Rover Chinês Encontrou Evidências de Praias de 'Estilo Férias' no Planeta Marte

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Crédito: Space Daily
Uma foto panorâmica tirada pelo rover Zhurong em Marte. Imagem bruta disponível aqui.

Entusiastas do espaço, no dia de hoje (26/02), o portal Space Daily divulgou uma notícia fascinante: um estudo recente sugere que Marte pode ter sido, em algum momento de sua história, o lar de praias banhadas pelo sol, com vastas extensões de areia e ondas suaves. Essa descoberta vem de um novo estudo publicado nos Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), e oferece novas perspectivas sobre o passado do Planeta Vermelho."
 
Segundo a nota do portal, uma equipe internacional de cientistas, incluindo pesquisadores da Penn State, usou dados do Rover Zhurong em Marte para identificar camadas ocultas de rocha sob a superfície do planeta que sugerem fortemente a presença de um antigo oceano no norte. A nova pesquisa oferece as evidências mais claras até o momento de que o planeta já teve um corpo significativo de água e um ambiente mais habitável para a vida, segundo Benjamin Cardenas, professor assistente de geologia da Penn State e coautor do estudo.
 
"Estamos encontrando lugares em Marte que costumavam ser como praias antigas e deltas de rios antigos", disse Cardenas. "Encontramos evidências de vento, ondas, não há falta de areia - uma verdadeira praia de estilo férias."
 
O rover Zhurong pousou em Marte em 2021, em uma área conhecida como Utopia Planitia, e enviou dados sobre a geologia ao redor em busca de sinais de água ou gelo antigos. Ao contrário de outros rovers, ele veio equipado com radar de penetração no solo, o que permitiu explorar o subsolo do planeta, usando radares de baixa e alta frequência para penetrar o solo marciano e identificar formações rochosas enterradas.
 
Ao estudar os depósitos sedimentares subterrâneos, os cientistas conseguiram montar uma imagem mais completa da história do planeta vermelho, explicou Cardenas. Quando a equipe revisou os dados do radar, foi revelada uma estrutura em camadas similar às praias da Terra: formações chamadas "depósitos de praia" que se inclinam em direção aos oceanos e se formam quando sedimentos são transportados pelas marés e ondas para um grande corpo d'água.
 
"Isto se destacou imediatamente para nós porque sugere que havia ondas, o que significa que havia uma interface dinâmica de ar e água", disse Cardenas. "Quando olhamos para onde a vida mais antiga na Terra se desenvolveu, foi na interação entre oceanos e terra, então isso está pintando um quadro de ambientes habitáveis antigos, capazes de abrigar condições favoráveis à vida microbiana."
 
Quando a equipe comparou os dados marcianos com imagens de radar de depósitos costeiros na Terra, encontraram semelhanças marcantes, disse Cardenas. Os ângulos de inclinação observados em Marte caíam exatamente dentro da faixa dos depósitos sedimentares costeiros da Terra.
 
Os pesquisadores também descartaram outras possíveis origens para os refletores inclinados, como fluxos de rios antigos, vento ou atividade vulcânica antiga. Eles sugeriram que a forma consistente da inclinação das formações, bem como a espessura dos sedimentos, indicam uma origem costeira.
 
"Estamos vendo que a linha de costa deste corpo de água evoluiu ao longo do tempo", disse Cardenas. "Tendemos a pensar em Marte apenas como uma foto estática de um planeta, mas ele estava evoluindo. Rios estavam fluindo, sedimentos estavam se movendo e a terra estava sendo construída e erodida. Esse tipo de geologia sedimentar pode nos dizer como era a paisagem, como ela evoluiu e, o mais importante, nos ajudar a identificar onde deveríamos procurar por vida passada."
 
A descoberta indica que Marte já foi um lugar muito mais úmido do que é hoje, apoiando ainda mais a hipótese de um oceano passado que cobria uma grande parte do polo norte do planeta, explicou Cardenas. O estudo também forneceu novas informações sobre a evolução do ambiente marciano, sugerindo que um período quente e úmido, favorável à vida, pode ter durado potencialmente dezenas de milhões de anos.
 
"As capacidades do rover Zhurong nos permitiram entender a história geológica do planeta de uma maneira completamente nova", disse Michael Manga, professor de ciência planetária e terrestre da Universidade da Califórnia, Berkeley, e coautor correspondente do artigo. "O radar de penetração no solo nos dá uma visão do subsolo do planeta, o que nos permite fazer geologia que nunca poderíamos ter feito antes. Todos esses avanços incríveis na tecnologia tornaram possível fazer ciência básica que está revelando um tesouro de novas informações sobre Marte."
 
Os outros coautores correspondentes do artigo são Hai Liu, da Universidade de Guangzhou, e Guangyou Fang, da Academia Chinesa de Ciências. O outro coautor da Penn State é Derek Elsworth, presidente da cadeira G. Albert Shoemaker e professor de engenharia de energia e minerais e geociências. Os outros autores são Jianhui Li, Xu Meng, Diwen Duan e Haijing Lu, da Universidade de Guangzhou; Jinhai Zhang e Bin Zhou, da Academia Chinesa de Ciências; e Fengshou Zhang, da Universidade Tongji, em Xangai, China.
 
 
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