Equipe Internacional de Pesquisadores Desvenda a Origem da Maioria dos Meteoritos Que Já Caíram na Terra
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[Imagem: O. Trapp]
Estudar essas rochas celestes é importante porque há indícios de que os meteoritos podem estar envolvidos com a origem da vida na Terra. |
No dia de ontem (17/10), o portal Inovação Tecnólogica informou que uma equipe internacional de pesquisadores acredita ter explicado a origem de 70% de todos os meteoritos que caíram na Terra e que foram identificados até hoje.
De acordo com a nota do portal, ao contrário do que se acreditava - de que os meteoritos viessem de uma multiplicidade de fontes - o novo trabalho estabelece que a maioria se origina de apenas três famílias de asteroides.
Essas famílias, Karin, Corônis e Massalia, foram criadas por três colisões recentes que ocorreram no Cinturão Principal de Asteroides, entre Marte e Júpiter, há 5,8 milhões de anos, 7,5 milhões de anos e cerca de 40 milhões de anos, respectivamente. Todas elas são consideradas muito jovens para os padrões cósmicos.
Em particular, a família Massalia foi identificada como sendo a fonte de 37% dos meteoritos conhecidos.
Embora sejam conhecidos mais de 70.000 meteoritos, apenas 6% foram claramente identificados por sua composição (acondritos) como vindos da Lua, de Marte ou de Vesta, um dos maiores asteroides do Cinturão Principal. A fonte dos outros 94% dos meteoritos, a maioria dos quais são condritos comuns, nunca foi estudada em detalhes.
[Imagem: Jérôme Gattacceca/CNRS/CEREGE]
Isso pode ser explicado pelo ciclo de vida das famílias de asteroides, segundo os autores de três estudos publicados pela equipe que fez a análise.
As famílias jovens são caracterizadas por uma abundância de pequenos fragmentos deixados por colisões. Essa abundância aumenta o risco de colisões entre fragmentos e, juntamente com sua alta mobilidade, sua fuga do cinturão, e frequentemente eles escapam na direção da Terra.
As famílias de asteroides produzidas por colisões mais antigas, por outro lado, seriam fontes "esgotadas" de meteoritos. A abundância de pequenos fragmentos que antes as compunham foi naturalmente erodida e finalmente desapareceu após dezenas de milhões de anos de colisões sucessivas e de sua evolução dinâmica.
Assim, Karin, Corônis e Massalia inevitavelmente coexistirão com novas fontes de meteoritos de colisões mais recentes e eventualmente darão lugar a elas.
[Imagem: Jérôme Gattacceca/CNRS/CEREGE]
Imagem de luz polarizada do condrito ordinário (grupo H) San Juan 029, encontrado no Deserto do Atacama em 2008. A imagem tem uma largura de 3 mm. |
Essa descoberta foi possível graças a um levantamento da composição de todas as principais famílias de asteroides no Cinturão Principal de Asteroides, entre Marte e Júpiter. As observações por telescópios foram combinadas com simulações de computador de última geração da evolução das colisões e da dinâmica dessas principais famílias.
Essa abordagem foi estendida a todas as famílias de meteoritos, revelando as fontes primárias dos condritos e dos acondritos carbonáceos, que vêm além daqueles da Lua, Marte e Vesta.
O estudo também permitiu rastrear a origem de alguns asteroides grandes, com dimensões acima de um quilômetro, um tamanho que ameaça a vida na Terra em caso de colisão. Esses objetos são o foco de muitas missões espaciais (NEAR Shoemaker, Hayabusa 1, Chang'E, Hayabusa 2, OSIRIS-Rex, DART, Hera etc.).
Em particular, parece que os asteroides Ryugu e Bennu, dos quais as missões Hayabusa 2, da Agência Espacial Japonesa, e OSIRIS-REx, da NASA, coletaram amostras, que estão sendo estudadas em diversos laboratórios ao redor do mundo, são derivados do mesmo asteroide pai, pertencente à família Polana.
A origem dos 10% restantes dos meteoritos coletados continua desconhecida. Para tentar consertar isso, a equipe planeja continuar sua pesquisa, desta vez se concentrando na caracterização de todas as famílias que foram formadas há menos de 50 milhões de anos.
Bibliografia:
Autores: M. Broz, P. Vernazza, M. Marsset, R. P. Binzel, F. DeMeo, M. Birlan, F. Colas, S. Anghel, S. Bouley, C. Blanpain, J. Gattacceca, S. Jeanne, L. Jorda, J. Lecubin, A. Malgoyre, A. Steinhausser, J. Vaubaillon, B. Zanda
Revista: Astronomy and Astrophysics
Vol.: 689, A183
DOI: 10.1051/0004-6361/202450532
Autores: M. Broz, P. Vernazza, M. Marsset, F. E. DeMeo, R. P. Binzel, D. Vokrouhlicky, D. Nesvorny
Revista: Nature
Vol.: 634, pages 566-571
DOI: 10.1038/s41586-024-08006-7
Autores: M. Marsset, P. Vernazza, M. Broz, C. A. Thomas, F. E. DeMeo, B. Burt, R. P. Binzel, V. Reddy, A. McGraw, C. Avdellidou, B. Carry, S. Slivan, D. Polishook
Revista: Nature
Vol.: 634, pages 561-565
DOI: 10.1038/s41586-024-08007-6
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