IAE Desenvolve Combustível mais Seguro para Foguetes


Olá leitor!

Segue abaixo uma notícia publicada dia (17/02) pelo jornal “Valeparaibano” destacando que o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) criou grupo especial para pesquisar sistema dominado pelos Estados Unidos.

Duda Falcão

IAE Desenvolve Combustível mais Seguro para Foguetes

Órgão cria grupo especial para pesquisar
sistema dominado pelos Estados Unidos


Valeparaibano
Chico Pereira
17 de fevereiro de 2009


São José dos Campos - Um grupo de engenheiros e técnicos do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço), de São José dos Campos, trabalha para tirar o Brasil do atraso tecnológico de mais de 50 anos na área de propulsão de foguetes espaciais.

A proposta é, nos próximos 20 anos, colocar o país no seleto grupo de nações que dominam o ciclo completo de lançamento de foguetes a partir da utilização do combustível líquido.

Essa tecnologia é empregada pelos norte-americanos e russos desde a década de 1950, mas somente há cerca de 15 anos o Brasil iniciou um programa de estudos e pesquisas nesse campo.

Vinculado ao DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), o IAE domina o ciclo da propulsão sólida para foguetes. Há mais de 40 anos, graças aos esforços e pesquisas desenvolvidas nos laboratórios da instituição, o Brasil é capaz de produzir e lançar foguetes para fins científicos, como os da família Sonda, impulsionados por propelente sólido. O VLS (Veículo Lançador de Satélite), em fase de desenvolvimento no instituto, também emprega combustível sólido.

Agora, o desafio é movimentar os futuros foguetes brasileiros com combustível líquido, mais seguro e sucessor natural do propelente sólido.

AÇÕES - Para fomentar o trabalho, o IAE criou a Divisão de Propulsão Espacial, chefiada pelo capitão e engenheiro mecânico formado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), Marco Fabius de Carvalho Torres.

Ele conta que as primeiras atividades nesse campo surgiram em 1996. No início, os esforços estavam voltados para a formação de mão-de-obra qualificada e aquisição de conhecimento teórico.

Para alavancar as pesquisas do país nesse setor, foi firmada cooperação com a Rússia que tem sido fundamental para o avanço das pesquisas nos laboratórios do IAE. A cooperação se dá por meio do Instituto de Aviação de Moscou.

Capitão Torres explica que a tecnologia da propulsão líquida não está disponível no mercado espacial. "Não é uma tecnologia que você encontra disponível na prateleira do mercado. Por isso, optamos por começar do princípio, compreender o ciclo completo e dominar a tecnologia para o desenvolvimento de motores impulsionados a combustível líquido", afirma o especialista do IAE.

Depois de um período de sete anos praticamente 'desativado', o programa foi reativado em 2003 e ganhou impulso a partir de 2006. Atualmente, trabalha no projeto de construção de motores nacionais movidos a propelente líquido um grupo de dez engenheiros e técnicos.

Paralelamente às atividades de aquisição de conhecimento, o IAE montou um banco de testes para a realização de ensaios de motores, primeiro passo para a fabricação completa do sistema de propulsão a combustível líquido.

MOTORES - Os especialistas já construíram dois motores, denominados L5 e L15. O L5 (0,5 tonelada de força) foi desenvolvido em 2003. O sistema de funcionamento foi testado com a utilização de querosene e oxigênio líquido como propelentes.

Já o L15 (1,5 tonelada de força) empregou o etanol (álcool), combustível que o Brasil produz em abundância, como uma alternativa ao querosene para a propulsão do artefato. Está em fase de projeto um terceiro motor, o L75 (7,5 toneladas de força).

Por enquanto, os especialistas testam os artefatos em ensaios de laboratórios para verificar parâmetros de funcionamento dos equipamentos, que já contam com a participação da indústria nacional.

Entretanto, a expectativa do grupo é lançar o primeiro foguete brasileiro impulsionado por propelente líquido entre 2013 e 2015, segundo capitão Torres. Esse artefato servirá para os primeiros testes práticos.

"A utilização do combustível líquido no programa espacial brasileiro é essencial para o lançamento de foguetes de maior porte e para a colocação de satélites em órbita, além de representar um ganho tecnológico para o país", disse capitão Torres.

Programa

Quem desenvolve: IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço).
Objetivo: dominar o ciclo do desenvolvimento de propulsores de foguetes espaciais para o Programa Espacial Brasileiro, a partir do uso do propelente líquido.
Quando começou: 1996
Onde: Divisão de Propulsão Espacial do IAE.
Grupo de trabalho: Dez profissionais, entre engenheiros e técnicos.
Motores em desenvolvimento: 3
Testes: A partir de 2003.
Expectativa de emprego prático: período de 20 anos.
Primeiro teste em vôo: Previsto para ocorrer entre 2012 e 2015.
Atraso do Brasil nesse campo: Mais de 50 anos.
Quem colabora com o IAE: Instituto de Aviação de Moscou - Rússia
Vantagens: Combustível líquido é mais seguro e tecnologicamente mais avançado.

Produção Será Repassada à Indústria

A médio e longo prazos, as pesquisas do IAE para possibilitar ao Brasil dominar o ciclo da propulsão de foguetes com combustível líquido irão gerar novos negócios na cadeia produtiva.

O capitão Marco Fabius Torres, do IAE, afirma que o objetivo da instituição é compartilhar com a indústria nacional a tecnologia que está sendo desenvolvida no instituto.

"O IAE não tem a missão de produzir esses equipamentos em série. Isso irá competir à indústria brasileira, que já está envolvida no programa. A fabricação dos equipamentos move uma cadeia enorme da indústria", afirmou capitão. O motor L15, por exemplo, foi desenvolvido em parceria com o setor industrial.

De acordo com o IAE, a meta é possibilitar ao país o desenvolvimento e o aprimoramento de uma indústria brasileira do setor aeroespacial, especificamente para a produção de foguetes.

O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), responsável pelo desenvolvimento dos satélites brasileiros, tem repassado continuamente tecnologia ao setor industrial.

VLS Está Entre os Principais Projetos

O IAE foi criado em 1991, a partir da fusão do IPD (Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento) e do Instituto de Atividades Espaciais. Entre os principais projetos está o desenvolvimento do VLS. De acordo com informações do site do instituto, o novo protótipo do VLS deve ficar pronto em 2011. O artefato terá capacidade de transportar e inserir em órbita satélites de 115 kg a 750 km de altitude, em órbita circular. Outro projeto importante é o VSB-30, foguete de sondagem para fins científicos certificado no ano passado.


Fonte: Jornal Valeparaibano - 17/02/2010

Comentário: A criação dessa "Divisão de Propulsão Espacial" pelo IAE é louvável e necessária. No entanto, se essa notícia de que o desenvolvimento da tecnologia que levará o Brasil alcancar o domínio completo da propulsão liquida para foguetes for cumprido à risca no prazo citado pela matéria (20 anos), o atraso só aumentará, pois por volta dessa época americanos, russos, indianos, chineses, japoneses e europeus estarão andando sobre o solo lunar e marciano, enquanto nações como a Coréia do Sul, do Norte, Argentina já estarão com o domínio completo do acesso ao espaço próximo da Terra com tecnologias muito mais avançadas. É necessário urgentemente que o governo e suas instituições conjuntamente se mexam para alcançar esse dominio antes de 2015, caso contarrio o atraso tecnológico será incalculável.

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