Subsistema ACDH Desenvolvido no Brasil Pode Ser Qualificado, Se Aprovado o Satélite Amazônia-2
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia publicada na edição de nº 43
de dezembro de 2015 do “Jornal do SindCT”, destacando que Subsistema ACDH
pode ser qualificado, caso seja aprovado o projeto do Satélite Amazônia-2.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA 1
Subsistema ACDH Pode Ser Qualificado,
Se Aprovado o Satélite
Amazônia-2
Construção do LABSIA, parceria INPE-DCTA, viabilizou
salto tecnológico
Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Dezembro de 2015
O país está prestes a
concretizar um grande feito na área espacial: qualificar o Subsistema de
Controle de Atitude e Supervisão de Bordo (Attitude Control and Data Handling,
ACDH).
O Brasil está hoje prestes a concretizar um dos maiores
feitos de desenvolvimento tecnológico na área espacial: qualificar o Subsistema
de Controle de Atitude e Supervisão de Bordo (Attitude Control and Data
Handling, ACDH). Para chegar lá, será necessário que o governo federal dê aval
à construção de um satélite genuinamente brasileiro, o Amazônia 2 — e, assim,
finalmente, seja testado em voo o resultado de uma pesquisa de anos, que exigiu
dedicação e perseverança, pois o cenário da pesquisa espacial sempre passou por
muitos altos e baixos com relação a investimentos e continuidade dos projetos
satelitais. O
ACDH ganha lastro porque
no mundo não chega a dez o número de países que detêm essa tecnologia.
Fundamentalmente, trata-se de um subsistema sensível, porque tem uso dual:
serve para lançadores e satélites, mas também para armamentos, como mísseis
teleguiados. Tecnologias que possuem essa peculiar natureza acabam sofrendo
restrições de outros países, como, em especial, o International Traffic in Arms
Regulations (ITAR), a legislação norte- -americana de controle de armamentos.
O Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) espera a aprovação do Amazônia- 2 para poder
embarcar os seus experimentos. Se tudo der certo, o país poderá dar esse
importante salto tecnológico na área. “Estamos aguardando aprovação do
Amazônia-2, totalmente brasileiro, mas temos expectativa de lançar também o
satélite científico Equars (2018/2019)”, declara Leonel Perondi, diretor do
INPE, ao Jornal do SindCT. Ele acredita que mesmo em um cenário de crise é
necessário dar continuidade às atividades, porque paralisar pode significar
perdas em parte do que já se avançou.
“É preciso seguir e dar passos mais ousados”,
sustenta Perondi. “Houve diversas iniciativas no passado, sobretudo com a
criação do CTA (depois DCTA), que trouxeram bons e importantes resultados, como
a indústria aeronáutica. Numa época em que ninguém imaginava que tanta gente
utilizaria avião, alguns visionários foram lá e fizeram, e era um período muito
mais difícil”, relembra, referindo-se ao Departamento de Ciência e Tecnologia
Aeroespacial.
“Hoje o país colhe excelentes resultados industriais
por meio da Embraer. Acredito que a relação com os satélites deveria ser
exatamente a mesma”, explica o diretor do INPE. O Projeto de Sistemas Inerciais
para Aplicação Aeroespacial (SIA) é uma das grandes iniciativas no sentido de
trazer esse desenvolvimento ao país.
Essa pesquisa começou em
2002 com o Laboratório de Simulação (LabSim), mas foi com a construção do
Laboratório de Sistemas Inerciais (Lab- SIA), em julho de 2013, que se
viabilizou um importante instrumento para fazer avançar as pesquisas na área. O
próprio laboratório incorpora diversos desenvolvimentos. Não se trata somente
das instalações físicas, mas de todo um complexo que permite testes, simulações
e o próprio desenvolvimento do subsistema. O SIA está sob a coordenação do
DCTA, em parceria com o INPE.
Telemetrias
“Acredito que estamos bem avançados. Agora falta
qualificar o subsistema em voo. A minha parte é eletrônica do computador de
bordo e os softwares, mas há vários outros itens que compõem o ACDH, e cada
qual tem uma função que, por sua vez, é coordenada pelo computador através de
um software específico”, ressalta Ronaldo Arias, servidor do INPE e mestre em
Ciência Informática pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Ele explica que o ACDH tem
a função de corrigir a posição do satélite (atitude), porque todas as partes
têm uma posição pré-definida. “Os painéis solares, por exemplo, precisam estar
voltados para Sol para gerar energia; e as câmeras, para baixo, para capturar
as imagens da Terra”, no caso de satélite de sensoriamento.
É também função do
subsistema o controle da posição do satélite em órbita, porque ele tem uma
tendência de cair e reentrar na atmosfera da Terra com o passar do tempo.
Perondi observa que o controle de órbita é realizado em solo, através das
estações terrestres, que recebem as telemetrias (dados sobre as posições do
satélite no espaço) e executam os telecomandos, que são as informações
necessárias às devidas correções. Toda essa comunicação parte de computadores e
antenas terrestres e chega às antenas e computadores embarcados, e vice-
-versa.
O controle de atitude, no
entanto, é realizado automaticamente do espaço, por meio de uma programação
prévia que ocorre antes de o satélite subir. As informações sobre a posição do
satélite são capturadas por sensores de estrela, solar, giroscópio, receptor
GPS e magnetômetros, que executam essa função por georreferência e, por meio de
uma interface com o computador de bordo, enviam os comandos para os atuadores
(executores: rodas de reação, propulsores e magnetorquer), os quais, por sua
vez, emitem os comandos para correção.
Para manter o satélite em
órbita, ele deve ser acelerado de tempos em tempos por um jato de propelente.
Em 2011, o então diretor do INPE, Gilberto Câmara, adquiriu o ACDH da INVAP,
estatal argentina, pelo valor de R$ 47,5 milhões, para o Amazônia-1, primeira
missão baseada na Plataforma Multimissão (PMM).
Houve muitas discordâncias
por parte de técnicos e engenheiros do INPE, que à época estavam envolvidos com
o projeto nacional de ACDH.
Eles queriam que fossem
utilizadas as pesquisas que estavam em andamento. A PMM ainda não voou: a
finalização está programada para 2017 e o lançamento para 2019. Ou seja, o
subsistema brasileiro poderia ser qualificado hoje, utilizando este satélite,
se não tivesse havido tanta pressa para aquisição de uma tecnologia
estrangeira.
Fonte: Jornal do SindCT -
Edição 43ª - dezembro de 2015
Comentário: Se, se, se. Programa do faz de conta. Ora leitou, faça-me uma garapa. Para mim começa aqui a elaboração dos novos capítulos desta novela interminável.
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