LIT/INPE Executa com Sucesso Testes no SAC-D/Aquarius

Olá leitor!

Segue abaixo uma interessante matéria publicada na Revista Espaço Brasileiro (Jul, Ago e Set de 2011), relatando a passagem desde junho do ano passado até março desse ano do satélite argentino-americano SAC-D/Aquarius pelo Laboratório de Integração e Testes (LIT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em São José dos Campos (SP).

Duda Falcão

INPE

LIT/INPE Executa com Sucesso Testes
no Satélite SAC-D/Aquarius

Criado em 1987 para simular as condições do espaço
na Terra, a fim de testar todos os equipamentos de
satélites, o Laboratório de Integração e Testes (LIT) do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) provou
porque é considerado um dos melhores de sua categoria.

Leandro Duarte


Em 2005. O INPE assumiu o compromisso de submeter o satélite argentino-americano SAC-D/Aquarius, de custo estimado em US$ 400 milhões, ao ciclo completo de testes ambientais e medidas físicas. Esta tarefa começou a ser cumprida em junho de 2010. O SAC-D/Aquarius é um satélite de 1350 kg dedicado a estudos ambientais, fruto de uma parceria entre as agências espaciais argentina (CONAE) e norte-americana (NASA). Sua missão principal é medir por meio de um radiômetro e escaterômetro construído pelo Jet Propulsion Laboratory (JPL – Laboratório de Propulsão a Jato) da NASA, o nível de salinidade dos oceanos. Ele será capaz de elaborar um mapa completo deste parâmetro climático a cada sete dias, já que a salinidade afeta a densidade das águas oceânicas, e esta por sua vez, afeta a circulação oceânica e, conseqüentemente, o clima terrestre. Seus dados também contribuirão para o aperfeiçoamento dos modelos climáticos de longo prazo.

O satélite, lançado com sucesso pelo foguete norte-americano Delta II, em 10 de junho de 2011, permanecerá em órbita sincrônica com o sol a uma altitude de 657 km. Ele também está equipado com cargas úteis secundárias de origem argentina, canadense, italiana e francesa. Dentre os equipamentos instalados, estão um radiômetro de microondas para medir precipitação e velocidade dos ventos, um sensor infravermelho para a determinação de pontos quentes na superfície terrestre, uma câmera de alta sensibilidade capaz de detectar luzes urbanas e raios, um sistema de coleta de dados de plataforma terrestre, um sensor por rádio-ocultação do sinal GPS para determinar propriedades atmosféricas, um sensor que determina o efeito das radiações cósmicas em componentes eletrônicos e um experimento tecnológico para navegação inercial.

Apesar de o Brasil não participar diretamente da fabricação do satélite ou das cargas úteis, a participação em um projeto grandioso como este eleva o status do Programa Espacial Brasileiro. Sob o ponto de vista formal o satélite foi recebido graças ao acordo de cooperação firmado entre a Agência Espacial Brasileira e a CONAE.

Segundo a gerente-substituta e responsável pela qualidade e segurança das atividades de teste do SAC-D/Aquarius no Brasil, Andréia Genaro, mesmo o LIT/INPE sendo reconhecido como um laboratório de porte e eficiente mundo afora, ele precisou ampliar sua capacidade técnica e de gerenciamento para receber o projeto. “É importante ressaltar que a vinda desse satélite só ocorreu após o LIT/INPE ter passado por auditorias feita pela NASA/JPL. Nessa fase, o laboratório teve sua infraestrutura testada e procedimentos confrontados com os exigentes requisitos de teste, qualidade e segurança daquela agência”. Para esta campanha mais de 300 profissionais estrangeiros estiveram envolvidos.


No LIT/INPE, a série completa de testes ambientais, ao qual o SAC-D/Aquarius foi submetido teve como objetivo demonstrar a sua plena capacidade para suportar os ambientes de lançamento e vôo orbital. Segundo o responsável pela área de ensaios vácuo-térmicos, José Sérgio de Almeida, embora o projeto tenha sido qualificado para suportar, satisfatoriamente, os esforços durante o lançamento e o ambiente a ser encontrado em órbita da Terra, “é preciso demonstrar que a unidade a ser lançada não contém quaisquer imperfeições construtivas ou problemas com componentes e que os processos utilizados na sua montagem foram apropriados e rigorosamente seguidos”.

Durante a permanência no laboratório, o satélite passou por uma seqüência de testes e avaliações. A primeira delas foi a verificação dos alinhamentos de sensores, instrumentos e propulsores. Em seguida foi submetido a testes de compatibilidade e interferência eletromagnéticas, determinação de propriedades de massa, teste de abertura dos painéis solares, teste de vibração e choque, teste acústico e de separação do foguete, teste vácuo-térmico em simulação de vôo e testes para verificação de possíveis vazamentos no sistema de propulsão.

Em cada uma dessas etapas e, principalmente, no final da campanha foram realizados testes elétricos e funcionais que buscavam revelar possíveis falhas ou indícios de degradação prematura de equipamentos do satélite. Para as questões de planejamento de todas estas atividades, técnicos e gerentes brasileiros, argentinos e americanos trabalharam exaustivamente desde o fim de 2005.

A campanha de testes ambientais foi encerrada no dia 03 de março deste ano. Em seguida começou a revisão pré-embarque. Nela, foram discutidos os resultados de todas as atividades desenvolvidas no Brasil, juntamente com os planos para as fases seguintes. Para este procedimento foi formada uma banca de revisores constituída por profissionais na área de qualificação de satélites. O grupo foi formado por representantes das agências espaciais da Argentina e dos Estados Unidos, incluindo, ainda, um profissional do Conselho Argentino de Investigações Científicas e Técnicas.


Terminada a fase de revisão de Pré-Embarque, o satélite , juntamente com os equipamentos de suporte que foram utilizados na realização da campanha, foram acondicionados em seus contêineres de transporte e seguiram para a base de lançamentos de Vandenberg, nos Estados Unidos.

Para o transporte foram necessárias nove carretas que acomodaram 54 toneladas de equipamentos. Das nove carretas, duas seguiram para Argentina e as outras sete foram levadas para o aeroporto de São José dos Campos, onde embarcaram em dois aviões da força aérea americana. Segundo o chefe do LIT/INPE, Petrônio Noronha de Souza, “esta quantidade significativa de equipamentos utilizados na campanha ilustra a dimensão dos trabalhos executados no LIT/INPE durante estes nove meses de intenso esforço”, disse.

Devido às dimensões do satélite e volume de seus equipamentos de apoio, a operação de transporte até o aeroporto aconteceu em duas fases entre os dias 25 e 29 de março de 2011. O resultado foi a qualificação para o vôo do satélite integrado.

Para o chefe do LIT/INPE, o sucesso da campanha conferiu ao laboratório reconhecimento internacional que, segundo ele, beneficiará futuros programas de satélites que poderão ser atendidos pelo laboratório. “A escolha do LIT por parte das duas agências demonstra o reconhecimento e a confiança em sua capacitação na qualificação para lançamento e vôo de veículos espaciais de maior porte, de grande responsabilidade e visibilidade internacional”.

Atualmente o LIT/INPE é o único laboratório, no hemisfério sul, com capacidade para realizar atividades de montagem, integração e testes de satélites e de subsistemas.


Fonte: Revista Espaço Brasileiro - num. 12 - Jul Ago e Set de 2011 - págs. 10 e 11

Comentário: Pois é leitor, é uma parceria como essa que os hermanos Argentinos tem com a NASA que o Marco Antônio Raupp está buscando, mas qualquer esforço nesse sentido é inútil sem a assinatura e ratificação pelos Congressos dos dois paises do  "Acordo de Salvaguardas Tecnológicas".

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