Encaremos os Fatos - Nosso Programa Espacial Precisa de Novos Rumos
Olá leitor!
Trago agora para você leitor um interessante artigo sobre
o Programa Espacial Brasileiro (PEB) escrito por um profissional que
respeitamos muito (segundo ele a título de desabafo), ou seja, Eng. João Luiz
Dallamuta. Vale a pena dar uma conferida e quem sabe esta visão do engenheiro Dallamuta possa passar a ser objeto de
debate entre os nossos leitores.
Duda Falcão
Encaremos os Fatos - Nosso Programa
Espacial Precisa de Novos Rumos
Por João Dallamuta
Eng. João Luiz Dallamuta |
A Índia é um
eterno ponto de comparação para o programa espacial brasileiro, normalmente com
a frase: Começamos juntos, mas agora estão há anos luz de distância. A frase
faz algum sentido se a linha de largada for a criação do ICOSPAR - Comitê
Nacional Indiano de Pesquisas Espaciais (1962) e do COGNAE - Grupo de Organização
da Comissão Nacional de Atividades Espaciais em (1961) no governo Jânio Quadros.
Mas ai cabe uma consideração importante.
Desde que o
primeiro satélite foi lançado em 1957 dezenas de nações criaram comitês,
comissões, institutos e agências espaciais. Índia e Brasil de fato começaram
juntos em uma época que inúmeras outras nações também o fizeram.
Em 1979 já estávamos
atrás, pelo menos 10 anos atrás. A MECB começou de um jeito bem brasileiro, sem
orçamento. Só foi receber seus primeiros recursos em 1981. O presidente da república era um militar, o
programa era "estratégico" iria nos colocar no "seleto
grupo", para utilizar um chavões comuns a programas de alta tecnologia,
mas mesmo assim começou como muitos programas tecnológicos começam no Brasil.
Sem dinheiro e sem prestigio.
Os anos de 1980
foram bastante críticos para a nação. Crise da dívida externa, diretas já, transição
de governo entre militares e civis, congelamento de preços, moratória da
dívida. Porem havia trabalhos de engenharia sendo desenvolvidos tanto no
lançador quando no satélite. Foguetes de validação de tecnologia como o
Sonda-IV foram construídos e lançados, réplicas em escala do VLS destinadas a
validação de configuração e componentes foram construídos e lançados.
O foguete sofria
além de recursos com o clima da guerra fria e dos rígidos controles sobre
tecnologias balísticas. Os EUA acreditava que estávamos desenvolvendo uma arma
nuclear (e de fato estávamos) e a pressão sobre Brasileiros e Argentinos (que
também estavam) era brutal. Mas mesmo com falta de dinheiro e pressões políticas
o trabalho andava.
Os anos de 1980
ainda assistiram um ousado plano de cooperação em 1988, o projeto CBERS - China-Brasil Earth Resources Satellites foi
iniciado. Sim os chineses, comunistas, cujo idioma e a escrita estão fora de
nossa esfera cultural, cujas práticas de engenharia são totalmente fora dos
"padrões internacionais" das nações do ocidente, foi justamente neste
mundo de diferenças que realizamos com sucesso a concepção, construção e
operação de satélites relativamente complexos para nossa realidade. Coragem que
valeu a pena.
No começo dos
anos de 1990, com a fim a URSS, com o trágico governo Collor - e para nossos “Hermanos”
não sentirem inveja tiveram o governo de Carlos Saúl Menem - um novo horizonte
se abriu para o programa espacial. Collor soterrou o poço de testes nucleares
na base aérea do Cachimbo, Menem sepultou o míssil balístico Condor-II.
A criação da ABACC
- Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais
Nucleares - colocou fim a qualquer suspeita nuclear sobre nossas atividades
espaciais. Anos depois foi criada a AEB, Agência Espacial Brasileira e passamos
a ter controle civil sobre o programa. Dissipando qualquer dúvida sobre a
natureza das intensões brasileiras sobre o uso pacifico de tecnologias
espaciais.
Em 1992 tínhamos
um satélite nacional pronto, lançado com sucesso no ano seguinte. Em 1994 os
russos puderam dar uma mãozinha no que faltava para o VLS também ficar pronto -
sistemas inerciais - e finalmente um foguete em configuração de voo pode ser
construído.
Os anos de 1990
assim como os de 1980 não eram exatamente "bons anos" do ponto de
vista econômicos e políticos. Impeachment de Fernando Collor, governo de transição,
estabilização da economia e a austeridade requerida. Em um país ainda frágil,
com a memória de uma moratória recente, qualquer crise internacional gerava algum
reflexo na economia local e não foram poucas:
Crise econômica do México de 1994, Crise financeira asiática de 1997,
Crise econômica da Argentina, Crise russa de 1998 e desvalorização do real em
1999.
Turbulências a
parte, construímos entre 1990 e 2003 os seguintes hardwares espaciais: SCD-1,
SCD-2A, SCD-2, SACI-1, SACI-2, CBERS-1, VLS-1 V01, VLS-1 V02, VLS-1 V03, SATEC
e CBERS-2. Embora os números possam impressionar, houve muitas falhas neste
período, notadamente no VLS e SACI. Uma análise sobre estas falhas demandaria
talvez um livro, mas se considerarmos que o projeto dos SCD-1 (1993) e SCD-2
(1998), estavam corretos, pois ainda estão em operação, o que pode ter acontecido
ao Brasil nos anos de 1990 foi em pequena escala o que aconteceu com a Rússia
nos anos de 1990, um número de programas a serem tocados além da pequena quantidade
de dinheiro e pessoal, os acidentes e insucessos aumentaram.
Ao final dos
anos de 1990 o programa espacial passou a ter outra vertente, bastante
explorada nos anos seguintes. O uso do programa espacial como componente de ações
diplomáticas e propaganda governamental. Em 1997 o Brasil adere ao projeto da
ISS, uma participação modesta é verdade, mas que nos daria direito de produzir
alguns componentes secundários da estrutura e o envio de um astronauta. Tudo
isto a um custo módico, US$ 120 milhões ou 0,12% do custo total do programa
ISS. Os investimentos brasileiros não ocorreram, o acidente com o ônibus
espacial Columbia em 2003 reduziu os slots disponíveis para voo e a missão de
um astronauta
brasileiro em 2006 só foi possível em um acordo direto com a Rússia em 2005.
O começo do
governo Lula em 2003, foram anos de mudanças para o programa espacial.
Esperava-se que para melhor. As cinzas e as lagrimas do acidente de Alcântara
ainda doía nos corações das famílias, dos funcionários e entusiastas do
programa espacial e a promessa de um novo lançamento até o final do mandato (em
2006) era o que todos queriam ouvir de uma liderança política, "não vamos
desistir do projeto!"
Na economia,
desde de o "milagre econômico brasileiro 1968 - 1973" não vivíamos
uma fase de perspectivas tão positivas. As reformas econômicas liberais da década
anterior o crescimento maior da China (10,5% ao ano 2002-2011) e da maioria das
nações desenvolvidas; bem como o impacto que esse crescimento global teve nos
preços das commodities agrícolas e minerais permitiram a américa latina (e ao
Brasil em especial) um crescimento consistente. Havia mais dinheiro, um governo
com discurso nacionalista e pouca ou nenhuma restrição externa ao nosso
programa espacial nunca tantas variáveis favoráveis ao programa coexistiram.
O programa por
sua vez, cresceu, mas de outra maneira. Em 2003 foi assinado o Tratado de
Cooperação de Longo Prazo na Utilização do Veículo de Lançamento Cyclone-4, que
resultaria em 2006 na criação da (ACS) Alcântara Cyclone Space. As primeiras
previsões eram otimistas, 30% do mercado mundial, primeiro lançamento em 2010.
Passados quase uma década da criação da empresa temos um saldo de nenhum
lançamento, algo como R$ 1bi de investimentos e a perspectiva de finalização do
projeto. Para a história ficará a honrosa versão de que a crise econômica e
miliar na Ucrânia foi a responsável pelo cancelamento do projeto.
Em 2005 a AEB
anunciava o programa Cruzeiro do Sul em parceria com a Rússia, um ambicioso
programa cujo escopo previa a construção de 5 foguetes diferente com capacidades
de 400kg LEO até 4000kg GTO, o que na pratica cobre quase todas as necessidades
de um programa espacial não tripulado sem ambições de missões de espaço
profundo. Passados 10 anos não há nenhum resultado prático, sem ensaios reais
de componentes, sem desenvolvimentos relevantes conhecidos publicamente.
O que nos salvou
neste período de ouro da economia e de trevas para o programa foram os CBERS-2,
CBERS-2B, CBERS-3, CBERS-4 aquele programa de quase 30 anos atrás, que para os
chineses hoje talvez seja bastante secundário na evolução de seus projetos
espaciais, mas que para nós brasileiros ainda é o que mantem duas gerações de
engenheiro trabalhando com projeto e construção de satélites.
No escopo
originalmente proposto para o PEB, isto é a construção de um lançador e de
satélites de orbita baixa, o programa PMM - Plataforma Multi Missão - parecia um
sopro de racionalidade, afinal padronizar, criar escala e associar a indústria
espacial privada a programas governamentais é o que toda nação com um programa espacial
consistente o faz, era o passo natural portanto. Sugerido no final dos anos de 1990 e iniciado
em 2002 para ficar pronta em 2009, passados 13 anos de projeto ainda não há
qualquer PMM próximas as condições de lançamento.
O VLS após o
acidente de 2003 seguramente precisaria passar por uma revisão crítica de
projeto, coisa que seguramente foi realiza e talvez tenha ficado claro para alguns
que conhecem o projeto detalhadamente (embora isto não tenha sido dito para a
opinião pública) que o projeto da forma como está não tenha viabilidade. Seja isto
verdadeiro ou não, o fato é que o programa VLM corrige em teoria várias
distorções do seu irmão mais velho. Com uma configuração mais simples, com
menos estágios e de construção mais moderna o VLM talvez seja a única chance
real que tenhamos no futuro termos um lançador nacional, mas conseguirá este
projeto se tornar realidade?
A resposta vai
depender de mudanças, o programa espacial da forma como está hoje é inviável
nas suas três principais dimensões: técnica, econômica e política.
A primeira boa notícia
é que temos uma crise. Sim, os anos em que realmente tivemos progresso real,
com o desenvolvimento de tecnologia realmente local, no programa espacial foram
nos difíceis anos de 1980 e 1990. Os argentinos que passaram - e ainda passam -
por crises econômicas e políticas piores que a nossa desenvolveram seu programa
espacial de forma consistente nas últimas duas décadas a ponto de nos
ultrapassar em algumas áreas como por exemplo em satélites Geoestacionários
locais. No Brasil tivemos que contratar ao custo de R$ 1,3 bilhão, via Visiona
Tecnologia Espacial – joint-venture entre Embraer e Telebrás – o fornecimento
do SGDC - Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas de
procedência francesa.
A crise nos
força a reduzir escopos, rever premissas e processos. A argentina sacrificou
sua capacidade de lançamento, tocando lentamente seu projeto Tronador-II para
acelerar seus programas de satélites. E nós o que podemos sacrificar?
Antes de
sacrificar programas, talvez seja preciso pontuar algumas coisas importantes. Programas como o
SGDC visam a aquisição – necessária diga-se de passagem - de satélites para
ações de defesa, segurança e comunicações governamentais, o problema é considerar
estas compras como partes programa espacial e como vetores de desenvolvimento
de tecnologia, o que não é necessariamente verdadeiro. Desde o Brasilsat A1 há
longos 31 anos atrás, compramos, contratamos lançamento e operamos com muita
competência satélites geoestacionários. Os da série Brasilsat B1 e B2 foram inclusive
testados no INPE há quase 20 anos atrás.
O erro é
confundir aquisição com desenvolvimento de tecnologia, empresas como a Visiona
são necessárias em algumas fases do programa como no passado a Promon Engenharia
também esteve associada ao programa Brasilsat. Separar estas atividades do
núcleo duro do programa espacial passa a ser uma necessidade gerencial fundamental.
Fosse o SGDC um programa nos moldes do ARSAT-1 argentino poderia ser parte
integrante do programa, mas infelizmente não o é.
Temos que criar
a cultura de cancelamento de programas. A NASA está o tempo todo cancelando
seus programas com relativa naturalidade, Estação Espacial Freedom, Venturestar, X-38, Space Shuttle, a
Roscosmos também cancela seus programas com alguma frequência, Buran, MIR-2 (ambos
em 1993), a ESA também o fez (Hermes), isto citando apenas programas de
natureza tripulada, mas a lista seria enorme se considerarmos todos os
programas já cancelados pelas principais
agências espaciais. Cancelar
programas oficialmente é uma forma transparente de dizer que não há mais
recursos empenhados naquele projeto e tornar claras as prioridades futuras.
Nós infelizmente
não cancelamos projetos. Embora programas como o Cruzeiro do Sul, VLS-1, ACS
estejam em morte cerebral, precisamos anunciar o orbito e dizer como será a
vida após a perda do ente querido. Isto nos ajudaria muito a clarear o
horizonte futuro, mas para tal é necessário coragem administrativa e política.
Separado o que é
e o que não é componente do programa espacial, cancelados administrativamente
os programas que não irão resultar em coisa alguma vem a fase complexa de
definir o que efetivamente será nosso programa espacial.
O tema é
complexo, seguramente não há consenso mas sim existem duas linhas bastante
claras para o que podemos fazer no espaço nos próximos 20 anos caso a gente
decida hoje por mudanças.
A primeira linha
seria de um programa monolítico. Voltaríamos as premissas da MECB de 1979 e
teríamos um escopo mais reduzido de atividades espaciais porem com mais profundidade
técnica em satélites e lançadores. Neste cenário os projetos VLM e PMM
receberiam o grosso dos recursos e os cronogramas deveriam ser mais fortemente
controlados. Os programas de cooperação internacional teriam escopos mais
restritos e em menor quantidade, a exemplo do CBERS focariam objetivos mais
facilmente mensuráveis. Dominaríamos missões espaciais mais simples porem de
forma integral.
A segunda linha
seria um programa espacial mais vasto focado em cooperação internacional. As 22 nações europeias
sob o guarda-chuva da ESA são o padrão de comparação de deste modelo de
programa espacial. Embora nenhuma das nações que compõe o programa europeu -
talvez a exceção da França - tenha uma visão monolítica de programa espacial,
cada parceiro ocupa um espaço de nicho dentro de uma cooperação de grande
escopo. Os alemães são importantes fornecedores de sensores para missões de
observação da Terra e Marte, os franceses são especialistas em lançadores,
noruegueses fornecem sistemas de potência elétrica, italianos são importantes
fornecedores de soluções em propulsão sólida. A soma de especialidades
industriais resulta em um programa espacial forte e consistente, em algumas
áreas como satélites geoestacionários à frente de outras agências.
Nós não estamos
na Europa, não podemos ser membros da ESA, mas somos uma nação com transito no
mundo. China, Índia, Japão, Rússia, EUA, Comunidade europeia, são programas
espaciais com grande capacidade técnica e que objetivamente não tem restrições
alguma em cooperar com o programa brasileiro. Dentro deste modelo seriamos
ocupantes de nichos que vão desde as vantagens geográficas como Alcântara ou território
para estações de rastreamento de nossos parceiros.
Também precisaríamos
encontrar algo que saibamos fazer bem - a exemplo das nações europeias
minoritárias na ESA - para termos tecnologia local embarcada em missões
espaciais de maior complexidade inclusive de espaço profundo.
O sucesso dos
foguetes de sondagem brasileiros em programas de cooperação internacionais é um
exemplo de como ter domínio de tecnologias chaves, literalmente abrem portas.
Para este modelo de programa espacial focado em cooperação de certo, precisamos
achar alguns nichos tecnológicos onde sejamos "world class" e isto hoje
ainda não está claro e nem será fácil.
As desvantagens
desde modelo é que haverá renúncia de alguma capacidade, provavelmente a de
lançamento e projeto e integração de missões de média e alta complexidade. Como
vantagem, teríamos participação real em missões estado da arte.
A escolha não é fácil,
tão pouco há algum consenso sobre ela. Mas é preciso que haja escolhas por
partes das lideranças de nosso programa espacial.
Programas monolíticos
como de China e Índia são frutos de estratégias e de rivalidades locais.
Requerem elevados investimentos e continuidade. Porem também podem ser
realizados com menos recursos desde que com escopos restritos. Israel é uma
nação que seguiu com sucesso este modelo ao focar a capacidade de construir e
lançar um satélite de espionagem (programa Shavit e Ofeq) e possuir capacidade
de construção de um satélite nacional de telecomunicações (série AMOS). Talvez possamos ter um escopo mínimo viável
para nosso programa e fazermos dele a prioridade pelas próximas 2 décadas.
Programas de
cooperação permitem participar de missões espaciais complexas, permitem maior
desenvolvimento em algumas áreas. Os Argentinos nos ultrapassaram em construção
de satélites porque tiveram suas mentes mais abertas a cooperação com
americanos e europeus, sem grandes conflitos ideológicos fizeram mais, com menos
recursos.
Quais os rumos
para nosso programa espacial no futuro? Não tenho a arrogância de sugerir, mas
é imperativo que haja mudanças de foco. Que as lideranças se apresentem, que os
especialistas debatam e que novos rumos sejam tomados. Merecemos um programa
espacial de alto nível, temos inúmero talentos para tal.
Gostaria de parabenizar o autor da matéria. Raras vezes tive a oportunidade de ler texto com visão tão clara - e ainda por cima, sucinta - do histórico e situação atual do PEB. Sobre os dois modelos propostos, sou partidário do que foi chamado de "monolítico", nos moldes da MECB. Em minha opinião, dados nossos recursos e configuração político-institucional, a busca por um conjunto pequeno, mas bem estabelecido, de metas, seria menos perigoso que um programa mais "vasto", no qual tais recursos (financeiros, pessoais, laboratoriais) seriam disputados entre projetos de menor força (quando comparados ao primeiro modelo).
ResponderExcluirTambém parabenizo o autor pela clareza e objetividade do texto. O PEB do jeito que está já se mostrou impraticável. É mandatório que se mude radicalmente a forma de gestão e a execução orçamentária.
ResponderExcluirPra começo de conversa, deveria se chamar aqueles que realmente deram contribuição ao PEB no passado, para um Forum sério de discussões e obter uma proposta consistente a ser encaminhada ao governo.
Vou ser bem sincero e espero que tenha gente que não fique com raiva, mas eu acho que mesmo com orçamento de 300 milhões de reais(eu sei que nos últimos anos uma grande parte desse orçamento foi cortado) o programa brasileiro poderia ter apresentado mais e melhores resultados. Tenho minha dúvida se é só falta de dinheiro ou também falta de competência. E quanto ao texto, eu acho que não deveríamos abrir mão dos grandes projetos, o Brasil é grande o suficiente para evoluir em todo o segmento espacial. Decisões políticas erradas atrapalharam(e atrapalham) muito o programa, mas dizer que só é culpa das decisões políticas também não dá. A própria evolução do orçamento mostra quando comparada com os resultados obtidos. Por que nos anos 90 tivemos mais projetos "finalizados" do que agora? Por que agora temos tantos problemas em vários projetos, mesmo com orçamento 3 vezes maior do que nos anos 90? Não conseguir nenhum resultado além do CBERS nesses 12 anos é muita incompetência. E voltando ao que eu disse anteriormente, não podemos abrir mão de nenhum projeto, independente do tamanho. O que tem que mudar é a gestão, cobrando resultados e mostrando para a sociedade cada vez mais a importância desses programas e com isso ter um argumento sólido para pedir aumento de verba. Projetos como o SARA mostram a importância de sermos independentes, termos a capacidade de fazer pesquisa em ambiente de microgravidade sem termos que ficar esperando outros países com seus projetos próprios. Até mesmo o VLM será muito importante para lançarmos microssatélites independentes. E mais do que tudo, nós temos a melhor área geográfica do mundo para lançamento de satélites(de todos os tamanhos), abrir mão disso ou limitar nossas capacidades seria muita burrice. Desculpe, mas essa é minha opinião.
ResponderExcluirFelipe Dias
O Felipe está coberto de razão!
ExcluirFaltou na análise autocritica de que muitos dos envolvidos, lotados no INPE e DCTA, foram coniventes com o faz de conta, pois estavam em cargos de gerencia e nunca manifestaram os problemas existentes, pelo contrário, gostavam do gasto do dinheiro público com viagens, diárias e o exercicio do poder em si, com o único compromisso da promoção pessoal.
E pasmen! Quase todos foram promovidos!
Não foi só falta de dinheiro!
Faltou de dinheiro para quais objetivos?
Gastou-se e muito em diárias, viagens, compra de componentes que não foram usados, projetos que não geraram nada, muitos aditivos de contratos, etc...
Parabéns pelo profundo e analítico artigo. Agora, algumas considerações. Na minha modesta opinião, as restrições por parte dos EUA continuam. Os EUA autorizaram a Rússia a, praticamente "montar" o foguete da Coréia do Sul, pois têm o inimigo comum Coréia do Norte; pelo mesmo motivo os EUA ajudaram o Japão (Curiosamente a Coréia do Sul e Japão tiveram reveses iniciais).Conosco além de não permitirem ajuda, boicotam. Israel sempre digo que não é parâmetro de comparação. Devido à força do Lobby israelense no congresso americano, eles obtem o que desejarem dos EUA. A título de comparação israel tem acesso a armas que nem mesmo a OTAN pode ter. E que me desculpe o Eng.Boscov; o VLS parece que foi projetado com o intuito de não funcionar, tal a complexidade e o número de estágios / boosters. Eng. Ageu Alves
ResponderExcluirAs contas estão bem assentadas.
ResponderExcluirO planejamento estratégico espacial está bem fundado, e de tão sólido nada pode levantá-lo.
Tudo está bem, a governança e moderna administração do modelo de agências é impecável.
Todos estão sorridentes e olham para um céu azul e límpido, sem um rastro no céu...
Um adendo:Com relação à Argentina o seu satélite geoestacionário, não foi desenvolvido autonomamente; mas sim com a experimentada ajuda da Itália, país com a qual a Argentina possui profundos laços históricos e culturais. E me perdoem, mas também acho que tem um pouco de incompetência no PEB.
ResponderExcluirAgeu Alves
Sr. Ageu Alves: el satélite Arsat I fue planificado íntegramente por la empresa argentina INVAP, y el 50% de sus componentes fueron proveídos por la industria nacional, integrada y testeada en Bariloche, la carga de transponder fue proveída por Thales Alenia, consorcio franco-alemán, no por Italia. Lazos históricos y culturales no tienen nada que ver a la hora de firmar acuerdos entre agencias espaciales, creo que ud. se debe referir a otro satélite, el satélite SAOCOM, ese sí es en cooperación con Italia, el SAOCOM se trata de un satélite con Radar de Apertura Sintética que permite observar bajo las nubes o durante la noche. La Conae mantiene cooperaciones con múltiples agencias espaciales del mundo, pricipalmente con la estadounidense NASA, también con la europea ESA, con Roscosmos rusa, y ahora también con la agencia china. Saludos. José Martínez.
ResponderExcluir! Holá Sr.José Martínez.
ResponderExcluirSí, creo que me he equivocado a rescpecto del satélite. De qualquer manera 50 % de los componentes importados, a mi me parece mucho. Sin embargo, enhrabuena por el Arsat y deseamos êxito com el cohete tronador. E como nuestro programa espacial anda muy lento, a lo mejor voy hacer hincha por el programa Argentino.
Saludos desde Brasil.
Eng. Ageu Alves
Debemos ser hinchas de la cooperación entre nuestros 2 países, Agencia Sudamericana Espacial Já! XD, a ejemplo de la ESA europea. El VS-30 fue importante para nosotros testear como carga útil el sistema de guía y navegación, construido por Conae, para el futuro Tronador, en la Operacao Angicos en 2006 en lanzamiento desde Barreira do Inferno. Avanzaríamos mas rápido con sinergia "argento-brasilera" o "brazuco-argenta" XD. Nosotros perdimos tiempo valioso casi 15 años (1990-2003) "gracias" a Menem que bajó a la presión yanqui en aquel cohete Cóndor de fines de los ´80. Saludos desde Posadas, Misiones, perto de SC.
ExcluirJ.E.M
Concordo com o seu comentário. O problema maior seria a parte brasileira, infelizmente. A ESA evoluiu basicamente por causa de 2 países(Alemanha e França, ultimamente com a Itália também). Poderíamos fazer o mesmo aqui na América do sul se o Brasil fosse um país comprometido com o desenvolvimento espacial, mas não é. O orçamento da Agência espacial brasileira já é quase metade do orçamento da Agência espacial argentina. A parte Argentina e a Colombiana tentam continuar com esse projeto da agência sul-americana, mas o Brasil parece que não quer..
ExcluirE quanto a esse tema tem um artigo interessante.
http://mundoverde.ovale.com.br/a-agencia-espacial-regional/
Na minha opinião faria muito sentido uma agência espacial SUL-AMERICANA(só com países da América do sul).
abraço,
Felipe Dias
!Holá. Sr. J.E.M
ResponderExcluirYo concordo integralmente com Ud. No lo sé porque, nosotros desaprovechamos la experiencia Argentina do Arsat I; para nuestro futuro satélite SGDC ( El mismo será comprado de la mpresa Thales - Alenia sin qualquer desarollo tecnológico por parte de Brasil).Es verdade, ahorraríamos tempo y dinero, si hubiera una Agencia Espacial Sudamericana.
!Saludos desde Brasil
Ageu Alves