IAE Inicia a Contagem Regressiva Para o Lançamento do VS-50

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada na edição de Dezembro do ”Jornal do SindCT“ destacando que o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) iniciou a Contagem Regressiva para o lançamento do VS-50.

Duda Falcão

PESQUISA ESPACIAL

IAE Almeja Lançamento de Microssatélites

IAE Inicia a Contagem Regressiva
Para o Lançamento do VS-50

Por Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição nº 75
Dezembro de 2018


O Instituto de Aeronáutica e Espaço - IAE abriu contagem regressiva para o lançamento do VS-50, veículo que tem a missão de qualificar em voo os novos motores S50. O lançamento ainda não tem data divulgada, mas as autoridades militares ligadas ao projeto afirmam que acontecerá dentro de um ano, antes do final de 2019.

Se obtiver êxito, o lançamento do VS-50 deverá ser o último passo antes da construção e lançamento do 1° Veículo Lançador de Microssatélite - VLM, principal aposta da pesquisa espacial nacional na área de foguetes, desde 2016, quando o VLS-1 foi oficialmente descontinuado.

“Esse veículo que nós chamamos de VS-50 é o meio do caminho entre o momento que nós estamos agora e o voo do VLM. Hoje estamos planejando todas as atividades para que consigamos colocar este veículo na rampa no final do ano que vem”, disse o Brigadeiro Engenheiro Augusto Luiz de Castro Otero, diretor do IAE.

Desenvolvimento

Criado no próprio IAE, o projeto do VLM nasceu oficialmente em 2008, quando o instituto procurava uma alternativa ao VLS-1, que pudesse se adequar à demanda crescente por veículos de menor porte.

“Já em 2008, o mundo sinalizava que nós iríamos precisar de veículos lançadores de pequeno porte. Seriam, portanto, veículos mais simples, em comparação ao VLS-1. Então, de 2008 a 2011 nós internamente realizamos diversos estudos, com vistas a produzir um projeto de menor conteúdo tecnológico, mas que pudesse ser viável em um curto prazo”, disse o Brigadeiro.

Em sua primeira idealização, o VLM seria composto pelo motor central do VLS, com poucas alterações. A partir de 2011, porém, o projeto passou a ser desenvolvido em parceria com a Deutsche Zentrum für Luft-und Raumfahrt - DLR (Agência Espacial Alemã), de modo que o projeto do propulsor foi revisto, com a decisão do desenvolvimento do S50.

“Para os alemães, naquela época, o VLM seria um acelerador hipersônico. Ele tinha o objetivo de ensaiar o Shefex III, que era um veículo hipersônico que a Agência Espacial Alemã desenvolvia. Este veículo hoje também está descontinuado. E para nós seria um veículo que permitiria a satelização de pequenos satélites”, afirmou o Brigadeiro.

O VS-50 é um veículo com 12 metros de cumprimento, 1,46 metro de diâmetro e massa estimada em 15 toneladas. Ele possui, em seu primeiro estágio, um motor S50 e, em seu segundo estágio, um motor S44, já utilizado anteriormente no VLS-1.

Para o VLM-1, será acrescido um segundo motor S50. Eles passarão a compor o primeiro e o segundo estágios do foguete e o S44 será o terceiro.

“No acordo com os alemães, ficamos responsáveis por toda a parte propulsiva do veículo. No primeiro e no segundo estágio seria usado o S50 e no terceiro, o S44. Ficamos responsáveis pelos pirotécnicos da rede do veículo e pelas juntas flexíveis. Os alemães ficaram responsáveis por outras partes, como os interestágios, a rede de controle, sistema de atuação da tubeira (que faz o controle do veículo), pela coifa, entre outros”, detalhou Otero.

Os motores S50 estão em produção na Avibras, por meio de contrato assinado com a Fundação de apoio para Projetos de Pesquisa de Ciência e Tecnologia Espacial - Funcate. No contrato está prevista a construção de seis motores, mas já há acerto para a compra de outros dois para completar a missão de lançamento do VLM.

Quando estiver concluído, o VLM deverá atingir cerca de 300 km de altitude, com carga útil (satélite ou experimento) de até 60kg.

“O VLM é um demonstrador de novas tecnologias. O motor dele é um motor diferente, com fibra de carbono, que nós nunca fizemos. Em termos de casca de motor, ele é mais leve. É capaz de levar 12 toneladas de propelente. O S43, a título de comparação, levava algo em torno de 6,5 toneladas”, disse o Brigadeiro.

Se obtiver êxito, o VLM deverá ser a base para o VLX, futuro do projeto de desenvolvimento de foguetes no IAE.

“No Comitê de Desenvolvimento para o Programa Espacial Brasileiro -CDPEB nós criamos um grupo de trabalho para tratar do VLX, que é o veículo que deverá vir na sequência do VLM. Usando dois motores S50 na parte baixa, como boosters, potencializadores. Ele é um projeto estruturante e mobilizador: estruturante na tecnologia necessária para que a gente progrida para os próximos veículos; e mobilizador na indústria e seus fornecedores, permitindo que a gente chegue em veículos mais interessantes do ponto de vista energético, para que possamos satelizar cargas maiores, em órbitas mais elevadas”, afirmou Brigadeiro Engenheiro Otero.

VS-43

O Brigadeiro Otero admitiu que o foguete VS-43, que pretendia qualificar o sistema de navegação do VLM (também herdado do VLS-1), foi abortado por falta de recursos.

“O VS-43 foi uma proposta, quando descontinuamos o VLS, para usarmos aquilo que tínhamos em estoque e cumprir uma das missões contidas no Plano Plurianual (2016-2019), que era realizar o voo de qualificação do sistema de navegação. Com um veículo de dois estágios, nós atingiríamos grande parte da missão prevista para o quarto protótipo do VLS [que nunca ficou pronto]. Nós propusemos este veículo, mas infelizmente não tivemos recursos para executar este projeto. Agora vamos qualificar o sistema de navegação também no VS-50”, concluiu.


Fonte: Jornal do SindCT - Edição 75ª - Dezembro de 2018 – Pág. 05

Comentário: Bom leitor, após ler essa interessante matéria da jornalista Shirley Marciano do SindCT, duas coisas chamaram bastante a minha atenção. A primeira foi que os nossos militares gestores de nossos institutos precisam amadurecer, precisam entender definitivamente de que o mundo não é cor-de-rosa e que o Brasil apesar de ser a Terra de Nossa Senhora Aparecida, é também uma Terra de Mãe e Tia Joana. Quando eu já começava acreditar que o IAE tinha adotado uma postura mais discreta na divulgação de suas atividades, o próprio diretor do instituto dá com a língua nos dentes e divulga o que não deveria divulgar, seguindo assim o mesmo exemplo cometido pelo Brig. Veríssimo (AEB) recentemente no Peru. Sinceramente leitor temo muito, mas muito mesmo pelo insucesso desse voo do VS-50 e de sua missão. Boca fechada Brigadeiro Augusto Otero não entra mosca. Saravá meu pai, tomara que eu esteja errado, tomara mesmo leitor. A segunda coisa que me chamou a atenção foi à descontinuidade do projeto do foguete de sondagem VS-43. Afinal, não só pelo fato do IAE ter realizado em 29/06/2017 o ensaio em Banco do Motor a Propelente Sólido S43, ensaio este denominada “Operação Harpia” (veja aqui) tendo como objetivo validar o modelo de análise de bolhas em grão propelente e a consequente liberação para voo dos demais motores S43 carregados a estocados na UCA (Usina Coronel Abner), bem como o fato deste foguete ter sido escolhido pelos europeus, americanos e australianos para o lançamento da Base de Alcântara, do experimento do Projeto HEXAFLY-Int. E ai brigadeiro Augusto Otero, como fica então esse comprometimento com os gringos, ou este lançamento será realizado agora por um VS-40 ou mesmo o VS-50? Voltando ao inicio de meu comentário Brigadeiro Augusto Otero, vou ficar aqui na torcida para que há essa hora, em dezembro de 2019, não estejamos chorando o leite derramado. E presidente Bolsonaro, peço-lhe encarecidamente que o senhor não meça esforços para blindar esta missão e que a partir de janeiro bote um pouco de juízo na cabeça dessa gente que fala demais.

Comentários

  1. Na época da postagem da operação Harpia eu comentei como anônimo que eles provavelmente estavam apenas queimando o estoque do S43 e sem comprometimento algum com alguma operaçao futura. Isso infelizmente se comprova, aliás... A AEB já havia apontado para isso quando anunciou a encomenda de 8 motores S50, o 1° e o 2° seriam para testes físicos (o primeiro foi esses dias), o 3° e o 4° são para testes quentes em banco de prova, o 5° e o 6° são para o VS-50 (note que este foguete usará um S44 no segundo estágio então seriam dois deste foguete. Será que os dois vão ser pra testes?). Os outros 2 restantes vão para o VLM... Pela média de se queimar um propulsor por ano, vai levar muito tempo até vermos algum VLM hein?

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    1. Olá Reginaldo!

      Não amigo, não foi isso não. Eles tinham sim a "Operação HEXAFLY-INT" como eu disse em meu comentário. Algo deve ter acontecido, talvez ate a desistência dos gringos em usar este foguete. Só mais a frente quando estiver disponível na net algum artigo mais novo sobre essa missão é que poderemos ter uma ideia do que houve. No entanto é mais um revés do PEB. Enfim..

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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    2. Realmente, motivos para desistir do Brasil não falta rs... Pelo que sei o VS-43 seria equipado com a tubeira móvel do segundo estagio do VLS, então seria um foguete com controle de atitude, lembro de um teste com este motor ter acontecido antes de queimarem o S-43 do primeiro nível do VLS, aquele com tubeira fixa e deslocada... Você tinha falado desta operação mas eu não vi muita relação porque pra mim eles teriam que qualificar o VS-43 antes de pensar em lançar um experimento tão importante, daí meu ceticismo.
      Ademais, é tudo muito obscuro no PEB mas você tem boas informações sobre ele, talvez até mais que muita gente que trabalha nele então eu acho que você deve ter razão, a galera deve ter repensado o projeto HEXAFLY-INT e isso de alguma forma afetou o fornecimento deste foguete brazuca pra eles.

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