IAE Completa Ensaio Dinâmico do Modelo de Vôo do SARA

Olá leitor!

Segue abaixo uma nota postada hoje (28/09) no site do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), informando que o instituto concluiu nesta quarta-feira (19/09) , o ensaio dinâmico do Modelo de Vôo Mecânico do Sara Suborbital-1.

Duda Falcão

Completado o Ensaio Dinâmico do Modelo
de Voo Mecânico do Sara Suborbital

Campo Montenegro, 28/09/2012

A Divisão de Ensaios (AIE), em conjunto com a Divisão de Sistemas Espaciais (ASE), ambas do Instituto de Aeronáutica e Espaço, concluiu nesta quarta-feira, dia 19 de setembro, o ensaio dinâmico do Modelo de Voo Mecânico do Sara Suborbital. O ensaio foi realizado no Laboratório de Ensaios Estáticos (LED), onde se localiza o maior shaker da América Latina. As equipes da AIE e da ASE trabalharam na integração, instrumentação, pré-teste e o ensaio propriamente dito que envolveu curvas senoidais e aleatórias nos três eixos do veículo.

Os resultados do ensaio serão agora analisados pela CENIC e apresentados ao IAE para a realização da Flight Readiness Review (FRR) do Modelo Mecânico, também denominada Revisão de Pré-embarque.

Após a conclusão desta etapa, o SARA Suborbital deve seguir para a Divisão de Eletrônica para a integração do Modelo de Voo das Redes Elétricas.



Fonte: Site do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)

Comentário: Tá ai leitor o que parece ser a grande notícia do ano no Programa Espacial Brasileiro, já que indica que a SARA Suborbital-1 encontra-se nos preparativos finais para o seu lançamento, que pode acontecer nos primeiros meses de 2013, caso não sofra influência do fator DILMA e seus Blue Cats. O sucesso dessa missão, ainda que suborbital, deverá trazer certa atenção da comunidade internacional que há anos espera que o Brasil saia das eternas promessas e passe a realização de fato com algo significativo em seu programa espacial. Vamos aguardar os acontecimentos.

Comentários

  1. Mais uma vez, graças ao Blog do Duda, tomei conhecimento desse programa.

    SARA (Satélite de Reentrada Atmosférica), cujo objetivo principal é colocar em órbita baixa, circular, a 300 km de altitude, por um período máximo de 10 dias, uma plataforma de 350 kg de massa. O projeto SARA se encontra em uma fase em que os seus subsistemas serão verificados em um vôo suborbital.

    Nessa fase, gostaria de comparar o desempenho dessas missões com os das do projeto Hifire.

    Em termos de apogeu, já constatei que são bem pareceidas, mas não consegui informações sobre a massa das plataformas das missões mais recentes do projeto hifire lançadas usando o VS-30.

    Alguém que participe aqui do blog sabe dizer a massa de alguma dessas cargas úteis do projeto HIFIRE lançadas pelo VS-30 ?

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  2. Olá Marcos!

    Veja bem, o SARA é na realidade uma especie de cápsula para armazenar experimentos científicos e tecnológicos em ambiente de microgravidade por até 10 dias em órbita e depois retorná-los a Terra. Nesse contexto o programa que se assemelha com o SARA é o Programa SHEFEX alemão, cuja a carga útil SHEFEX III, que deverá ser lançada de Alcântara em 2015 ou 2016 através do VLM-1, tem também aproximadamente 350 kg. Já as cargas úteis tecnológicas do Programa HIFIRE visa o desenvolvimento da tecnologia hipersônica. Só lembrando que até agora somente um foguete brasileiro o VS-30/Orion foi usado no Programa HIFIRE e não o VS-30. Já no Programa SHEFEX, foram usados o VS-30/Orion (SHEFEX I) e o VS-40 (SHEFEX II).

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  3. É isso Duda,

    Depois que postei me dei conta que a missão mais próxima seria a SHEFEX mesmo, mas não é bem isso que estou procurando entender.

    Gostaria de saber mais sobre as massas das respectivas cargas úteis tanto das missões SHEFEX quanto das HIFIRE, para saber se o lançador VS-40 poderá substituir com vantagens o conjunto VS-30/Orion para missões sub-orbitais.

    E agora, depois de pesquisar mais sobre o projeto SARA, surgiu uma outra dúvida: encontrei em ao menos 3 documentos, referências de que se o VS-40 for mantido como lançador da versão orbital do projeto SARA, a massa da carga útil cairia para 55 kg.

    Pelo que eu entendi das minhas pesquisas, a idéía original era usar o VLS-01 para colocar o SARA em órbita, mas agora parece que a idéia é evoluir o VS-40 e fazer dele a opção mais barata para efetuar experimentos em gravidade zero, o que seria excelente, e a meu ver seria realmente, em termos práticos, o produto mais interessante do nosso sofrido PEB. É isso mesmo? Tem algum documento oficial com esses detalhes todos?

    Vejam esse trecho que encontrei num documento: "O baixo custo é outra grande vantagem que o projeto SARA oferece ao País. Os preços pagos por uma operação no espaço são cobrados pelo tempo de utilização do veículo e pelo peso da carga transportada. Comparativamente, a carga lançada por um foguete de sondagem custa cerca de 10 mil dólares por quilograma/hora. Pois o SARA poderá operar cobrando aproximadamente mil dólares por quilograma."

    Imaginem se forem comparados os custos com um experimento em gravidade zero na ISS !!!

    Aproveitei o ensejo e criei uma versão em Português sobre o SARA na Wikipedia.

    Quem quiser/puder acrescentar informações fique a vontade.

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  4. Caro Marcos!

    Veja bem, o desenvolvimento do Projeto SARA compreende 4 vôos, sendo os dois primeiros suborbitais e os outros dois orbitais, quando então o SARA estará qualificado. O primeiro vôo é o SARA Suborbital-1 que estamos na torcida que seja lançado no primeiro semestre de 2013. Os dois vôos suborbitais serão realizados pelo VS-40 e os orbitais serão realizados pelo VLS-1, pelo menos essa era a ideia inicial. O que acontece é que para o SARA Orbital voar ele precisa de um lançador de satélites, já que o VS-40 é um veículo suborbital, e sendo assim não tem condições de atingir a velocidade de escape, ou seja, 28.000 km, só alcançada por veículos lançadores de satélites, entende? Foguetes de Sondagens em algumas missões pode até subir mais alto, mas a gravidade puxa-o para baixo e com ele a sua carga útil, já que não atinge a velocidade de escape. Quanto as respectivas massas do SARA, do SHEFEX e do HIFIRE, elas diferem em cada vôo nesse estágio de desenvolvimento e eu não tenho informações concretas quais seriam. Entretanto, no caso do HIFIRE eu acredito que o próximo foguete brasileiro a ser utilizado no programa deva ser mesmo o VS-30/Orion ou um VSB-30. No projeto hipersônico SCRAMSPACE-1 australiano, previsto para ser lançado da Base de Woomera no Sul da Austrália no primeiro semestre de 2013, muito provavelmente o foguete usado será o VSB-30. Outra coisa que deve ser dita em relação ao Projeto SARA é que, com a qualificação da versão orbital do mesmo, não significa necessariamente que a versão suborbital venha a ser abandonada e se isso realmente acontecer, o VS-40 certamente será o veículo utilizado nessas missões.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  5. Então me ajuda ai.

    Estive lendo que o apogeu do VS-40 é de 650 km, mas provavelmente ele chega aos 100 km de altitude numa velocidade muito abaixo dos 28.000 km, então ele sobe num ângulo reto até os 650 km e cai, quando para colocar um satélite em órbita, o foguete precisa chagar aos 100 km de altitude numa velocidade igual a 28.000 km/h e num ângulo tal que permita soltar o satélite e ele se mantenha lá por um bom tempo apenas com a inércia. É isso?

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  6. Caro Marcos!

    Para que o satélite entre em orbita sobre o planeta o mesmo tem que ser depositado pelo foguete na orbita escolhida na velocidade de 28.000 km, caso contrário ele retorna a Terra queimando na atmosfera. Já o angulo e a altura que o satélite será depositado em órbita depende da missão (função) do mesmo. Satélites Geostacionários como o de telecomunicações por exemplo, ficam em torno da Terra creio eu a 32.000 ou 38.000 km de altitude. Com o tempo essa velocidade tende a decair e também a sua órbita e é por isso que satélites usam motores-foguetes para reposicionamento em órbita, entende? No caso do VS-40, se não me engano a velocidade final desse foguete não chega nem a 14.000 km, e assim sendo o mesmo só serve para missões suborbitais.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  7. Deixa-me ser um pouco perverso. Se quisessem colocar ali na ponta uma ogiva de 350kg, daria para converter esse foguete em missil?

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  8. Olá Pestana!

    Sim, como míssil o mesmo poderia se utilizado, já que a tecnologia é dual e bastaria fazer algumas modificações no mesmo. Entretanto, vamos nos fixar no seu uso civil em benefício de nossa sociedade, e vamos deixar as armas para os blogs e sites especializados.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  9. Estava tentando me atualizar sobre o VS-40 no site do IAE, mas constatei ser impossível. Depois de ler sobre os dois primeiros lançamentos, um em 1993 e outro em 1998, o site exibe o seguinte texto entitulado "Situação Atual":

    "Uma equipe técnica de especialistas do IAE prepara uma revisão do foguete de sondagem biestágio VS-40 para a realização do seu terceiro vôo (VS-40 PT-03), previsto para 2010, no CLA (Centro de Lançamento de Alcântara)".

    E segue com outras considerações que devem ter tido sentido naquela época.

    A dificuldade em gerenciar multiplos projetos, começa no próprio site do IAE.

    Emblemático...

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  10. Caro Marcos!

    Mesmo o site da NASA não é atualizado com frequência no que diz respeito a projetos, não tem nada de emblemático nisso. O novo VS-40 já está pronto e vôou com o SHEFEX II, agora voará com o SARA. A equipe de desenvolvimento de foguetes de sondagens não é a mesma que a que trabalha com a de veículo lançadores, nem a do VLS-1 e nem a mesma que está trabalhando com o VLM-1. Procure não tirar conclusões baseados no que você encontre na net, pois nem sempre as coisa são como parecem ser.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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    1. Veja Duda,

      Eu sempre evito de comparar qualquer aspecto daqui com a NASA e a Roskosmos, pois entendo que essas duas instituições estão em outro patamar a nível mundial.

      Ultimamente tenho estudado muito os dados da Agência Alemã (DLR).

      Entendo também que nem tudo é como parece, e é por isso que continuo levantando esses questionamentos, para tentar ouvir (no caso ler) algum argumento que considere válido.

      Aqui vão mais alguns:

      Depois de alguma pesquisa, em vários lugares diferentes, descobri que o INPE tem hoje aproximadamente 1.070 funcionários e o DCTA e suas 13 instituições subordinadas tem hoje aproximadamente 5.500 funcionários. Considerando o quadro de funcionários da nossa AEB ser bem pequeno e a ACS ser teoricamente uma iniciativa privada, são 6.570 (provevelmente até menos) funcionários tocando o PEB com um orçamento (salvo engano) de cerca de R$ 350 milhões.

      Já na DLR (que é responsável por conduzir o programa espacial exclusivamente Alemão, fora a ESA), informa no próprio site que aloca para essa finalidade cerca de 7.000 funcionários e um orçamento de €745 milhões.

      Até ai tudo muito esperado, ou seja, eles levam bastante vantagem. Mas ai vem o mais curioso. No parágrafo seguinte eles explicam que desse orçamento, de €745 milhões para as pesquisas espaciais internas, €400 milhões são originados pelos lucros da DLR. o governo aporta apenas 15% do orçamento total em pesquisas internas (o grosso vai para a ESA).

      Ou seja, do orçamento para o programa espacial interno da Alemanha, €345 milhões vem do governo e €400 milhões vem dos lucros da própria DLR.

      Bem interessante não?

      Em suma, se amanhã ou depois, assume na Alemanha um governo completamente descompromissado com programas espaciais, e resolve parar de investir nessa área, o orçamento deles cairá para cerca de 54% do atual, mas não vai ficar zerado.

      Chega de ficar de pires na mão. Temos que seguir esse tipo de exemplo!

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    2. Olá Marcos!

      A comparação é interessante. Entretanto, na realidade o orçamento brasileiro tem variado de 330 a 400 milhões de reais nos últimos 4 anos, quando na realidade deveria estar em torno de uns 800 milhões a um milhão. Além disso, os números apresentados por você dizem respeito ao total de servidores no DCTA, e na realidade não é o número dos servidores envolvidos com as atividades espacias. O DCTA é composto pelo IFI, IAE, IEAv e o ITA. Assim sendo, na realidade os servidores diretamente ligados com atividades espaciais no IAE e no IEAv não devem chegar nem a 1500 e juntando com os do INPE, não chega nem a 3000, e pior, diminuindo cada vez mais ano a ano. A Situação é crítica. Os outros servidores estão ligados as área de educação e desenvolvimento aéreo e de armas, e não se envolvem na área espacial, entende?

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  11. Já da pra botar uma cachorrinha ali dentro :)

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  12. Caro Anônimo!

    Não sei como devo encarar a sua colocação, ou seja, com ironia ou com seriedade. No caso de você estar sendo irônico, deixe-me lembrar que o blog "BRAZILIAN SPACE" é um espaço de discussão sobre as atividades espacias brasileiras e de suas ciências correlatas e encaramos isso com muita seriedade. No caso de ser uma observação, devo lhe dizer que o objetivo desse projeto não prevê o transporte de seres vivos, apesar de não haver empecilhos para isso, caso no futuro haja esse interesse.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  13. Take it easy Duda. O observação é só um sonho, seria o primeiro passo para uma missão tripulada, mas a gente sabe que por uma série de motivos isso não está nem perto de acontecer... e foi aqui no seu blog que vi que os Argentinos já puseram um ser vivo no espaço, e parecia ser um foguete bem mais modesto que os nossos atuais...

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