Supercomputador do CPTEC (Ainda) Não Morreu, Mas Respira Por Aparelhos
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada na edição de Dezembro do ”Jornal do SindCT“ destacando que o Supercomputador do CPTEC (ainda) não morreu, mas respira por aparelhos.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Principal Ferramenta para Previsão do Tempo Está Obsoleta
Segue abaixo uma matéria publicada na edição de Dezembro do ”Jornal do SindCT“ destacando que o Supercomputador do CPTEC (ainda) não morreu, mas respira por aparelhos.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Principal Ferramenta para Previsão do Tempo Está Obsoleta
Supercomputador do CPTEC (Ainda)
Não Morreu, Mas Respira
Por Aparelhos
O supercomputador Tupã, que custou aproximadamente R$ 50
milhões
quando foi adquirido em 2010, encerra sua vida útil neste
ano
Por Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição nº 75
Dezembro de 2018
O supercomputador Tupã, principal ferramenta para o
trabalho diário de previsão do tempo do Centro de Previsão do Tempo e Estudos
Climáticos - CPTEC, continua operando, apesar obsoleto, há pelo menos três anos
e com a garantia vencida há um.
Ex-top 30 no ranking mundial em velocidade de
processamento, a máquina tornou-se em um volumoso “segundo equipamento”, com
cerca de 90 m2 de racks e corredores, destinado às consultas ao banco de dados
ou pesquisa.
Uma atualização no sistema foi introduzida no ano
passado, com a aquisição de uma nova máquina. Ele ocupa um único rack, mas,
mesmo assim, é superior aos 14 racks do velho Tupã.
Apesar de rápido, elevando a capacidade de processamento
para 400 Tflops, a atualização ainda não é suficiente para atender a demanda da
instituição.
“Esse novo rack tem uma capacidade de processamento muito
grande, mas ele tem uma quantidade de processador pequena. A gente tem uma
quantidade muito grande de pesquisa e modelos operacionais que a gente não
consegue executar ao mesmo tempo. Então, apesar de ele ser rápido, nós temos que
colocar um modelo de cada vez, um esperando, enquanto o outro é processado,
para conseguir fazer a previsão. Ou seja, apesar de termos uma Ferrari, ela só
tem dois lugares, e nós precisamos fazer duas ou mais viagens, dependendo de
onde queremos chegar”, disse o gerente do departamento que cuida do
supercomputador, Marcelo Costa.
O supercomputador Tupã custou aproximadamente R$ 50
milhões quando foi adquirido em 2010. Para a compra de um novo equipamento
seriam necessários R$ 120 milhões. A atualização paliativa do ano passado
custou R$ 10 milhões aos cofres públicos.
Perdas
Além da lentidão no processamento e da perda da qualidade
em um serviço em que o Brasil adquiriu excelência nos últimos anos, a demora na
substituição do supercomputador pode causar danos irreparáveis na pesquisa
brasileira. Anos de dados sobre tempo e clima no país terão de ser apagados
para liberar espaço para gravação de novos dados produzidos diariamente.
“A vida útil do equipamento termina neste ano e o pessoal
do CPTEC está trabalhando para separar o que é dado extremamente importante,
para colocar em outro lugar, como tampão, mas a gente vai acabar tendo de
apagar dado até comprar um novo”, completou Costa.
Além de manter o serviço em funcionamento, a compra de um
novo supercomputador poderá melhorar os serviços prestados pelo instituto.
“Para melhorar a previsão, nós precisamos de um novo
supercomputador, mais potente. Isso é necessário para melhorar os modelos,
fazer todo o desenvolvimento e também para fazer a previsão rotineiramente”,
disse o vice-coordenador do Instituto, Gilvan Sampaio.
O Brasil sempre fez a aquisição de supercomputadores pelo
modelo tradicional de compra. Especialistas defendem, porém, a utilização de
outro sistema, que funcionaria como uma espécie de assinatura, com contrato
para utilização por meio de pagamento mensal. Este novo sistema daria direito a
manutenção e atualizações.
Apesar dos recursos para a compra do supercomputador terem
sido incluídos nos orçamentos da União em 2016 e 2017, o contingen- ciamento de
verbas para a Ciência e Tecnologia nunca permitiu que a compra fosse realizada
e ainda não há previsão de quando isto ocorrerá.
O Jornal do SindCT tentou contato com o novo Ministro da
Ciência e Tecnologia, o tenente-coronel reformado Marcos César Pontes, mas nem
ele nem qualquer outro integrante do futuro governo se manifestou sobre o tema.
Modelo
A defasagem tecnológica do supercomputador Tupã também
foi apontada como justificativa para a substituição do modelo brasileiro
operacional Brazilian Developments on the Regional Atmospheric Modeling System
- BRAMS pelo modelo norte-americano Weather Research and Forecasting Model -
WRF.
A mudança gerou descontentamento e críticas da comunidade
científica, principalmente entre aqueles que participaram da pesquisa e
desenvolvimento do modelo BRAMS.
Em nota, o coordenador do CPTEC, Divino Moura, explicou
que a decisão foi tomada por estar diante do quadro crítico de limitação computacional
e sem perspectivas imediatas de aquisição de um novo sistema, além da carência
de recursos humanos. Assim, concluiu-se que não poderia manter e utilizar
vários modelos regionais operacionais de previsão de tempo no Centro.
“Foi estabelecido um Grupo de Trabalho, formado por
pesquisadores e tecnologistas seniores do próprio Centro, com o propósito de
avaliar objetivamente o desempenho dos modelos de previsão de tempo regionais
mais usados no Brasil, a saber: BRAMS e ETA (no CPTEC), o WRF (no CPTEC e em
centros regionais), e o modelo COSMO (parcialmente testado), utilizado pelo
Instituto Nacional de Meteorologia e pela Marinha do Brasil”, diz trecho da
nota emitida para justificar a mudança.
Ainda de acordo com a direção do CPTEC, a intercomparação
mostrou que o modelo BRAMS teve resultados meteorológicos bons, embora um pouco
aquém, quando comparado com os outros. Além disso, o desempenho computacional
deste modelo mostrou ser quase 3,5 vezes mais “pesado” que o WRF. Assim, após a
primeira fase de avaliação, foi descartado o modelo BRAMS por ser cerca de 3
vezes mais oneroso que os demais e a intercomparação mostrou que os modelos WRF
e ETA têm performance (em termos de previsão) melhor. Por isso, o modelo
regional BRAMS foi descontinuado no modo operacional.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 75ª - Dezembro de 2018 –
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