CLA se Moderniza para as Grandes Missões de Lançamento
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada hoje (26/05) no jornal “O Estado do Maranhão”, destacando que o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) está se modernizando para as grandes missões de lançamentos de foguetes futuras.
Duda Falcão
Geral
CLA se Moderniza para as Grandes
Missões de Lançamento de Foguetes
Mesmo com corte no orçamento destinado à Ciência e Tecnologia,
Centro de Alcântara mantém programa de evolução tecnológica;
hoje acontece o lançamento de um Foguete de Treinamento
Intermediário (FTI), a primeira etapa da Operação Fogtrein I-2011
Bruna Castelo Branco
Da equipe de O Estado
26/05/2011
Fotos/De Jesus
Centro técnico onde são acompanhadas as operações
de lançamento de foguetes, em Alcântara
Modernos equipamentos com tecnologia digital garantem
melhores informações das operações
ALCÂNTARA - O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) realizará na manhã de hoje a primeira etapa da Operação Fogtrein I-2011 lançando um modelo de Foguete de Treinamento Intermediário (FTI), em fase de certificação para ser utilizado em fins comerciais. A operação inclui o lançamento de dois foguetes - o segundo deverá acontecer amanhã ou sábado.
Essa é a primeira de cinco operações que serão realizadas este ano. No ano passado, o CLA realizou sete lançamentos, todos bem-sucedidos. Inicialmente, estavam previstos para este ano 14 lançamentos, mas foram reduzidos devido a corte no orçamento, da ordem de R$ 50 milhões, destinado à Ciência e Tecnologia.
Mesmo com a redução de lançamentos, o CLA tem muito a comemorar. A soma de lançamentos com bom desempenho é resultado da continuidade de operações espaciais de treinamento, que estão acontecendo desde 2008 e contribuem para a evolução tecnológica do Centro. Além disso, estão ocorrendo testes dos sistemas - estão em fase de modernização - e a preparação de equipes para um lançamento de grande porte previsto para 2012 na nova Torre Móvel de Integração (TMI), que deve ser entregue no segundo semestre deste ano. A previsão é que a primeira operação com o Veículo Lançador de Satélites (VLS) ocorra em 2012, mas a data ainda não foi definida.
Em julho do ano passado, quando a TMI foi apresentada pela primeira vez à imprensa, apenas a estrutura estava concluída. Hoje, os sistemas estão em fase de instalação no entorno da plataforma e já foram instaladas torres para proteção de descargas elétricas causadas por raios e para medição de ventos. A obra da TMI, orçada em R$ 44 milhões, encontra-se na etapa de acabamentos eletrônicos e fase de comunicação dos sistemas da casamata e a casa de apoio. “A TMI está quase finalizada. A parte de implantação dos sistemas está praticamente concluída. Conforme cronograma, a torre deverá ser apresentada no segundo semestre”, informou o diretor do CLA, coronel Ricardo Rangel.
Após a integração dos sistemas devem serão realizados os primeiros testes na plataforma como preparação para o lançamento do VLS, previsto para o próximo ano. “Essa operação será feita com um sistema de mockup, um protótipo fiel ao projeto que permite a antecipação de resultados e no qual será possível testar todas as etapas do processo. Isso servirá para avaliar se os sistemas estão no funcionamento desejado e realizar eventuais correções”, explicou Rangel.
A Torre Móvel de Integração (TMI) encontra-se
em fase de acabamento
Treinamento - Para o lançamento do VLS, que permite um grau de complexidade maior, as operações com os foguetes de treinamento são essenciais para manter o sistema em funcionamento e treinar as equipes. “Nós estamos em uma região com muita salinidade e, por isso, os sistemas precisam ser testados”, destacou o coronel Ricardo Rangel.
Esse programa foi iniciado em 2008 e mudou a rotina de operações no CLA e no Centro de Lançamento de Barreira do Inferno (CLBI), tornando o Brasil ainda mais conceituado em operações de lançamentos. Idealizador do programa de treinamento constante com os FTI, o diretor do CLA faz um avaliação positiva dos resultados práticos.
“A grande mudança nas atividades se deve ao programa de foguetes de treinamento. Antes, os centros passavam de dois a três anos sem realizar lançamentos e quando era iniciada uma missão surgiam problemas sérios, como a substituição de equipamentos. Hoje, cada centro brasileiro recebe cinco foguetes por ano. O foguete básico é um modelo barato e permite avaliar diversos sistemas”, informou Rangel. Os centros realizam por ano um mínimo de dois ou três lançamentos.
O diretor do CLA avaliou os progressos feitos com as operações. “Hoje, podemos avaliar que os nossos técnicos estão perfeitamente habituados a esse tipo de operação. Se houvesse um intervalo muito grande, com certeza teríamos que resolver de 20 a 30 problemas por operação”, destacou.
Antes do lançamento do VLS devem ser feitas operações com um foguete de nível avançado para integrar as equipes do CLA e do CLBI durante a missão de monitoramento da trajetória. O foguete avançado tem cerca de 8 metros de comprimento e funciona com dois motores, sendo possível avaliar o processo de separação de estágios. O processo é semelhante ao desempenho do VLS. “O avançado é um foguete que permite avaliar a separação de estágios e o lançamento precisa de uma estação remota que será no CLBI. Futuramente, também estaremos trabalhando nesses lançamentos em parceria com centros na África”, adiantou Rangel.
Dados Técnicos
SETORES MODERNIZADOS
- Sala de Controle
- Casamata
- Sistema de Radar
- Setor de Meteorologia
TORRE MÓVEL
- Investimento: R$ 44 milhões
- Conclusão: segundo semestre de 2011
- Primeiro lançamento: em 2012
ATIVIDADES SOCIAIS
- Geração de 900 empregos diretos e indiretos
- R$ 4 milhões anuais em salários
- Ações de Misericórdia realizada em 2010: 26
Novos Equipamentos Garantem
Maior Segurança para Operações
Mais recente aquisição, o Perfilador de Ventos
garante informações precisas de velocidade
Cento e catorze antenas integram o
conjunto do Perfilador de Ventos
Com a estrutura atual, o Centro de Lançamento de Alcântara já é considerado um dos centros mais importantes de lançamentos de foguetes do mundo. O Maranhão tem uma vantagem em sua posição geográfica - a dois graus da Linha do Equador - que permite lançamentos mais precisos com uma economia de 30% de combustível. Além da modernização dos sistemas, o CLA adquiriu equipamentos. O mais recente foi o Perfilador de Ventos, uma tecnologia nova que muda a dinâmica de avaliação dos ventos verticais para a segurança de vôo, pois permite um alcance mais preciso sobre direção e velocidade. Hoje, essa avaliação é feita por meio de balões meteorológicos.
O Perfilador de Ventos é composto por 114 antenas que fornecem dados relativos à velocidade por ondas eletromagnéticas. Já montado, o sistema poderia, inclusive, ser utilizado no lançamento de hoje, mas ainda se encontra em fase de testes. “Essa tecnologia vai permitir mais precisão em uma atividade que já fazemos, com um ganho muito significativo para área de segurança de vôo”, complementou.
Dos sistemas que foram modernizados, destaca-se o setor de radar que foi completamente reestruturado. As mudanças foram necessárias para permitir que o equipamento, apesar de antigo, possa acompanhar todos os níveis da trajetória do foguete. “Ainda é muito difícil a aquisição de um radar, até mesmo pelo boicote de outros países que não querem que o Brasil se desenvolva nas atividades espaciais”, destacou o diretor do CLA.
Sistemas - Na sala de controle, onde acontece o acompanhamento de todas as etapas de uma operação de lançamento, bem como segurança de vôo, foram substituídos todos os sistemas analógicos para digital. Toda a comunicação de dados é feita agora por fibra ótica para evitar interferências. No último lançamento ano passado, com um VSB-30 transportando carga útil, foi possível acompanhar da sala de controle a parte interna do foguete por meio de uma câmera colocada dentro da carga útil.
“Hoje temos um sistema preciso e de grande segurança e tecnologia. Dentro da sala também foram instaladas várias câmeras por uma questão de segurança, ou seja, para vigiar até as pessoas que estão trabalhando e para identificar um possível sabotador que, porventura, esteja infiltrado na operação”, informou Ricardo Rangel.
Comunidade Recebe Assistência
do CLA em Diversas Ações
Atualmente, o Centro oferece 900 empregos
diretos e indiretos na cidade de Alcântara
O desenvolvimento técnico do CLA acontece simultaneamente com as ações realizadas e os benefícios destinados aos moradores de Alcântara, tanto na sede da cidade quanto nas agrovilas e comunidades quilombolas por meio de geração de empregos e atendimentos médicos desenvolvidos pelo Centro.
Atualmente, o CLA oferece um total de 900 empregos diretos e indiretos. Trezentos soldados são moradores de Alcântara. Em média, esses empregos geram um pagamento anual em salários da ordem de R$ 4 milhões. Todos os contratos estabelecidos causam um recolhimento de 5% em impostos para a Prefeitura.
Existe também o apoio a 63 escolas existentes em Alcântara, além da unidade de ensino “Caminho das Estrelas”, que é mantida pelo CLA e oferece vagas para crianças da comunidade. O Centro também construiu e faz a manutenção do porto da cidade. “O CLA tem um compromisso grande com Alcântara. Hoje a economia do município é movimentada, principalmente, em torno do centro. Existe uma história que há uma resistência da comunidade em relação a ele, mas na minha gestão como diretor não senti isso”, garantiu Ricardo Rangel.
Recentemente, por meio de uma solicitação do CLA, foi instalada uma sede do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) em Alcântara para oferecer cursos profissionalizantes, principalmente na área de eletrônica. Os estágios acontecem no CLA e há a possibilidade de contratação. “Mesmo que essas pessoas não sejam contratadas pelo centro, elas terão uma qualificação e mais possibilidades de contratação em várias empresas. É uma elevação do nível de educação dos moradores”, finalizou Rangel.
Fonte: Jornal O Estado do Maranhão - pág 05 - 26/05/2011
Comentário: Mais uma excelente matéria da jornalista maranhense Bruna Castelo Branco, que nos trás novas informações sobre o andamento da modernização do CLA. É notável o grande trabalho que o Cel. Ricardo Rangel vem realizando no CLA e nas relações com as comunidades da região de Alcântara. Fico satisfeito de saber que a visão e comportamento do Comando da Aeronáutica (COMAER) evoluíram para uma melhor convivência com essas comunidades inclusive ajudando-as no seu desenvolvimento educacional e econômico. Entretanto aconselho ao COMAER a procurar desvincular a imagem do CLA da mal engenhada empresa ACS, deixando bem claro para essas comunidades que uma coisa é o CLA e a outra é essa empresa bi-nacional, para que no caso de haver qualquer problema gerado pela mesma (coisa que acreditamos existe boas chances de ocorrer) a imagem do CLA não venha ser chamuscada. Fico na torcida que a inauguração da TMI possa ocorrer mesmo no início do segundo semestre, aumentando assim a possibilidade do VLS-1 XVT-01 vir a ser lançado mesmo em 2012. Esse compromisso tem de ser cumprido pelo governo DILMA, não há espaço para mais atrasos nesse programa VLS. Aproveito para agradecer mais uma vez ao leitor maranhense Edvaldo Coqueiro pelo envio desta matéria.
Comentários
Postar um comentário