Programa Espacial Precisa de Engenheiros

Olá leitor!

Segue abaixo um interessantíssimo e esclarecedor artigo postado dia (25/04) no site “www.advivo.com.br“, destacando que o PEB precisa de engenheiros.

Duda Falcão

Inovação & Tecnologia

Programa Espacial Precisa de Engenheiros

Dayana Aquino
25/04/2011 - 13:49

Se o programa espacial brasileiro realmente irá receber maior atenção no governo da presidente Dilma Rousseff, há muito a ser feito para colocar o país no mercado de lançamento de satélites. O primeiro problema é a falta de pessoal qualificado, questão que atinge diversos setores da economia.

A demanda imediata é por cerca de 2 mil engenheiros, de acordo com Himilcon Carvalho, diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da Agência Espacial Brasileira (AEB), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Esse número seria somente para suprir lacunas emergenciais de aposentadorias, e apenas no funcionalismo público. Se comparada à projeção do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA), essa necessidade imediata de engenheiros concursados para a área espacial é cerca de 10% da necessidade nacional traçada pelo conselho, de 20 mil engenheiros por ano.

Último levantamento, realizado em 2005, que contabilizou a força dos recursos humanos empenhada na tecnologia espacial, deu conta de apenas 3.100 pessoas empregadas. Esse número envolve todos os elos do programa espacial, ou seja, o pessoal contratado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), da AEB e da indústria, direta e indiretamente ligada ao programa. A avaliação de Carvalho não é das mais animadoras. Segundo ele, de 2005 até hoje, se a situação não manteve constante, deve ter piorado.

Para se ter uma dimensão do problema, nos Estados Unidos, somente em uma das agências espaciais, a NASA, são cerca de 70 mil pessoas trabalhando. Salvo as devidas proporções, o número de capacitados em apenas uma agência americana é mais de 20 vezes superior a todo corpo de especialistas brasileiros na área devidamente contratados.

A falta de pessoal qualificado tem um impacto direto na capacidade da agência e das demais instituições correlatas em gerenciar mais projetos ao mesmo tempo. Ações importantes, como o projeto Amazônia-1, satélite brasileiro de observação e monitoramento da Amazônia, o primeiro de recursos terrestres totalmente desenvolvido pelo Brasil, previsto inicialmente para ser lançado em 2010, foi adiado para 2013, em parte, por conta deste tipo de problema.

Outra questão gerada pela falta de recursos humanos é o envelhecimento dos quadros. A maior parte dos funcionários qualificados, com expertise na área, está se aposentado ou em idade próxima à aposentadoria. O resultado dessa conta é a necessidade de um número maior de contratações.

“Não estamos conseguindo renovar”, diz Carvalho, explicando as alternativas para contornar o problema envolve o trabalho com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para trazer bolsistas, oxigenar as equipes, ter gente nova. O mais importante, entretanto, é que esses bolsistas em algum momento sejam absorvidos por meio de concursos públicos.

“Temos uma deficiência, mas fazemos parte de um conjunto do funcionalismo público, junto aos ministérios competentes. É um trabalho contínuo que fazemos e mostramos a necessidade em ter mais recursos humanos, mais especialistas”, diz. Ao menos a tônica da declaração de Dilma Rousseff, no mês passado, foi de ampliar o número de profissionais contratados pela AEB.

O trabalho junto às instituições de ensino também auxilia na formação de capacitados. O Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) abriu no ano retrasado o curso de engenharia espacial em nível de graduação, antes só havia a modalidade nos cursos de pós-graduação. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) estão entre as universidades que começam a abrir cursos para formar aptos à área espacial, que são basicamente engenheiros que também podem trabalhar em diversas áreas da indústria.

As parcerias internacionais também vislumbram o intercâmbio de estudantes e profissionais para aprender nas instituições dos países parceiros, mas esta opção não tem sido muito usada. Isso porque não há no país a possibilidade de liberar pessoas para este tipo de intercâmbio. “Já temos poucos e essas pessoas vão passar alguns anos no exterior”, diz Carvalho, pode agravar o problema. É preciso ainda encontrar um mecanismo ideal que permita a capacitação no exterior dos poucos profissionais brasileiros, seja em forma de bolsa para o estudante, ou se a pessoa já trabalha pra o governo.

“É uma preocupação constante que haja isso, principalmente no lado da formação. Algumas parcerias são trocas tecnológicas, outras mais outras menos”, ressalta. Somente em capacitação e formação de recursos humanos, o orçamento de 2011 prevê quase R$ 1,3 milhão.

Em revisão, o Programa Espacial Brasileiro deverá apontar novas necessidades e diretrizes para os próximos anos. Isso envolverá a escolha de projetos prioritários, identificação de lacunas e projeção de recursos humanos e investimentos para atingir as novas metas. Já aconteceram duas reuniões, que tem como objetivo atacar os problemas de gestão interna, atrasos e seus motivos.

Na última reunião, realizada no dia 19 de abril, foram chamados vários órgãos do governo para que fossem colocadas as grandes demandas. A última vez em que o programa foi revisado foi entre os anos de 2004 e 2005, e à época as demandas eram diferentes das atuais. Há uma maior preocupação com mudanças no sistema climático e com a meteorologia, que dependem do programa espacial e do lançamento de satélites.


Fonte: Site www.advivo.com.br

Comentário: Esse interessante artigo leitor apresenta um quadro real mostrando há que ponto a estúpida falta de atitude de diversos governos subseqüentes, desde a década de 90, nos levou. O quadro é extremamente grave e não acredito leitor que possamos resolvê-lo em curto prazo ou médio prazo (mesmo que o governo passe a se empenhar) sem que haja contratações de pesquisadores, técnicos e engenheiros estrangeiros paralelamente a formação de novos profissionais no país. Acho que essa é a única saída para salvar o nosso programa espacial e curiosamente o mercado vive um interessante momento que facilitará a contratação desses profissionais devido à situação econômica adversa ainda vivida por diversos países que desenvolvem tecnologia espacial no mundo. Entretanto, em minha opinião o grande empecilho para isso é o próprio governo. Vamos aguardar os acontecimentos e torcer que o PEB não acabe sucateado, coisa que está bem próxima de acontecer.

Comentários

  1. Nos últimos tempos temos visto algumas universidades abrindo curso de engenharia aeroespacial como a Ufabc, Ufmg, Unb, Ita, Univap, ou seja a falta de recursos humanos, para os próximos anos nem seja o pior problema e sim um PEB mal planejado e sem apoio, pois por mais engenheiros que se formem, se não tivermos uma indústria forte, eles acabarão migrando para outras áreas e outros países.

    ResponderExcluir
  2. Olá Edgard!

    Realmente amigo isso tem ocorrido, mas a formação de um engenheiro com a qualificação técnica e a experiência necessária para atuar no setor espacial, leva pelo menos 10 anos e o PEB não pode esperar esse tempo. O investimento na formação de engenheiros aeroespaciais no páis tem de ser mais estimulado e ao mesmo tempo o governo tem de atrair urgentemente mais engenheiros e técnicos qualificados para o PEB de agora, coisa que só encontraremos no mercado internacional.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

    ResponderExcluir

Postar um comentário