Física Brasileira Impulsiona Pesquisa Internacional Sobre Neutrinos
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada hoje (14/05) no site da
“Agência FAPESP”, destacando que Física Brasileira impulsiona pesquisa
internacional sobre Neutrinos.
Duda Falcão
Notícias
Física Brasileira Impulsiona
Pesquisa Internacional Sobre
Neutrinos
Por Diego Freire
Agência FAPESP
14 de maio de 2015
(Foto: Claudio Arouca/FAPESP)
Cooperação internacional faz avançar pesquisas sobre
partículas que seriam responsáveis pela assimetria
entre matéria e antimatéria
no universo.
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São do Brasil alguns dos aprimoramentos que farão a
pesquisa internacional sobre neutrinos avançar consideravelmente nos próximos
anos. A constatação foi feita por Robert Svoboda, do Departamento de Física da
Universidade da Califórnia em Davis, durante a FAPESP Week UC
Davis in Brazil, realizada pela FAPESP e pela University of California
(UC) em Davis nos dias 12 e 13 de maio de 2015, em São Paulo.
Svoboda é um dos porta-vozes do Deep Underground Neutrino
Experiment (DUNE), o maior experimento dedicado a detectar e estudar as
interações de neutrinos no mundo.
“Os neutrinos são as menores partículas conhecidas – para
se fazer um elétron seriam necessários 10 milhões deles, o que nos leva a dizer
que para cada átomo há pelo menos 1 bilhão de neutrinos. Ou seja: somos
visitantes no universo dos neutrinos, o que por si só já é um grande motivo
para buscar entendê-los. O Brasil tem grande participação no que já se sabe a
respeito dessas partículas e está trabalhando em novas e importantes
contribuições”, disse à Agência FAPESP.
Svoboda se refere à participação de cinco instituições
brasileiras na cooperação internacional responsável pelo Dune. Pesquisadores da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal do ABC
(UFABC), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal de Alagoas
(UFAL) e a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) trabalham no
aprimoramento dos sensores do experimento, localizado nos Estados Unidos.
A ferramenta mais poderosa do mundo para o estudo da
difícil captura dos neutrinos ocupa uma extensão de mais de 1.200 km nos
Estados Unidos, do Fermi National Accelerator Laboratory (FERMILAB), em
Illinois, até o subsolo de um centro de pesquisa em Dakota do Sul.
A distância entre os detectores de neutrinos instalados
nas duas extremidades permitirá à comunidade física internacional estudar as
mudanças pelas quais os neutrinos passam enquanto atravessam a Terra.
“Atualmente, estamos trabalhando no desenvolvimento do
sistema de detecção de fótons do experimento, com fibras de acrílico dopadas
com um componente químico descola para o visível a luz que é produzida pela
interação dos neutrinos para que os sensores do experimento possam enxergar as
interações com maior precisão”, explicou Ernesto Kemp, do Departamento de Raios
Cósmicos e Cronologia da Unicamp, outro palestrante na FAPESP Week.
“Também estão sendo pesquisadas e desenvolvidas novas
técnicas para melhorar a reflexão e a coleta da luz do experimento, fazendo com
que ela chegue de forma mais eficiente às fibras e delas para os sensores de
luz, além de simulações numéricas para validar esses aprimoramentos e novos
cálculos de sensibilidade”, disse Kemp.
Para o pesquisador, a articulação da comunidade
brasileira de físicos experimentais posicionou o Brasil como importante
colaborador nas pesquisas internacionais sobre neutrinos.
“A precisão que perseguimos nas medições dos parâmetros
de oscilação dos neutrinos, que dependem da energia gerada e da matéria que
eles atravessam, entre outros fatores, aumentará as chances de se entender como
essas partículas podem ter sido responsáveis pela predominância de matéria no
universo em vez de antimatéria, entre outras questões”, destacou Kemp.
Matéria Versus Antimatéria
Até a década de 1990, os físicos achavam que os neutrinos
não tinham massa. De acordo com Svoboda, a descoberta de evidências contrárias
e a compreensão sobre o comportamento dos neutrinos pode explicar por que o
universo é feito predominantemente de matéria, já que a antimatéria, que hoje é
quase inexistente, teria as mesmas chances de surgir se propagando a partir do
Big Bang e não o fez.
“Quando o Universo foi formado, matéria e antimatéria
existiam de forma simétrica, em igual quantidade. O aumento da quantidade de
matéria após o Big Bang, responsável pelas coisas como as conhecemos, pode ter
sido provocado pelos neutrinos”, disse.
A resposta estaria no comportamento estranho da massa dos
neutrinos e da sua relação com sua antipartícula. Sabe-se que essas partículas
podem, espontaneamente, alterar sua massa e oscilar entre os três tipos de
neutrino conhecidos.
“Essas propriedades ainda pouco esclarecidas podem ter
distorcido a relação de produção entre matéria e antimatéria no início do
Universo”, disse Svoboda.
Cooperação
Além do Dune, o Brasil participa de outros importantes
experimentos internacionais que investigam o comportamento dos neutrinos.
Svodoba e Kemp trabalham em colaboração no Double Chooz, experimento que
procura medir oscilações de neutrinos ao observar antineutrinos produzidos em
um reator nuclear em Chooz, na França.
A participação brasileira, que teve apoio da FAPESP no
âmbito do projeto Medidas de neutrinos em usinas nucleares, coordenado
por Pietro Chimenti, da UFABC, levou ao desenvolvimento de sensores eletrônicos
que possibilitaram a medição da energia dos múons cósmicos que cruzam o
detector.
Com os resultados desse e de outros experimentos ao redor
do mundo já se sabe a diferença de massa entre os tipos de neutrinos
detectados, mas não quanto de massa cada um tem. Essas e outras questões ainda
permanecem sem resposta, mas, para Svoboda, a cooperação internacional tem
possibilitado avanços a passos largos.
“Em pouco tempo essas partículas passaram da teoria para
a comprovação experimental. Na década de 1960 foi observada, em uma mina na
África do Sul, a primeira ocorrência natural de neutrinos; na década de 1990,
no observatório de neutrinos Super-Kamiokande, no Japão, foram registradas
oscilações em neutrinos-múon indicando que eles têm massa. É preciso unir ainda
mais esforços para fazer a área avançar mais e mais, levando às respostas que a
humanidade busca sobre por que as coisas são como são”, disse.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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