FAB contrata as empresas estrangeiras Telespazio e Satellogic para fornecimento de imagens
Olá leitores do BS!
Eis pois que, zapiando pelas rede sociais e pela web, identificamos que, em 6 de fevereiro de 2025, a Satellogic Inc., empresa espacial internacional do segmento de dados de observação da Terra de alta resolução, anunciou nas suas redes sociais e no seu portal oficial um contrato plurianual com a Telespazio Brasil, subsidiária da Telespazio S.p.A., para fornecer imagens de satélite de baixa latência à Força Aérea Brasileira (FAB). Este acordo, com duração inicial de um ano e opção de extensão por mais um, visa aprimorar as operações de defesa e segurança no território brasileiro.
Concepção artística da constelação Newsat / Aleph-1 Créditos: Satellogic) |
A nota (veja aqui) informa que a parceria permitirá que a FAB acesse rapidamente a constelação de satélites NewSat da Satellogic, possibilitando a obtenção de imagens com resolução submétrica para diversas aplicações de defesa. Isso inclui monitoramento quase em tempo real, detecção de mudanças e maior consciência situacional para decisões críticas. A FAB utilizará a plataforma Aleph, uma interface de autoatendimento que permite aos usuários agendar e gerenciar suas próprias coletas de imagens, garantindo maior controle e personalização nas operações.
Concepção artística do satélite Aleph-1 (Créditos: Satellogic). |
A constelação Aleph-1 da Satellogic, também conhecida como NewSat, é um DSM (Missão Distribuída de Satélites) da observação da Terra. Desde o lançamento dos primeiros satélites em 2016, a constelação tem se expandido continuamente, chegando, até junho de 2023, a um total de 46 satélites. Contudo a empresa alega que deseja chegar até 60 satélites, permitindo remapeamentos semanais do mundo, e, eventualmente pensasse em até 200 satélites, com o objetivo de realizar remapeamentos diários do planeta.
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Crédito: Satellogic no LinkedIn. |
A constelação opera em órbitas heliossíncronas a altitudes 470 km, com inclinação de cerca de 97,5°. Essas órbitas permitem revisitas frequentes a pontos de interesse, com a capacidade de remapear áreas específicas até oito vezes ao dia. Cada satélite possui dimensões de aproximadamente 51 cm × 57 cm × 82 cm e massa de cerca de 37,5 a 41 kg. Apesar de não ter o custo de produção de cada satélite divulgado, estima-se que, pelos valores captados pela Satellogic, cada satélite custe, em média, USD 8 a 12 milhões de dólares (algo entre R$ 47 a 70 milhões de reais), já com o lançamento e reposição.
Os Aleph-1 estão equipados com sistemas de imageamento que operam no espectro visível e infravermelho, permitindo a captura de imagens multiespectrais com resolução submétrica, com resolução espacial de 0,7 metros e largura de faixa (swatch) de 5 km a uma altitude de 470 km. As imagens hiperespectrais têm resolução de 25 metros, cobrindo um swatch de 125 km (Se quiser comparar a constelação Aleph com o satélite CBERS e Amazonia-1 em termos de desempenho e custos, veja aqui).
Exemplo de uma imagem muliespectral de 1 metro de resolução obtida por um Aleph-1 (Créditos: Satellogic) |
Segundo a nota da Satellogic, o Major-Brigadeiro do Ar Nogueira, Comandante de Operações Aéreas e Espaciais da FAB, destacou que: "Este acordo representa um marco significativo no fortalecimento de nossas operações aeroespaciais, concedendo à Força Aérea Brasileira acesso a imagens de alta resolução em quase tempo real. Com essas capacidades avançadas, poderemos tomar decisões mais rápidas e eficazes, garantindo a segurança de nosso território e contribuindo para a inovação tecnológica no setor de defesa."
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Major-Brigadeiro do Ar Nogueira, Comandante de Operações Aéreas e Espaciais da FAB (Créditos: FAB). |
Fundada em 2010, a Satellogic é uma empresa (originalmente uma startup argentina) conhecida por sua constelação de satélites de órbita baixa que fornecem dados geoespaciais acessíveis e de alta resolução, visando o acesso a informações geoespaciais.
Já a Telespazio Brasil é uma subsidiária da Telespazio S.p.A., especializada em serviços via satélite e joint venture entre a Leonardo (67%) e a Thales (33%) e está presente no país desde 1997. A empresa oferece soluções de telecomunicações por satélite, além de serviços de observação da Terra, atendendo aos mercados corporativo e governamental.
Após consulta ao site oficial e às redes sociais da FAB, não foram encontradas publicações ou comunicados sobre o tema. Diante disso, o Brazilian Space protocolou um pedido de informações (Número de protocolo: 60141000231202505), com base na Lei de Acesso à Informação (LAI), para esclarecer os detalhes sobre a implementação do contrato, suas expectativas e impactos operacionais.
Vamos aguadar o pronunciamento da FAB para nos posicionarmos sobre o assunto.
Brazilian Space
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