O Desenvolvimento de José Raimundo à Frente da AEB
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo escrito pela Diretória do SindCT e
postado na edição de nº 30 do “Jornal do SindCT” de junho de 2014, tendo
como tema o desserviço prestado pelo Sr. José Raimundo Braga Coelho à frente de nossa Agência Espacial de Brinquedo (AEB).
Duda Falcão
Ciência e
Tecnologia
O Desenvolvimento de José Raimundo
à Frente da AEB
O desserviço de José Raimundo à frente da AEB
Diretoria do SindCT
Jornal do SindCT
Edição nº 30
Junho de 2014
O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), que
continua no cargo mesmo após a queda de Marco Antonio Raupp, desrespeita INPE e
DCTA e continua a apostar na duvidosa ACS (Brasil-Ucrânia) e no projeto SGDC.
Se mesmo a criação de um samba carnavalesco requer, além de inspiração, um
planejamento, com definição de enredo, levantamento histórico, definição da
letra etc., imaginem o trabalho e a perseverança associados ao planejamento que
requer um Programa Espacial.
No Brasil, os programas espaciais estão sob a
responsabilidade da Agência Espacial Brasileira (AEB), atualmente sob a
presidência de José Raimundo Coelho, que chegou ao cargo por indicação do então
ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp.
Portanto, um balanço do atual estágio de desenvolvimento
do Programa Espacial Brasileiro (PEB) exige, antes de tudo, um balanço das
ações da AEB nos últimos anos, em especial no período em que esteve sob a
administração de José Raimundo. José Raimundo assumiu a presidência da AEB em
maio de 2012. Antes dele, vários dirigentes já vinham conduzindo a agência de
forma amadora, sem visão estratégica e com reduzido compromisso com a coisa
pública.
Dentre os “feitos” da AEB no período que antecedeu a
gestão de José Raimundo destaca-se o injustificável episódio da participação
brasileira no projeto da Estação Espacial Internacional (ISS), capitaneado pela
NASA, a agência espacial dos EUA. A aventura, que sugou milhões de dólares dos
cofres públicos, acabou se resumindo ao envio de um astronauta brasileiro ao
espaço. Igualmente irresponsável é a interminável Plataforma Multimissão (PMM),
projeto de um satélite concebido para ser utilizado em diferentes missões.
Inicialmente orçado em R$ 25 milhões, foi contratado pela AEB junto à
iniciativa privada em 2001 ao preço de R$ 40 milhões.
O Tribunal de Contas da União (TCU) rejeitou o contrato
da PMM, propondo pena aos gestores responsáveis por ele. Com previsão inicial
de lançamento em 2005, passados 13 anos a PMM ainda não se tornou realidade,
com contratos paralisados e sem expectativa concreta de lançamento nos próximos
anos.
A Inconcebível ACS
Após assumir a presidência da AEB, José Raimundo passou a
apoiar o inconcebível investimento na estatal binacional Brasil- -Ucrânia,
Alcantara Cyclone Space (ACS).
Criada em 2006 com o objetivo de comercializar o
lançamento de satélites por meio do foguete ucraniano Cyclone 4 a partir de uma
base de lançamento em Alcântara, no Maranhão, a AEB injetou mais de R$ 500
milhões no projeto no período 2007-2012.
Com a chegada de Raupp ao MCTI e José Raimundo à AEB,
estes solicitaram (e o governo aprovou) um aumento de quase 100% no capital da
ACS, o que exigiu o desembolso, pela AEB, de mais R$ 470 milhões em 2013,
totalizando quase R$ 1 bilhão gastos nesta aventura sem qualquer resultado a
apresentar, a não ser toneladas de concreto e ferros retorcidos abandonados em
meio às obras paralisadas da base de lançamento no Maranhão.
O Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações
(SGDC-1) é outro “feito” da AEB que vem contribuir com seu leque de
“realizações”. Por influência direta do ministro Raupp e do presidente da AEB,
o país optou pela criação de uma joint-venture (Visiona) entre a estatal
Telebrás e a Embraer, privada, para adquirir o satélite integralmente no exterior,
deixando de fora dos estudos de especificação do satélite o próprio Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), prescindindo dos mais de 50 anos de
experiência adquirida por este instituto público no desenvolvimento de
satélites.
Intervenção
A AEB deveria trabalhar em sinergia com os órgãos
públicos responsáveis pela execução das atividades espaciais no país,
principalmente o INPE e o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). No entanto,
a AEB vem trilhando caminho oposto: esvazia estes institutos e desvia recursos
e projetos, originalmente a eles destinados, para empresas como ACS e Visiona.
De fato, a gestão de José Raimundo tem sido marcada por
uma política de “intervenção branca” no INPE e no Departamento de Ciência e
Tecnologia Aeroespacial (DCTA- -IAE), órgãos responsáveis pela execução do
Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), o plano que envolve as
diretrizes de mais alto nível das atividades espaciais brasileiras.
Só para ficar em alguns exemplos, no INPE este senhor tem
nomeado gerentes de programas de satélites sem ao menos informar o diretor do
instituto, além de bloquear recursos do PNAE, até mesmo quando necessários para
honrar compromissos já contratados em 2013.
No DCTA, José Raimundo segue aplicando sua política de
deixar programas fundamentais, como o de desenvolvimento do foguete VLS,
morrerem à míngua, com recursos irrisórios quando comparados ao montante
empregado em projetos como ACS e SGDC, que em nada contribuirão para o
aprimoramento tecnológico do país. José Raimundo foi o responsável pela
atualização do PNAE para o período 2012-2021.
Considerada “realista” pelo presidente da AEB, a nova
versão não passa de uma peça de ficção de mau gosto com o poder público, vaga
em seu conteúdo e com nenhuma de suas ações relacionadas ao desenvolvimento de
satélites e veículos lançadores cumprida até o momento, à semelhança do que
ocorreu no PNAE 2002-2011. Assim como o grupo político que o apadrinha na
direção da AEB, José Raimundo é sabidamente ligado a forças conservadoras e privatistas.
Sua gestão está empenhada em transferir recursos públicos
destinados à área espacial para as mãos de empresas privadas, esvaziando as
atribuições dos órgãos públicos responsáveis pela execução das atividades
espaciais no país. Por estas e por outras seria imperioso, em benefício do
avanço da política espacial no país e aproveitando-se a onda de substituições
nos postos de primeiro e segundo escalão do MCTI, a retirada de José Raimundo
Coelho da Presidência da AEB, colocando-se em seu lugar alguém verdadeiramente
possuidor de espírito público e comprometido com o desenvolvimento soberano
desta área tão estratégica para o Brasil.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 30ª - Junho de 2014
Comentário: Apesar de não concordar com um dos problemas
apontados sobre a AEB pela diretória do SindCT e algumas de suas posições, comungo com a maioria deles sobre
o desempenho do Sr. José Raimundo Braga Coelho a frente de nossa Agência
Espacial de Brinquedo (AEB), e incluiria outros, já que o Sr. José Raimundo é
talvez um dos maiores turistas que já passaram por essa instituição. Veja você
leitor que a nossa insatisfação com o desempenho desse senhor não é de graça e
é compartilhada até mesmo pelo Sindicato da categoria.
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