Processo Subatômico Raro é Observado Pela Primeira Vez Por Cientistas do LHC Com Participação Brasileira
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo postado hoje (15/05) no site da
“Agência FAPESP”, destacando que processo subatômico raro é observado pela
primeira vez por cientistas do LHC com participação brasileira.
Duda Falcão
Notícias
Processo Subatômico Raro é Observado
Pela Primeira Vez
Por Cientistas do LHC
Elton Alisson
Agência FAPESP
15 de maio de 2015
(CERN)
Colaborações CMS e LHCb constatam transformação de
partículas elementares até então nunca vista. Pesquisa,
publicada na Nature,
tem participação brasileira.
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Pesquisadores das colaborações CMS e LHCb do Grande
Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), da Organização Europeia para
Pesquisa Nuclear (CERN), na Suíça, anunciaram em um artigo
publicado na revista Nature a observação, pela primeira
vez, de um processo subatômico muito raro.
Eles constataram, por meio de análises conjuntas, que
mésons Bs e B0 – partículas elementares pesadas e
instáveis, produzidas apenas em colisões de alta energia, como as que ocorrem
em aceleradores de partículas, como o LHC, ou pela interação de raios cósmicos
no Universo – decaem (transformam-se espontaneamente) em dois múons –
partículas atômicas ultraenergéticas.
O trabalho teve a participação de pesquisadores
brasileiros vinculados ao Centro
de Pesquisa e Análise de São Paulo (SPRACE), da Universidade Estadual
Paulista (UNESP) e da Universidade Federal do ABC (UFABC), apoiado pela FAPESP;
do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF); e da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (UERJ). O grupo de pesquisadores do SPRACE participa da
colaboração CMS, do LHC.
“O estudo preciso de decaimentos raros, como dos mésons Bs
e B0, é uma estratégia complementar para se investigar de forma
indireta a possível existência de uma nova Física além do Modelo Padrão”, disse
Sérgio Novaes, professor da UNESP e coordenador do Sprace, à Agência FAPESP.
Novaes explica que o Modelo Padrão da física de
partículas – teoria que descreve as forças fundamentais forte, fraca e
eletromagnética, bem como as partículas fundamentais que constituem toda a
matéria – prevê que a probabilidade de os mésons Bs e B0
decaírem em múons é muito baixa, de cerca de quatro vezes para cada 1 bilhão de
méson Bs e uma vez a cada 10 bilhões de méson B0
produzidos.
Uma diferença nas probabilidades de decaimento desses
dois mésons possibilitaria a confirmação de teorias que vão além do Modelo
Padrão, como a da supersimetria – teoria que prevê que para cada férmion (como
quarks, elétrons e neutrinos) há um bóson correspondente, como o de Higgs –
encontrado por pesquisadores do LHC em 2012.
Os experimentos realizados pelas colaborações CMS e LHCb,
em que fizeram prótons de alta energia se colidirem para criar 1 trilhão de
mésons Bs e B0, confirmaram predições do Modelo Padrão
com grandes níveis de precisão.
“Os resultados combinados das observações das
colaborações CMS e LHCb estão de acordo com as predições do Modelo Padrão e
ajudam a eliminar ou restringir uma série de modelos que preveem taxas de
decaimento mais elevadas do que as observadas”, disse Novaes.
Análise Conjunta
As duas colaborações realizaram suas observações entre
2011 e 2012 e anunciaram seus resultados individualmente para o decaimento de
mésons Bs em julho de 2013.
Segundo Novaes, embora os resultados individuais
estivessem em acordo, ambos estavam um pouco abaixo do nível de precisão
estatística de 5 Sigma, historicamente exigido na área de Física de partículas
para atestar o resultado de uma observação.
“Na Física das partículas, 5 Sigma indica 99,9994% de
probabilidade de o resultado da medida estar correto e de que há uma chance em
1,75 milhão de se tratar de um desvio estatístico”, explicou.
A análise conjunta dos dados obtidos pelas duas
colaborações, levando em conta as correlações e as incertezas, excedeu essa
margem de confiança, atingindo 6.2 Sigma.
“Ambas as medidas realizadas pelas duas colaborações
individualmente são compatíveis com o Modelo Padrão e permitem estabelecer
restrições rigorosas em teorias que vão além dele”, destacam os autores no
artigo.
“As medidas precisas das grandezas eletrofracas são uma
forma indireta e complementar de se obter limites que predizem novas partículas
pesadas”, afirmou Novaes.
As observações das duas colaborações foram feitas com
energia de centro de massa do LHC entre 7 e 8 teraelétrons-volts (TeV).
O reinício das operações do LHC nas próximas semanas,
registrando colisões com energia no centro de massa de 13 TeV e com feixes mais
intensos de prótons, permitirá dobrar a produção de mésons Bs e B0
e, consequentemente, aumentar ainda mais a precisão das medidas das taxas
de decaimento dessas partículas.
Além disso, possibilitará a retomada da busca direta por
novas partículas pesadas que poderão ser produzidas no acelerador e desvendar
qualquer sinal de novos fenômenos que vão além do Modelo Padrão, estimam os
pesquisadores da área.
O artigo
Observation of the rare Bs0 →µ+µ− decay from the combined analysis of CMS
and LHCb data (doi: 10.1038/nature14474) pode ser lido em www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/full/nature14474.html.
Fonte: Site da Agência FAPESP
Muito legal a matéria!
ResponderExcluirParabéns aos brasileiros envolvidos na pesquisa.