As Pesquisas Espacias a Serviço da Sociedade Brasileira
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo publicado na Revista Espaço Brasileiro de janeiro, fevereiro e março de 2009 sobre os sub-produtos resultados das pesquisas espaciais realizadas no Brasil.
Duda Falcão
Espaço e Você
Vários Produtos e Serviços Utilizados no
Nosso Dia-a-Dia Vieram de Pesquisa Espacial
Andréia Araújo
Imagine um dia sem utilizar o microondas, não ter seu tênis anti-choque no armário, não receber informações sobre a previsão de tempo (será que vai dar para ir à praia?), nem conseguir falar com sua mãe em um ponto distante. Como seria seu dia-a-dia , senão pudesse mais usar nenhum tecido sintético, daqueles que não amassam, nem os óculos de proteção UV? E o GPS do carro?
Tudo isso não existiria se faltasse investimento em pesquisa espacial. A pesquisa espacial é a responsável por diversos produtos usados em nosso cotidiano, os chamados spin-offs. Os benefícios mais conhecidos estão concentrados na área de telecomunicações, de informação e de mapeamento geodésico. Nesse caso, podemos obter dados usados em diversas áreas como agricultura, exploração de minério e qualidade das florestas tropicais.
No Brasil, já temos produtos desenvolvidos pela indústria espacial que ganham mercado a cada dia. Na busca por um melhor combustível de foguete, o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) descobriu um resina chamada PBHL (Polibutadieno Líquido Hidroxilado), usado como um elemento do propelente utilizado nos veículos de sondagem e lançadores de satélites.
Essa resina, rapidamente, foi incorporada por outros setores da indústria nacional. A Petroflex, a maior produtora de borracha sintética da América Latina, desenvolveu o produto e, hoje, o PBHL é usado na fabricação de calçados, garantindo maior resistência às espumas e maior suporte de peso às palmilhas. Ele também é usado na indústria da borracha, na eletroeletrônica, na indústria de espumas, na construção civil e no setor aeroespacial.
A partir do desenvolvimento dos foguetes, ganhamos outro produto. Quatro anos de pesquisa renderam ao IAE , em parceria com a Eletrometal, a Usiminas e a Acesita, uma descoberta que revolucionou a indústria aeroespacial do País: o aço de ultra-alta resistência, o chamado 300M. Esse desenvolvimento possibilitou ao Brasil construir estrutura de foguetes com menor peso e maior resistência – uma solução inédita no panorama internacional. Vários outros países tentaram desenvolver o aço 300M, mas não conseguiram. Acabaram optando por outra estrutura com menor resistência e maior peso.
A cada dia, o aço 300M encontra novas aplicações. Atualmente ele está sendo usado na fabricação de trens de pouso das aeronaves comerciais. O principal comprador estrangeiro é a empresa norte-americana Boeing, fabricante de aviões comerciais.
Outras aplicações surgiram a partir do desenvolvimento de satélites. As mais curiosas estão relacionadas com a área médica. Aproveitando sobras de fibra de carbono, empregada para fabricação de peças de satélite, a Cenic – empresa de engenharia com sede em São José dos Campos (SP) - desenvolveu um equipamento utilizado na cura de fraturas expostas.
“Nós fazemos cilindros para satélite, entre outras peças e sistemas. Como havia sobra de material, resolvemos investir em novas propostas. Um dos diretores teve a idéia de desenvolver um equipamento chamado anel ilizarov, utilizado em tratamento de fraturas expostas, com fibra de carbono”, explicou Ana Carolina Marinho, do Departamento Comercial da Cenic.
Com esse desenvolvimento, o anel ilizarov ficou mais leve e radiotransparente, isto é, não é visto em equipamento de raios-X. Isso é importante, porque o exame de raio-X é necessário durante o tratamento de lesões.
Há 10 anos, a empresa paulista desenvolve esse equipamento como uma forma de filantropia. “Não vendíamos porque acreditávamos que esse não era o objetivo da Cenic, uma empresa do ramo aeroespacial. Mas percebemos que as demandas ao longo do tempo, foram crescendo e que esse mercado poderia ser explorado a custo quase zero. Começamos a investir nele, então”, disse.
Outro exemplo de pesquisa que está ganhando mercado é o desenvolvimento de detectores plásticos, que são usados, entre outras coisas, para verificar níveis de radiação. Segundo a pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Margarida Hamada, a idéia, desenvolvida em parceria com o Instituto de Nacional Pesquisas Espaciais (Inpe), foi adaptar esse detector para um telescópio espacial, chamado Masco. Esse telescópio é usado em balões para estudos de astrofísica.
Com o tempo, o Ipen descobriu que o mesmo equipamento, se adaptado, poderia também identificar os níveis de destruição do ser humano. “Existe uma correlação entre os níveis de desidratação e a radioatividade natural do 40K no corpo humano, permitindo assim a criação de detectores que poderiam ser produzidos a um custo relativamente baixo, utilizando essa tecnologia”, disse.
Imagine um dia sem utilizar o microondas, não ter seu tênis anti-choque no armário, não receber informações sobre a previsão de tempo (será que vai dar para ir à praia?), nem conseguir falar com sua mãe em um ponto distante. Como seria seu dia-a-dia , senão pudesse mais usar nenhum tecido sintético, daqueles que não amassam, nem os óculos de proteção UV? E o GPS do carro?
Tudo isso não existiria se faltasse investimento em pesquisa espacial. A pesquisa espacial é a responsável por diversos produtos usados em nosso cotidiano, os chamados spin-offs. Os benefícios mais conhecidos estão concentrados na área de telecomunicações, de informação e de mapeamento geodésico. Nesse caso, podemos obter dados usados em diversas áreas como agricultura, exploração de minério e qualidade das florestas tropicais.
No Brasil, já temos produtos desenvolvidos pela indústria espacial que ganham mercado a cada dia. Na busca por um melhor combustível de foguete, o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) descobriu um resina chamada PBHL (Polibutadieno Líquido Hidroxilado), usado como um elemento do propelente utilizado nos veículos de sondagem e lançadores de satélites.
Essa resina, rapidamente, foi incorporada por outros setores da indústria nacional. A Petroflex, a maior produtora de borracha sintética da América Latina, desenvolveu o produto e, hoje, o PBHL é usado na fabricação de calçados, garantindo maior resistência às espumas e maior suporte de peso às palmilhas. Ele também é usado na indústria da borracha, na eletroeletrônica, na indústria de espumas, na construção civil e no setor aeroespacial.
A partir do desenvolvimento dos foguetes, ganhamos outro produto. Quatro anos de pesquisa renderam ao IAE , em parceria com a Eletrometal, a Usiminas e a Acesita, uma descoberta que revolucionou a indústria aeroespacial do País: o aço de ultra-alta resistência, o chamado 300M. Esse desenvolvimento possibilitou ao Brasil construir estrutura de foguetes com menor peso e maior resistência – uma solução inédita no panorama internacional. Vários outros países tentaram desenvolver o aço 300M, mas não conseguiram. Acabaram optando por outra estrutura com menor resistência e maior peso.
A cada dia, o aço 300M encontra novas aplicações. Atualmente ele está sendo usado na fabricação de trens de pouso das aeronaves comerciais. O principal comprador estrangeiro é a empresa norte-americana Boeing, fabricante de aviões comerciais.
Outras aplicações surgiram a partir do desenvolvimento de satélites. As mais curiosas estão relacionadas com a área médica. Aproveitando sobras de fibra de carbono, empregada para fabricação de peças de satélite, a Cenic – empresa de engenharia com sede em São José dos Campos (SP) - desenvolveu um equipamento utilizado na cura de fraturas expostas.
“Nós fazemos cilindros para satélite, entre outras peças e sistemas. Como havia sobra de material, resolvemos investir em novas propostas. Um dos diretores teve a idéia de desenvolver um equipamento chamado anel ilizarov, utilizado em tratamento de fraturas expostas, com fibra de carbono”, explicou Ana Carolina Marinho, do Departamento Comercial da Cenic.
Com esse desenvolvimento, o anel ilizarov ficou mais leve e radiotransparente, isto é, não é visto em equipamento de raios-X. Isso é importante, porque o exame de raio-X é necessário durante o tratamento de lesões.
Há 10 anos, a empresa paulista desenvolve esse equipamento como uma forma de filantropia. “Não vendíamos porque acreditávamos que esse não era o objetivo da Cenic, uma empresa do ramo aeroespacial. Mas percebemos que as demandas ao longo do tempo, foram crescendo e que esse mercado poderia ser explorado a custo quase zero. Começamos a investir nele, então”, disse.
Outro exemplo de pesquisa que está ganhando mercado é o desenvolvimento de detectores plásticos, que são usados, entre outras coisas, para verificar níveis de radiação. Segundo a pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Margarida Hamada, a idéia, desenvolvida em parceria com o Instituto de Nacional Pesquisas Espaciais (Inpe), foi adaptar esse detector para um telescópio espacial, chamado Masco. Esse telescópio é usado em balões para estudos de astrofísica.
Com o tempo, o Ipen descobriu que o mesmo equipamento, se adaptado, poderia também identificar os níveis de destruição do ser humano. “Existe uma correlação entre os níveis de desidratação e a radioatividade natural do 40K no corpo humano, permitindo assim a criação de detectores que poderiam ser produzidos a um custo relativamente baixo, utilizando essa tecnologia”, disse.
LIT a Serviço da Indústria
Laboratório de Integração e Testes (LIT)
Inaugurado há quase 20 anos para atender ao Programa Espacial Brasileiro, o Laboratório de Integração e Testes (LIT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), instalado em São José dos Campos (SP), firmou-se como importante apoio à indústria nacional. Em tempos de globalização, a chave para abrir as portas do mercado internacional está na certificação da qualidade dos produtos destinados à exportação. Exatamente isso que a indústria brasileira encontrou no LIT: um moderno laboratório que reúne os instrumentos mais sofisticados e poderosos para a qualificação dos produtos com exigência de alto grau de confiabilidade.
O LIT tem catalogados mais de 1.200 clientes. A existência do LIT é um facilitador para as empresas nacionais, que não precisam levar seus produtos para serem testados fora, ganhando em praticidade e economia e, como conseqüência, em competitividade. O “catálogo” de prestação de serviços do laboratório oferece consultoria, desenvolvimento, treinamento e, principalmente, os ensaios (testes) de qualificação. A cada ano são oferecidos cerca de 15 cursos ou treinamentos, enquanto o número de empresas atendidas na área de testes, por semana,gira em torno de 30.
Empresas nacionais e multinacionais usam as instalações do LIT para testes de certificação. A área de Interferência / Compatibilidade Eletromagnética é responsável por 50 % das atividades relacionadas ao setor industrial. Em média, testa cerca de mil produtos por ano. A General Motor s (GM) é um dos clientes mais antigos. Ela testa tanto veículos completos como componentes “Desde 1996 fazemos testes no LIT, que atende ás nossas normas de qualificação. Usar a estrutura do Inpe, no Brasil, facilita muito no agenda mento de serviços, por exemplo,”, diz Salvador Hacker, gerente de Desenvolvimento e Validação Eletroeletrônica da GM.
O LIT tem catalogados mais de 1.200 clientes. A existência do LIT é um facilitador para as empresas nacionais, que não precisam levar seus produtos para serem testados fora, ganhando em praticidade e economia e, como conseqüência, em competitividade. O “catálogo” de prestação de serviços do laboratório oferece consultoria, desenvolvimento, treinamento e, principalmente, os ensaios (testes) de qualificação. A cada ano são oferecidos cerca de 15 cursos ou treinamentos, enquanto o número de empresas atendidas na área de testes, por semana,gira em torno de 30.
Empresas nacionais e multinacionais usam as instalações do LIT para testes de certificação. A área de Interferência / Compatibilidade Eletromagnética é responsável por 50 % das atividades relacionadas ao setor industrial. Em média, testa cerca de mil produtos por ano. A General Motor s (GM) é um dos clientes mais antigos. Ela testa tanto veículos completos como componentes “Desde 1996 fazemos testes no LIT, que atende ás nossas normas de qualificação. Usar a estrutura do Inpe, no Brasil, facilita muito no agenda mento de serviços, por exemplo,”, diz Salvador Hacker, gerente de Desenvolvimento e Validação Eletroeletrônica da GM.
Microgravidade
Minitubos de Calor
Usados em Fornos de Padarias
Na mesa do seu café da manhã também tem tecnologia espacial. Para preparar com maior eficiência o pão nosso de cada dia, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) adaptaram um equipamento usado na refrigeração de circuitos de satélite – os minutos de calor – para usá-lo em forno de padaria. O resultado: pães assados de forma homogênea e com menor custo.
O parelho ajuda a distribuir com maior eficiência o calor, garantindo um cozimento rápido e constante. Márcia Mantelli, pesquisadora da UFSC, informou que esse equipamento já foi disponibilizado para a indústria e já está sendo comercializado.
Os minitubos de calor funcionam como uma espécie de “cooler” de computador,refrigerando os circuitos internos. O desafio, no caso dos satélites, é desenvolver um sistema que não necessite nem de ar, como o cooler , nem de gravidade.
Em São Paulo , alunos do Centro Universitário da Faculdade de Engenharia Industrial(FEI) estão estudando uma substância que poderá substituir o adoçante usado pela indústria farmacêutica e de alimentos. Usando o ambiente de microgravidade (aparente ausência da gravidade), os pesquisadores da FEI observam as alterações das reações enzimáticas. Agora, pretendem criar um edulcorante , a partir da frutose , com poder de adoçante superior ao de açúcar convencional. Outra vantagem é não cristalizar a baixas temperaturas.
(Com Marjorie Xavier, do Inpe)
Fonte: Revista Espaço Brasileiro - Num. 5 - jan, fev, mar de 2009 - Pág: 14, 15, 16 e 17
Comentário: Mais um artigo abordando alguns benefícios que as atividades espaciais do Brasil têm realizado em prol de nossa sociedade. Infelizmente esse entendimento não tem o alcance que deveria ter, nem pelos seus realizadores, nem pela classe política e muito menos pela sociedade brasileira. Temos muito a realizar ainda, porém teremos de arrumar a casa primeiro antes de pensar em uma verdadeiro programa espacial que seja auto sustentável.
O parelho ajuda a distribuir com maior eficiência o calor, garantindo um cozimento rápido e constante. Márcia Mantelli, pesquisadora da UFSC, informou que esse equipamento já foi disponibilizado para a indústria e já está sendo comercializado.
Os minitubos de calor funcionam como uma espécie de “cooler” de computador,refrigerando os circuitos internos. O desafio, no caso dos satélites, é desenvolver um sistema que não necessite nem de ar, como o cooler , nem de gravidade.
Em São Paulo , alunos do Centro Universitário da Faculdade de Engenharia Industrial(FEI) estão estudando uma substância que poderá substituir o adoçante usado pela indústria farmacêutica e de alimentos. Usando o ambiente de microgravidade (aparente ausência da gravidade), os pesquisadores da FEI observam as alterações das reações enzimáticas. Agora, pretendem criar um edulcorante , a partir da frutose , com poder de adoçante superior ao de açúcar convencional. Outra vantagem é não cristalizar a baixas temperaturas.
(Com Marjorie Xavier, do Inpe)
Fonte: Revista Espaço Brasileiro - Num. 5 - jan, fev, mar de 2009 - Pág: 14, 15, 16 e 17
Comentário: Mais um artigo abordando alguns benefícios que as atividades espaciais do Brasil têm realizado em prol de nossa sociedade. Infelizmente esse entendimento não tem o alcance que deveria ter, nem pelos seus realizadores, nem pela classe política e muito menos pela sociedade brasileira. Temos muito a realizar ainda, porém teremos de arrumar a casa primeiro antes de pensar em uma verdadeiro programa espacial que seja auto sustentável.
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