Falha no VS-40M Frustra Primeiro Teste do SARA

Olá leitor!

Trago agora para você uma interessante matéria postada na edição de novembro do “Jornal do SindCT”, tendo como destaque a falha do foguete VS-40M da missão do SARA Suborbital -1.

Duda Falcão

NOSSO TRABALHO 2

FOGUETE EXPLODE NO CENTRO DE LANÇAMENTO DE ALCÂNTARA

Falha no VS-40M Frustra
Primeiro Teste do SARA

Programa do IAE prevê desenvolver plataforma orbital, chamada Satélite de Reentrada
Atmosférica, para realizar testes em microgravidade. Não houve vítimas na explosão

A Diretoria
Jornal do SindCT
Edição nº 42
Novembro de 2015

Foto: DCTA

No último dia 13 de novembro ocorreu a primeira tentativa de se colocar no espaço a plataforma denominada SARA (Satélite de Reentrada Atmosférica), projetada para transportar experimentos a serem conduzidos em ambiente de microgravidade. Trata-se de um projeto em desenvolvimento no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), pertencente ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), desde o final da década de 1990. Para transportar o SARA para fora da atmosfera terrestre, a cerca de 200 Km de altura, seria utilizado um foguete já qualificado, desenvolvido também pelo IAE no início da década de 1990: o VS-40M.

No entanto, por conta de uma falha ainda não identificada, o foguete acabou explodindo imediatamente após a ignição do motor, ainda na rampa de lançamento, o que provocou a sua destruição. O lançamento se deu no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, mesmo local onde há 12 anos ocorreu gravíssimo acidente com outro foguete brasileiro, denominado VLS (Veículo Lançador de Satélites), que resultou na morte imediata de 21 técnicos e engenheiros civis do IAE.

A Aeronáutica, a quem o DCTA é subordinado, divulgou em nota que ninguém se feriu no acidente, e que a campanha de lançamento do VS-40M, batizada de “Operação São Lourenço”, mobilizou cerca de 300 pessoas, entre civis e militares, desde o dia 22 de outubro.

A operação teve como um de seus principais objetivos testar em voo um protótipo da plataforma SARA, que por sua vez levava a bordo dois experimentos: um Sistema de Medição Inercial (SISMI), desenvolvido pelo IAE, e um receptor GPS de aplicação espacial, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em parceria com o IAE.

Voo Seria Curto

Este seria o primeiro de quatro voos experimentais previstos no plano de desenvolvimento do SARA, sendo dois suborbitais (em que a plataforma, após atingir uma altitude máxima, retorna imediatamente à Terra) e dois orbitais, em que o veículo permanece por várias órbitas em torno da Terra, até que um comando induz sua reentrada na atmosfera.

Seria um voo bem curto: o veículo percorreria uma trajetória parabólica de subida e descida, caindo em seguida nas águas próximas à Ilha de Santana, a 175 km em linha reta do ponto de onde foi lançado, para finalmente ser recuperado por dois helicópteros e um barco mobilizados no resgate.

Ainda segundo a nota oficial da Aeronáutica, “o Projeto SARA deverá ser retomado o mais rapidamente possível”, de acordo com o diretor-geral do DCTA, tenente-brigadeiro do ar Alvani Adão da Silva. Tal afirmação é corroborada por uma declaração do coronel Augusto Luiz Otero, diretor interino do IAE, segundo a qual o SARA teria sobrevivido aos impactos da explosão durante o lançamento, tendo inclusive emitido sinais de rádio às estações de rastreamento.

Porém, de acordo com o diretor do CLA, coronel aviador Cláudio Olany Alencar de Oliveira, “somente após avaliação técnica sobre o porquê do acidente é que será possível avaliarmos o andamento do projeto”. O comentário foi publicado pela versão online do jornal O Estado do
Maranhão no mesmo dia do lançamento frustrado.

Sem Atalhos

De fato, pior que a falha do lançamento em si é saber quando, de fato, novos lançamentos serão realizados para se levar o Projeto SARA adiante. Uma análise superficial do histórico de lançamentos nas duas últimas décadas por parte do IAE-DCTA, bem como do cronograma de atividades previstos no Plano Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), sob coordenação da Agência Espacial Brasileira (AEB), demonstra que a cadência de lançamentos, seja como parte do desenvolvimento de novos foguetes, seja para transportar outros experimentos ao espaço, tem sido muito aquém da necessária.

É o caso do desenvolvimento do foguete VLS, praticamente paralisado há 12 anos, sem que tenha ocorrido um único lançamento desde a tragédia de 2003, em que pese a promessa do então presidente Lula — feita durante a cerimônia fúnebre em homenagem às vítimas do acidente — de que até 2005 haveria um novo lançamento. É também o caso do próprio foguete VS-40, com apenas três voos realizados num período de 22 anos.

A história mostra que a conquista do acesso autônomo ao espaço pelos vários países foi árdua, economicamente dispendiosa, e muito demorada. Diversas nações enfrentaram vários percalços, com lançamentos frustrados que se repetiam mês após mês, mas com muita insistência e perseverança souberam superar e colher os resultados esperados. Não há atalhos nesta jornada. Cabe ao país reavaliar seu programa espacial e definir o que espera dele.

Ficha Técnica VS-40M

Comprimento total: 6,7 m (9,1 m incluindo o SARA)
Diâmetro máximo: 1,0 m
Nº de estágios: 1
Massa Total: 6.235 kg
Massa da carga útil: até 500 kg
Apogeu: até 650 km de altitude
Fonte: Agência Espacial Brasileira


Fonte: Jornal do SindCT - Edição 42ª - Novembro de 2015

Comentário: Pois é leitor, como disse a matéria cabe ao país reavaliar seu programa espacial e definir o que espera dele, e o Brasil não faz isto desde a chegada dos desgovernos civis. Para mim na atual conjuntura política do PEB o Projeto SARA, infelizmente é um PROJETO MORTO. No entanto, a informação de que o SARA teria sobrevivido aos impactos da explosão durante o lançamento, se verdadeira for, é animadora, mas por si só não resolve nada. Só existe uma possibilidade para a continuidade do Projeto SARA e ela passa pela mudança de postura do COMAER, ou seja, de pedinte para cobrador, caso contrário o Projeto SARA ficará na memória como uma grande ideia que não vingou e acabou de forma melancólica. Em outras palavras, para que fique bem claro, ou o Comandante da Aeronáutica mostra que tem bolas e demostra que realmente tem interesse neste projeto cobrando diretamente desta PresidentA de merda, ou o projeto já era. Uma pena. Triste.

Comentários

  1. Importante lembrar que as redes elétricas dos VS-40M estavam embutidas no SARA e ainda não havia sido testada em um lançamento, pode ser uma hipótese.

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  2. Se houvesse real interesse no PEB poderíamos hoje estar desenvolvendo um projeto de veículo suborbital tripulado.

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  3. Maybe a move away from inconsistent solid propellant and considering alternative method which can be fully 'designed' would help. Both hybrid and bi-prop are mature technologies while more expensive might give more consistent results.........

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