Um Grande Salto Para o Ramo dos Foguetes de Pequeno Porte

Olá leitor!

Segue abaixo um interessante artigo originalmente publicado ontem (23/11) no The New York Times e postado no mesmo dia no site do jornal “O Estado de São Paulo”, destacando que, com o recente lançamento na Nova Zelândia do foguete chamado "Electron", foguete este de uma pouco conhecida empresa americana e neozelandesa chamada “Rocket Lab”, dar-se um grande salto para o ramo dos foguetes de pequeno porte e este ocorrido pode marcar o início de uma nova era no ramo espacial em todo o mundo.

Duda Falcão

INTERNACIONAL

Um Grande Salto Para o Ramo
dos Foguetes de Pequeno Porte

Satélites cada vez menores representam mais opções para o transporte espacial

Por Kenneth Chang,
The New York Times
23 Novembro 2018 | 06h00

Um pequeno foguete de uma empresa pouco conhecida decolou este mês da costa leste da Nova Zelândia, transportando um conjunto de pequenos satélites. Esse modesto acontecimento - o primeiro lançamento comercial de uma empresa americana e neozelandesa chamada Rocket Lab - pode marcar o início de uma nova era no ramo espacial, com incontáveis pequenos foguetes decolando de espaçoportos ao redor do mundo. Essa miniaturização dos foguetes e espaçonaves coloca o espaço sideral ao alcance de um segmento mais amplo da economia.

Batizado de Electron, o foguete é mínimo se comparado a modelos gigantes como os de Elon Musk, da SpaceX, e Jeff Bezos, da Blue Origin, pensados para transportar pessoas para o sistema solar. Esse projeto tem apenas 17 metros de altura e transporta apenas um peso de 225 quilogramas para o espaço. “Somos como uma transportadora", disse o neozelandês Peter Beck, fundador e diretor executivo da Rocket Lab. “Somos como o entregador que traz pacotes até sua porta.”

Foto: Rocket Lab
O Electron, da Rocket Lab, custa US$ 5 milhões, muito
menos que o imenso modelo Falcon Heavy, da SpaceX.

A missão, intitulada “Valendo", transportou dois satélites de rastreamento naval para a Spire Global; um pequeno satélite de monitoramento ambiental para a GeoOptics; uma pequena sonda construída por estudantes do ensino médio na Califórnia; e uma versão de demonstração de uma draga espacial para a remoção de satélites desativados ainda em órbita.

A firma de investimento Space Angels está acompanhando o desempenho de 150 empresas de lançamentos pequenos. O diretor da empresa, Chad Anderson, disse que embora a maioria dessas empresas esteja destinada ao fracasso, algumas contam com o financiamento e o conhecimento de engenharia necessários para alcançar o sucesso.

Cada empresa defende um modelo de negócios próprio: a Vector Launch Inc. busca a produção em massa; a Virgin Orbit, parte do império de negócios de Richard Branson, vai lançar seus foguetes a partir da barriga de um 747; a Relativity Space pensa em fabricar seus foguetes usando impressoras 3D para as peças; a Firefly Aerospace vai oferecer um foguete um pouco maior, apostando que os pequenos satélites vão aumentar de tamanho.

No passado, imensos satélites de comunicações pairavam a uma altitude de 35,4 mil km acima do equador, descrevendo o que chamamos de órbita geossíncrona. Avanços tecnológicos possibilitaram uma constelação de satélites menores, orbitando a altitudes mais baixas e mais fáceis de alcançar, imitando as capacidades que antes só eram possíveis a partir de uma posição geossíncrona.

Beck disse que o Electron é capaz de transportar mais do que 60% das espaçonaves que chegaram à órbita no ano passado. Em comparação, analistas do ramo espacial se perguntam qual é o tamanho do mercado existente para um titã como o Falcon Heavy, da SpaceX, lançado pela primeira vez em fevereiro. Um Falcon Heavy consegue transportar uma carga 300 vezes mais pesada que o Electron, mas seu custo é de US$ 90 milhões, enquanto o Electron custa US$ 5 milhões.

Foto: Rocket Lab
O Electron, da Rocket Lab, teve seu primeiro lançamento este
mês, transportando um conjunto de pequenos satélites.

A SpaceX teve a oportunidade de abocanhar o mercado de foguetes menores dez anos atrás. Seu primeiro modelo, o Falcon 1, foi pensado para transportar cerca de 680 quilos. Mas a SpaceX abandonou o projeto, dedicando-se ao Falcon 9, muito maior, voltado para as necessidades da agência espacial americana (NASA).

Jim Cantrell, um dos primeiros funcionários da SpaceX, não entendeu a decisão. Em 2015, ele fundou a Vector Launch, Inc., com sede no Arizona. O objetivo era desenvolver o equivalente a um Ford Model T dos foguetes: pequeno, barato e produzido em massa. A Vector se diz capaz de colocar seus foguetes em órbita lançando-os a partir de qualquer lugar onde consiga montar sua plataforma móvel de lançamento, que é essencialmente um trailer modificado.

A empresa ainda planeja colocar em órbita seus primeiros foguetes Vector-R ainda este ano. Um protótipo foi planejado para lançamento suborbital em setembro, mas um problema técnico levou ao cancelamento do teste. A Rocket Lab espera realizar um segundo lançamento comercial em dezembro, e outro em janeiro. “Não estamos pensando apenas no próximo foguete, e sim nos próximos 100 lançamentos”, disse Beck. “Uma coisa é chegar à órbita. Outra bem diferente é tornar isso um feito corriqueiro.”


Fonte: Site do Jornal O Estado de São Paulo - 23/11/2018

Comentário: Pois é leitor, a corrida começou e perdemos o bonde da história. O que fazer agora? Pelo que foi dito nesta reportagem está claro que o foguete alemão-brasileiro VLM-1 não poderá competir com esse Electron (se não me engano, um foguete fantasticamente movido à propulsão elétrica) e ao que parece nem com os futuros foguetes das Vector Launch, Virgin Orbit, e da Relativity Space. Tínhamos tudo para sair na frente, mas esses vermes debiloides e sanguessugas sedentos de poder e dinheiro, não quiseram ouvir ninguém e tá aí o resultado. O que fazer agora? Bom, eu acredito que todo problema tem uma solução, mas é preciso se caminhar em busca desta solução. Na minha opinião a única solução neste momento seria apostar nas startups brasileiras que tem engavetados em seus empoeirados arquivos, projetos muito interessantes, alguns deles baseados em tecnologias e foguetes já disponíveis no Brasil. Falando nisso leitor, no recente “Simpósio de Aplicações Operacionais em Áreas de Defesa (SIGE)”, realizado em São Jose dos Campos (SP), de 25 a 27/09 deste ano, pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) em conjunto com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), foi apresentado pelos pesquisadores  Danton José Fortes Villas Bôas (IAE) e Alison de Oliveira Moraes (ITA) uma proposta denominada “Utilização de Tecnologias de Foguetes de Sondagem para o Lançamento de Cubesats”, proposta esta que consiste no estudo do emprego de tecnologias, propulsores e subsistemas já desenvolvidos no programa brasileiro de foguetes de sondagem para aplicação em sistemas de lançamento orbital de microssatélites e cubesats. São estudadas configurações (veículos VL3 e VL4, desenvolvidos a partir dos foguetes suborbitais VSB-30 e VS-40 respectivamente) de foguetes lançadores de pequeno porte para o acesso ao espaço com custo baixo e confiabilidade suficiente. Pois então leitor, essa foi há alguns anos atrás a proposta de duas startups brasileiras (não posso divulgar o nomes delas por não esta autorizado) que ninguém deu ouvidos (eita povo que só fecha a porta depois de arrombada), e agora corre nos bastidores um boato de que a empresa AVIBRAS irá desenvolver, sob a coordenação de um conhecido militar que atuou no IAE, um lançador de Cubesats baseado justamente na tecnologia utilizada no VSB-30. No entanto leitor, se este boato realmente tiver fundamento,  e apesar dessa tardia iniciativa da AVIBRAS ser louvável, o Blog BRAZILIAN SPACE ainda acredita que um consórcio formado por startups brasileiras (Consórcio Brasil no Espaço - sugestão, são sete se não me engano atualmente no Brasil, sendo as mais conhecidas a Acrux, Airvantis, Edge of Space e a CLC), com o apoio logístico, politico e financeiro adequado do Governo Bolsonaro, poderia entregar um Veiculo Lançador de Cubesats (seguindo essa mesma ideia de aproveitar a tecnologia existente), em muito menos tempo e com um custo bem mais baixo e um produto altamente competitivo para o mercado internacional.

Comentários

  1. Prezado. Sobre o lançador esbarramos ainda na incompleta plataforma inercial nacional. Não conheço o assunto mas, o sistema inercial desenvolvido pela marinha para o MANSUP (protótipo testado nesta última semana) não é compatível com lançadores de satélite?

    ResponderExcluir

Postar um comentário