com uma equipe de pesquisa internacional, recorreu a rochas antigas ricas em micróbios da Terra, que se assemelham às formações basálticas esperadas em Marte. O objetivo deles era identificar uma técnica confiável para detectar vida nessas amostras.
 
"Primeiro testamos instrumentos analíticos convencionais, mas nenhum conseguiu detectar células microbianas na rocha basáltica de 100 milhões de anos que usamos como análogo marciano. Então, tivemos que encontrar um instrumento sensível o suficiente para detectar células microbianas, e idealmente de forma não destrutiva, dada a raridade das amostras que em breve poderemos ver", disse Suzuki. "Criamos a espectroscopia fototérmica infravermelha óptica (O-PTIR), que teve sucesso onde outras técnicas ou não tinham precisão ou exigiam destruição excessiva das amostras."
 
O método O-PTIR envolve expor as amostras de rocha à luz infravermelha após remover suas camadas externas e cortá-las em seções finas. Embora esse processo seja ligeiramente destrutivo, ele preserva a maior parte do material para análise adicional. Um laser verde então escaneia as seções expostas, detectando sinais que revelam detalhes estruturais tão pequenos quanto meio micrômetro—o suficiente para identificar vestígios microbianos.
 
"Demonstramos que nosso novo método pode detectar micróbios em rochas basálticas de 100 milhões de anos. Mas precisamos estender a validade do instrumento para rochas basálticas mais antigas, com cerca de 2 bilhões de anos, semelhantes às que o rover Perseverance em Marte já coletou", explicou Suzuki. "Também preciso testar outros tipos de rocha, como os carbonatos, que são comuns em Marte e aqui na Terra frequentemente contêm vida também. É um momento emocionante para trabalhar nesta área. Pode ser apenas uma questão de anos até que finalmente possamos responder a uma das maiores perguntas já feitas."
 
 
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