Foguete de Bolsista do CBPF Fica em 3º Lugar em Competição Mundial
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante entrevista postada hoje (10/12)
no site do “Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF)”, com um bolsista
deste centro, o jovem Bruno Costa, que ficou 3º lugar em competição mundial de
foguetes.
Duda Falcão
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Foguete de Bolsista do CBPF Fica
em
3º Lugar em Competição Mundial
Por Fabiana Matos
Especial para o Núcleo de Comunicação Social do CBPF
Publicado: Segunda, 10 de Dezembro de 2018, 13h18
Última atualização em Segunda, 10 de Dezembro de 2018,
14h33
PRATA DA CASA
Nesta edição, a seção ‘Prata da casa’ conversou com Bruno
Costa, prestes a se graduar como engenheiro mecânico pela Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e ex-bolsista de iniciação científica no Centro
Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro (RJ).
Bruno foi membro do ‘Grupo de Foguetes do Rio de Janeiro
(GFRJ)’, equipe de estudantes da UERJ cujo objetivo é desenvolver projetos de
engenharia aeroespacial, com foco principal na construção de foguetes.
O GFRJ foi um dos quatros grupos brasileiros que
participaram da última edição da Spaceport America Cup (SAC), maior competição
de foguetes do mundo. O ATOM, foguete projetado pelo grupo, ficou em 3º lugar
na categoria ‘foguetes com combustível sólido com apogeu de aproximadamente 3
km’, na qual competiram outras 24 equipes de vários países.
(Crédito: Bruno Costa/Arquivo pessoal)
Bruno Costa, ex-bolsista do CBPF.
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A SAC é realizada no estado do Novo México (EUA) e reúne
estudantes de todos os lugares do mundo para um único objetivo: lançar
foguetes. Este ano, contou com mais de 110 equipes universitárias dos seis
continentes.
No CBPF, Bruno foi orientado pelo tecnologista pleno
Rodrigo Felix de Araujo Cardoso, da Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico
do CBPF.
A seguir, a entrevista de Bruno Costa para a seção ‘Prata
da Casa’.
Vamos começar com perguntas básicas. Onde nasceu? Qual
sua idade?
Tenho 25 anos, nasci no Rio de Janeiro e cresci no bairro
de Campo Grande, na zona oeste da cidade.
Você é estudante da UERJ, certo?
Sim, com muito orgulho. Já conclui todas as matérias da
minha grade curricular e estou aguardando a cerimônia de colação para poder
falar que sou engenheiro. Mas só de lembrar que estou me formando já sinto
saudade da UERJ. Foram anos difíceis para a universidade, mas resistimos.
Fizemos o possível para manter nossos projetos e trazer reconhecimento para a
instituição.
“Cresci interessado pelo
universo e pelas leis que o
regem, o que fomentou meu
entusiasmo pela engenharia”
Por que escolheu a engenharia?
Desde criança tinha interesse em entender como as coisas
funcionavam. Costumava desmontar meus brinquedos e remontá-los de uma nova
forma, tentando entender o funcionamento de cada pecinha. Eu me inspirava muito
no meu pai, que, mesmo sem ter tido a oportunidade de estudar, sempre inventava
umas engenhocas que o ajudavam no dia a dia.
Umas das cenas que mais marcaram minha infância foi a de
Marcos Pontes [1º astronauta brasileiro e futuro ministro de C&T]
embarcando [em 2006] na [nave russa] Soyuz rumo à Estação
Espacial Internacional, concretizando, assim, a chamada Missão Centenário
[referência aos 100 anos do voo do 14bis, de Santos Dumont (1873-1932)]. Ai, eu
decidi: seria astronauta.
Comecei a pesquisar e vi que o Marcos Pontes e muitos
outros astronautas eram engenheiros, o que despertou ainda mais meu interesse
por essa profissão. Cresci interessado pelo universo e pelas leis que o regem,
o que fomentou meu entusiasmo pela engenharia. Quando estava terminando o
ensino fundamental, resolvi fazer um ensino médio técnico, optando pelo curso
de eletromecânica. Desde então, minha paixão por matemática e física aumentaram
e tive ainda mais certeza quanto a escolha pela engenharia.
“Como meu sonho era voar
em um foguete, por que não
aprender a construir um?”
Como surgiu o interesse em desenvolver foguetes?
Assim que comecei minha graduação em engenharia mecânica
na UERJ, fui falar com um dos professores de física 1 [do curso] e, na
conversa, disse a ele que queria me tornar astronauta. Ele olhou para mim e disse
“você nasceu no país errado”. Isso mexeu comigo. Vi que não poderia ficar
esperando as oportunidades: tinha que criá-las.
Desde então, decidi me arriscar em tudo. Logo no início
da graduação, me vinculei ao Ramo Estudantil IEEE UERJ [IEEE é a sigla, em inglês,
para Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos, dos EUA]. Lá, comecei
a aprender um pouco de eletrônica e programação. Mesmo sendo áreas
diferentes daquelas da grade curricular do curso de graduação, me joguei com
tudo e tentei aprender o que podia.
Ainda calouro, ajudei a fundar, juntamente com alunos do
Ramo, a Equipe de Robótica da UERJ (UERJBotz). O foco da equipe era desenvolver
robôs para participar de competições nacionais nessa área, e, no fim de 2015,
assumi a liderança da equipe. Foi muito bom para mim, pois, pela primeira vez,
eu estava tendo a oportunidade de gerenciar uma equipe.
Ainda em 2015, por meio de um amigo, fiquei sabendo que
existiam grupos universitários que desenvolviam foguetes experimentais e que
uma nova competição brasileira estava sendo desenvolvida pela Associação Cobruf
[organização privada, brasileira, sem fins lucrativos, que desenvolve projetos
aeroespaciais]. Ele estava querendo formar um grupo e perguntou se eu topava
montar com ele. Como meu sonho era voar em um foguete, por que não aprender a
construir um? Então, ele, eu e mais outro amigo fundamos o Grupo de Foguetes do
Rio de Janeiro, o GFRJ.
(Crédito: Bruno Costa/Arquivo pessoal)
Membros do GFRJ em competição nos EUA.
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Como foi seu projeto de iniciação científica no CBPF?
O que você fez?
O objetivo da minha iniciação científica foi estudar e
desenvolver motores experimentais de foguetes. Meu primeiro projeto foi
desenvolver um motor de propelente sólido que fosse capaz de fazer um foguete
de aproximadamente 6 kg alcançar um apogeu de 1 km de altura. E a finalidade
desse foguete era participar da 4ª edição do Festival Brasileiro de
Minifoguetes.
Depois, foi desenvolvido um motor um pouco mais potente,
com intuito de fazer um foguete de aproximadamente 20 kg alcançar um apogeu de
3 km. O legal desse projeto é ele que foi usado em cooperação nacional, com
mais de 15 equipes participantes. O projeto era organizado pela Associação
COBRUF e tinha o intuito de reunir grupos universitários de todo país para construir
um foguete avançado e lançá-lo a partir de uma base de lançamento da Força
Aérea Brasileira, no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), em
Natal [RN], fazendo uma operação de lançamento profissional.
As peças dos motores foram fabricadas no Laboratório
Multiusuário de Instrumentação e Tecnologia Mecânica [LITMec], com a supervisão
do meu orientador, o tecnologista pleno Rodrigo Felix. Os propelentes foram
manufaturados no Laboratório de Propulsão do GFRJ, com a ajuda dos outros
membros do grupo, na UERJ. Após o desenvolvimento desses projetos, meu objetivo
foi estudar motores movidos a propulsão híbrida [sólido e líquido].
Em minha iniciação científica, também ajudei na
orientação de um aluno de Provoc [Programa de Vocação Científica do CBPF], que
desenvolveu um minifoguete.
“Foi uma experiência muito
enriquecedora, fizemos
amizade com ‘fogueteiros’ de
todo o mundo e ainda fomos
muito elogiados pelos jurados
e outros participantes”
Conte um pouco sobre sua participação na competição
internacional de foguetes.
Em junho deste ano, pude participar, juntamente com o
GFRJ, da Spaceport America CUP, maior competição de foguetes do mundo. Com o
projeto ATOM, que participou da categoria ‘10k SRAD Solid Motors’, ou seja,
foguetes de motor sólido desenvolvido pelos alunos, para apogeu de
aproximadamente 3 km [10 mil pés].
No grupo, fui o chamado ‘Chefe de Missão’, que é
basicamente o responsável técnico do foguete. Foi a realização de um sonho,
pois, desde que comecei a fazer foguete, quis participar dessa competição. Foi
uma experiência muito enriquecedora, fizemos amizade com ‘fogueteiros’ de todo
o mundo e ainda fomos muito elogiados pelos jurados e outros participantes.
O ATOM ficou em 3° lugar em sua categoria, com 835,1
pontos. Considerando a pontuação de todas as equipes que produzem seu próprio
motor, seja ele líquido, híbrido ou sólido, de 10 mil ou 30 mil pés [cerca de
10 km], o GFRJ continua em 3º lugar, o que torna o resultado ainda mais
surpreendente.
Na classificação, incluindo todas as categorias da
competição, ficamos em 21º lugar entre todas as universidades participantes.
Para participação desse projeto, tivemos apoio do público, que doou mais de R$
15 mil para nossa vaquinha online, bem como das empresas que
patrocinaram nosso projeto.
“Meu próximo passo é entrar
em um mestrado na área de
engenharia aeroespacial e me
especializar em propulsão de
foguetes”
(Crédito: Bruno Costa/Arquivo pessoal)
Lançamento do foguete ATOM, do GFRJ, nos EUA.
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Quais seus próximos planos com relação à sua carreira?
Após a participação do evento em Natal, fui convidado
para fazer parte da diretoria da Associação COBRUF. Atualmente, ela está
desenvolvendo seis competições aeroespaciais ‒ rovers, drones,
foguetes, submarinos espaciais, trajes espaciais e cubesats ‒ com
equipes de seis países diferentes, além de promover cooperação tecnológica
internacional para construção de um novo foguete avançado.
Confio muito nesse grupo. Acredito que a COBRUF será um
dos propulsores do programa espacial brasileiro, e eu pretendo continuar
fazendo parte disso.
Meu próximo passo é entrar em um mestrado na área de
engenharia aeroespacial e me especializar em propulsão de foguetes. Ainda não
sei se tento ir para o exterior ou se faço em uma instituição aqui no Brasil.
No futuro, penso em abrir minha própria empresa, com foco
em desenvolvimento de lançadores aqui no país e, quem sabe, me tornar
astronauta.
Mais informações:
Pontuações finais: http://www.soundingrocket.org/2018-sa-cup.html
Vídeo dos foguetes (GFRJ: 26’39’’): https://www.youtube.com/watch?v=Q69AoYo9j1M&t=1617s
Fonte: Site do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas
(CBPF) - http://portal.cbpf.br/
Comentário: Pois é leitor, o Bruno Costa é um desses
jovens promissores que o nosso país está produzindo na área de foguetes e o
Blog BRAZILIAN SPACE não tem a menor duvida que no futuro esse jovem será um dos grandes profissionais desta área no país. Parabém Bruno, continue trilhando esse rumo e sucesso
sempre. Aproveitamos para agradecer a nossa leitora Mariana Amorim Fraga pelo
envio desta entrevista.
Conheço bem esse rapaz e com muito orgulho o parabenizo pelo empenho e dedicação ao alcance de seus sonhos. Bruno vc é uma joia em processo de lapidação, tenho certeza que em breve teremos maravilhosas resposta de conquista e realizações em seus projetos de vida. Vc é um exemplo a ser seguido. Sinto me excessivamente orgulho em ter vc como amigo. Parabéns garoto!!!!!!
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