Parceria Não Prevê Transferência, diz Amaral

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada hoje (23/11) no jornal “Valor Econômico” destacando que segundo o Diretor-Geral da parte brasileira da mal engenhada Alcântara Cyclone Space (ACS) o acordo entre o Brasil e Ucrânia não prevê transferência de tecnologia.

Duda Falcão

Parceria Não Prevê Transferência, diz Amaral

Valor Econômico
23/11/2010

O objetivo do tratado entre Brasil e Ucrânia é comercial, e não a transferência de tecnologia, diz o diretor-geral brasileiro da Alcântara Cyclone Space (ACS), Roberto Amaral, em resposta às críticas ao acordo entre os dois países. Segundo Amaral, no entanto, "obviamente ocorrerão naturais absorções de tecnologia, devido à necessidade de trabalho conjunto entre brasileiros e ucranianos".

"A razão estratégica da parceria Brasil-Ucrânia é ter um lançador e um centro de lançamento de onde se possa enviá-lo ao espaço sideral", disse Amaral em entrevista ao Valor. "A razão principal nunca foi à transferência de tecnologia. O projeto não dá ao Brasil autonomia tecnológica, mas nos dá aumento na soberania", argumenta o diretor-geral da ACS.

Na opinião de Amaral, isso significa dizer que o Brasil "não mais dependerá de vários países para colocar seus satélites no espaço, terá seus próprios veículos e será capaz, com o tempo, de arregimentar e absorver tecnologia para construir os próprios satélites".

De acordo com a ACS, o convívio entre técnicos ucranianos e brasileiros, o desenvolvimento conjunto de tarefas, o desenvolvimento futuro de novos aperfeiçoamentos de foguetes, representam efetiva transferência de tecnologia. De acordo com Amaral, "a efetiva transferência de tecnologia, mais que da assinatura de contratos, depende do trabalho e da pesquisa partilhados".

Efetivamente, o tratado entre Brasil e Ucrânia é comercial e impede transferência de tecnologia, mas, segundo apurou o Valor, acordos posteriores abriram uma brecha - entre eles um assinado pelo próprio Amaral - "relativa ao estabelecimento de um programa de cooperação bilateral científico-tecnológico" no que se refere ao "uso pacífico do espaço exterior". Além disso, a ACS deve desenvolver, paritariamente (brasileiros e ucranianos) o Cyclone-5 (ou Cyclone-4 A ou Cyclone- 4-1). O acordo atual já prevê que toda a documentação - em inglês - referente ao foguete e ao sítio de lançamento pertence à ACS.

Amaral está convencido que a inclusão do país no fechado clube de lançadores de foguete permitirá que o Brasil tenha benefícios objetivos, como o atendimento aos nossos próprios satélites, que não precisarão procurar outros centros para serem postos em órbita.

Por outro lado, o complexo que envolve a fabricação de foguetes e seu lançamento induz à geração de produtos de elevado nível tecnológico. "Esse desenvolvimento reduzirá nossa dependência de importação de tecnologia na área espacial específica e em áreas congêneres, entre as quais a indústria da defesa", afirma o diretor da ACS. Segundo Amaral, deve-se considerar também "os serviços que, durante a implantação do sítio de lançamento do Cyclone-4, serão contratados às empresas brasileiras, na construção civil, nos equipamentos tecnológicos e terrestres", afirma Amaral. (RC e VS).


Fonte: Jornal Valor Econômico via NOTIMP da FAB - 23/11/2010

Comentário: Pressionado que está por denúcias da imprensa, políticos e pelo CGU, finalmente o senhor Roberto Amaral diz a verdade, ou melhor, meia verdade. Como o blog sempre defendeu não existe qualquer tipo de transferência tecnológica, nem de um simples parafuso no acordo que envolve o Cyclone-4. Por que meia verdade? Pelo simples fato de ser uma tremenda mentira quando o mesmo diz: “o convívio entre técnicos ucranianos e brasileiros, o desenvolvimento conjunto de tarefas, o desenvolvimento futuro de novos aperfeiçoamentos de foguetes, representam efetiva transferência de tecnologia”. Porque? Leitor, o foguete Cyclone-4 chega da Ucrânia desmontado, como também os seus equipamentos correlatos. A única participação dos brasileiros será na operação de lançamento e na integração satélite/foguete, isto é, quando o satélite não for ucraniano. Quanto ao documento que o jornal "Valor Econômico" se refere como uma brecha que permitiria a transferência de tecnologia ou mesmo o desenvolvimento conjunto de novos lançadores, mesmo que exista esse documento assinado pelo senhor Amaral (o que eu não acredito, mas é possível), parte-se do princípio de que o mesmo teria de ser ainda aprovado pelos Congressos dos dois países (no Brasil leva em média cinco anos), e de que só teria algum valor se a empresa obtivesse sucesso no mercado de lançamentos comerciais, coisa que em nossa opinião na atual engenharia da empresa é quase impossível (nunca digo impossível, já que a história da humanidade já provou que isso é muito relativo).

Comentários

  1. Aos poucos vai caindo a máscara do Sr.Amaral. Espero que a Sociedade Brasileira acorde, antes que seja tarde, infelizmente.

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  2. Pois é Ricardo,

    É o que todos esperamos. Porém temos de ser realistas quanto a essa possibilidade que é pequena, pelo menos até o momento que o rombo no Erário Público não tenha mais como ser escondido. No entanto, quando isto acontecer espero que a sociedade e suas instituições representativas venham cobrar com veemência a responsabilidade judicial dos envolvidos com esta roubada. Essa história não pode acabar em pizza.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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