Uma Chance ao Programa Espacial
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo
não assinado postado hoje (04/09) no site do jornal “O VALE”, destacando a
necessidade de se dá crédito e incentivar os profissionais que têm condições de
promover mudanças no Programa Espacial Brasileiro.
Duda Falcão
IDÉIAS
Uma Chance ao Programa Espacial
Jornal O VALE
04 de Setembro de
2012 - 4:00
Nos tempos da
Embratel, o Brasil comprou duas gerações de satélites de comunicações,
Brasilsat A e B. Nestas compras, o conteúdo local se restringiu a estágios
técnicos para funcionários do INPE nas empresas fornecedoras estrangeiras.
Após a
privatização da Embratel, as empresas brasileiras operadoras compraram mais
satélites de comunicações, agora sem qualquer participação das instituições
governamentais dedicadas às atividades espaciais, a Agência Espacial Brasileira
(AEB), o INPE e o DCTA.
O primeiro
projeto no Brasil foi o de um satélite geoestacionário para comunicações, que
seria integrante do projeto SACI, na década de 1970. Entretanto, após esta
iniciativa que não saiu do papel, nunca foi incluído no Programa Nacional de
Atividades Espaciais o desenvolvimento de um satélite geoestacionário para
comunicações. Agora, temos o projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro
(SGB), cuja implantação será coordenada por uma empresa criada para essa
finalidade, a Visiona.
O SGB é um
resultado já em andamento dos novos rumos do programa espacial brasileiro, que,
como foi enfatizado em reportagem publicada neste jornal no último dia 26, é
hoje parte fundamental da Estratégia Nacional de Defesa (END) e vai requerer um
elevado grau de orquestração gerencial e orçamentária. Como uma das três áreas
prioritárias da END (espacial, cibernética e nuclear), o setor espacial deverá
atender a diversas demandas do País, que incluem as áreas de defesa, meio
ambiente, comunicações, transporte e logística, meteorologia, entre outras. O
envolvimento da indústria e a qualificação de recursos humanos são também
prioritários, dentro dessa nova perspectiva.
No caso
específico do INPE, a verdade é que os projetos importantes atualmente em
desenvolvimento na instituição foram concebidos em um curto intervalo de tempo,
na gestão do atual ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco
Antonio Raupp, entre 1985 e 1988. São eles o programa dos Satélites
Sino-Brasileiros de Recursos Terrestres, o CBERS, em parceria com a China; o
Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climático (CPTEC); a implantação da
infraestrutura dos laboratórios de Integração e Testes de Satélites, do Centro
de Controle de Satélites, e o desenvolvimento do primeiro satélite brasileiro,
o Satélite de Coleta de Dados 1 (SCD1).
Nada de muito
relevante e novo aconteceu desde então. No momento, a situação do programa
espacial brasileiro é de paralisia, com atrasos sucessivos nos projetos que não
permitem atualização tecnológica, pois acabam obsoletos antes de ficarem
prontos.
Acreditamos que
o momento é muito favorável para uma reformulação completa do setor. Existe a
possibilidade concreta de um excelente alinhamento entre as instituições INPE,
DCTA com a AEB e com o MCTI. São pessoas que conhecem profundamente o programa
e seus problemas, e ninguém mais indicado que o atual ministro para proceder à
transformação necessária. Há 26 anos ele mudou a face do programa espacial,
criou os projetos que dão até hoje vida ao INPE. Tem, certamente, a experiência
e visão para mudar a face do programa outra vez.
Portanto, é
inócuo supor que pretende-se desmantelar o INPE. Como empresário do setor,
acredito que o programa espacial tem agora a chance de tornar-se uma política
de Estado. Vamos dar um crédito e incentivar os que têm condições de promover
essas mudanças.
Fonte: Site do Jornal
“O VALE” - 04/09/2012
Comentário: Ora leitor, apesar desse artigo não ter sido
assinado pelo autor como deveria (Será que foi o presidente da Visiona? Hummm), o mesmo cita com propriedade fatos ocorridos
nas últimas décadas do programa espacial. Concordo com a visão de que é
necessário apoiar o Raupp e seu grupo de colaboradores na AEB, INPE, DCTA, IAE,
IEAv, IFI, entre outros. Entretanto é preciso que se diga que o grande problema
do PEB não está nos órgãos executores do programa (apesar de realmente serem
necessárias algumas mudanças) e sim no órgão decisório e liberadores de
recursos, ou seja, na Presidência de Republica e nos Ministérios da Fazenda e
do Planejamento respectivamente. Vale lembrar que desde que a MECB (Missão
Espacial Completa Brasileira) foi criada no início dos anos 80, existe uma
Política Espacial definida e um Plano Nacional de Atividades Espaciais (PNAE)
que veio sendo modificado de lá pra cá. Assim sendo, o problema nunca esteve na
execução e sim na decisão política de se cumprir o que estava estabelecido
tanto na Política Espacial, quanto no PNAE. Fugir dessa visão é tentar esconder
os fatos e varrer para baixo do tapete a falta de compromisso para com o
programa, a extrema irresponsabilidade (lembre-se leitor, culminou com a morte
de 21 pessoas que hoje são heróis nacionais desconhecidos e esquecidos pelo
próprio governo), a falta de visão e a tomada de decisões políticas desastrosas
de governos sucessivos desde o fim dos governos militares, tendo como única exceção
o governo do ex-presidente José Sarney, onde houve reais avanços e quando o
Raupp militou como diretor do INPE. Assim sendo, volto a insistir, se o governo
não abraçar o programa como ocorre com os governos de outros países, de nada
adiantará toda essa movimentação do Raupp e de seus colaboradores e todo esse
esforço acabará mais uma vez em algum lugar esquecido nos arquivos X da política brasileira.
O artigo está assinado, sim. É do presidente da Equatorial Sistemas, sr. César Ghizoni.
ResponderExcluirOlá Anônimo!
ResponderExcluirSe foi assinado, o nome dele não foi postado na página do "Jornal O VALE" de onde eu tirei a notícia. Entretanto, agradeço-lhe pelo esclarecimento.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Eu creio que algo que estimularia o governo seria a preção popular, o problema é como convencer a população a pressionar o governo para financiar o programa espacial quando eles não lutam nem por coisas “mais importantes” como saúde, educação, etc. A situação é complexa... se todos soubessem como um bom programa espacial é importante para o desenvolvimento do país, o problema é que os resultados nem sempre são imediatos, isso desestimula muita gente.
ResponderExcluirOlá Gean!
ResponderExcluirVocê tem razão amigo e acredito que o caminho é a divulgação do programa e de seus benefícios. Por isso criei o blog, para isso que venho trabalhando, mais sou apenas um e venho fazendo o que posso.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
O seu blog é um dos poucos que falam sobre isso , a maioria de sites que eu leio são de outros países. nem a própria rede globo de televisão mostrar nada sobre isso
ResponderExcluirOlá João Paulo!
ResponderExcluirObrigado amigo pelo reconhecimento ao nosso trabalho. São comentários como o seu que nos motiva a continuar trabalhando.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
complicado dar crédito...
ResponderExcluirdesde que Raupp assumiu a AEB e agora o MCTI, nada evoluiu...
só se criou polêmica junto ao INPE e se mandou mais recursos para a ACS....
Olá Anônimo!
ResponderExcluirPois é amigo, é como eu disse, o Raupp é responsável por um órgão planejador e executor (MCTI) e não decisório. Com isso ele só pode realizar algo (executar) se as condições para isso forem criadas pelo governo (Presidência da República) e pelos seus órgãos decisórios (Ministérios do Planejamento e da Fazenda), caso não, ele só pode planejar e esperar a decisão do governo.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Numa época em que se vê tantos funcionários públicos em greve (alguns sem tanta razão), não seria o caso de o "auto escalão" mostrar um pouco de "força" ?
ResponderExcluirSe a pessoa é séria e comprometida com a causa, e se é pra não poder fazer o que é necessário ser feito, simplesmente abandonem o cargo.
Considerando o currículo, o Sr. Raupp tem a competência necessária para o cargo, mas como o ex-ministro Nelson Jobim já disse, "os idiotas perderam a modéstia", então, quem não quiser se juntar a eles e não puder mudar o rumo das coisas é meio que obrigado a sair.