VLM-AT? O que é? Como está sendo usado para chantagear as empresas vinculadas aos projetos VLPP e RATO?
Olá entusiasta!
Segue abaixo mais uma polêmica "jubuticabesca" do nosso PEB...
A aprovação do projeto VLM-AT (Veículo Lançador de Microssatélites – Autonomia Tecnológica) pela FINEP, em 25/11/2024, com R$ 133 milhões em subvenção ao Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), ocorreu muito discretamente e longe dos holofotes que normalmente os entes do Programa Espacial Brasileiro - PEB, civís e militares, costumam fazer para se promover.
O projeto VLM-AT é um projeto de fomento para o desenvolvimento nacional de, pelo menos, 08 tecnologias do projeto do VLM, as quais hoje se encontram sob a tutela do DLR (Deutsches Zentrum für Luft- und Raumfahrt), o Centro Aeroespacial Alemão.
Por trás da retórica de "autonomia tecnológica", algumas reuniões tem sido realizadas (veja aqui), e algumas fontes do setor revelam um jogo de pressões "veladas" do IAE contra empresas privadas envolvidas em projetos paralelos, como os Veículos Lançadores de Pequeno Porte (MLBR - Microlançador Brasileiro e VLN-Aker - Veículo Lançador de Nanossatélites - Akaer) e o sistema RATO-14X.
O silêncio que incomoda
Embora o VLM-AT tenha sido apresentado como um marco para reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras — principalmente em sistemas de controle e propulsão, antes sob domínio alemão no projeto S50 —, a falta de transparência na aprovação chama atenção. O projeto visa desenvolver oito tecnologias atualmente sob domínio do DLR, permitindo que o Brasil se livre das restrições legais que impedem o uso militar dessas tecnologias, tendo em vista as restrições tecnológicas do convênio com a Alemanha.
Contudo, há um aspecto crucial que não tem sido amplamente divulgado: pelo acordo de financiamento da Finep, o IAE não pode utilizar diretamente os recursos para executar o projeto. O instituto deve contratar empresas privadas para o desenvolvimento das tecnologias e repassar os recursos a elas.
Chantagem institucionalizada?
É nesse ponto que surgem as denúncias de chantagem. Empresas do setor relatam que o IAE, através da Chefia da Divisão de Projeto, área responsável pela condução do projeto, têm utilizado sua posição para pressioná-las a incorporar, em seus próprios projetos, as tecnologias previstas no VLM-AT. Caso não aceitem essas exigências, correm o risco de não serem selecionadas para a execução do projeto do VLM-AT e, consequentemente, perderem acesso a esse financiamento.
Além disso, especialistas do setor consideram o valor de R$ 133 milhões insuficiente para o desenvolvimento das oito tecnologias pretendidas. O orçamento exíguo levanta preocupações sobre a viabilidade do projeto e sobre possíveis atrasos ou cortes na implementação de suas soluções.
Impacto no cronograma dos outros programas
O desenvolvimento dessas tecnologias do VLM-AT é um processo demorado, e sua priorização pode comprometer significativamente o cronograma de outros projetos estratégicos do Brasil, como o MLBR, o VLN-AKR, o RATO e até mesmo o próprio VLM, que já se arrasta há quase 20 anos sem uma conclusão à vista.
Esse risco é abordado em reportagens como "NÃO VAI SUBIR NINGUÉM! (ENQUANTO O VLM NÃO VOAR...)" (veja aqui) e "Programa Brasil Com Ciência: Aeronáutica desiste do S50 e da Avibras... Será?" (veja aqui), que apontam como essa dependência forçada do VLM-AT pode resultar no atraso de outras iniciativas cruciais para o setor aeroespacial nacional.
Riscos para o setor
As pressões exercidas pelo IAE têm impacto direto em programas estratégicos. Há receios de que a priorização forçada do VLM-AT, combinada com os recursos limitados, possa comprometer o andamento de projetos importantes como os VLPPs e o RATO-14X.
Diante desse cenário, a comunidade aeroespacial nacional se vê diante de um dilema: enquanto a autonomia tecnológica é um objetivo legítimo, a forma como está sendo conduzida, além de ilegal e imoral, pode gerar distorções e prejudicar o setor como um todo.
O futuro do programa VLM-AT e dos demais projeto citados dependerá, portanto, de como essas questões serão tratadas nos próximos meses e como as autoridades vão coibir esse tipo de prática aindam muito comum no Brasil.
Considerando que a política pública é tratada em feudos e áreas de influência, dá pra entender esse atraso. E se esses projetos atrasarem por conta de pressões feudais? Vai ser o IAE que responderá?
ResponderExcluirAcredito que o IAE quer convencer as empresas do VLPP a repassarem ao IAE a tecnologia sensível desenvolvida para os referidos projetos. Será?
ExcluirOlá Eduardo!
ExcluirInfelizmente ´como dito no artigo, a motivação deles é outra e não é nada nobre.