O Lobista Espacial

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada na edição nº 2164 da revista “ISTOÉ” e postada dia (29/04) no site da revista “ISTOÉ Independente” destacando a incrível história do gaúcho “João Gilberto Vaz”, que virou cônsul da Bulgária e foi pago pelo Brasil para acertar com os russos a viagem do astronauta Marcos Pontes ao espaço.

Duda Falcão

O Lobista Espacial

A incrível história de João Gilberto Vaz,
um gaúcho que virou cônsul da Bulgária e
foi pago pelo Brasil para acertar com os russos a
viagem do astronauta Marcos Pontes ao espaço

Claudio Dantas Sequeira
29/04/2011 - 21:00
Atualizado em 02/05/2011 - 10:14

O cônsul honorário da Bulgária no Brasil é gaúcho, dono de uma empresa que vende imagens de satélite, empreendedor interessado em construir estádios para a Copa do Mundo, ex-cartola de um time de futebol formado por refugiados palestinos e responsável pela viagem espacial do primeiro astronauta brasileiro. A sede do consulado fica no Rio de Janeiro, mas o cônsul, João Gilberto Vaz, despacha em Brasília, onde mora numa bela casa do Lago Sul. Na capital federal, apesar de tantas e tão variadas atividades, Vaz tem chamado mesmo a atenção é pelo seu controvertido trabalho como lobista.

João Gilberto Vaz gaba-se de ser o responsável por ter levado o astronauta Marcos Pontes à sua viagem turística à Estação Espacial Internacional, a ISS, na sigla em inglês. Na verdade, ele fez mais do que isso pelo programa espacial brasileiro. Sabe-se lá por quê, em 1997 o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) convocou Vaz, que ainda não era cônsul, para intermediar o malfadado acordo com a Nasa para a participação brasileira na ISS. O custo para o Brasil seria de US$ 330 milhões, incluindo o fornecimento de algumas peças para um módulo que opera na estação espacial. O negócio foi firmado no final do governo FHC, arrastou-se pelo primeiro mandato de Lula e acabou anulado pela própria Nasa, irritada com os atrasos do Brasil em cumprir o cronograma de construção de itens da ISS. Nesse meio tempo, a vida de Vaz foi melhorando. Em função de contatos com a Academia de Ciências da Bulgária, que dividiria com os brasileiros experiências agrícolas na estação espacial, o lobista acabou convidado pela embaixada búlgara para integrar seu corpo consular. Além disso, ele recebeu ao menos US$ 10 milhões do Inpe pelo trabalho na aproximação com a agência espacial americana, apesar de existir uma ampla rede diplomática para tratar de assuntos como esses. Quando os acordos com a Nasa fracassaram, Vaz tratou de não deixar a Agência Espacial Brasileira (AEB) em uma situação vexatória. Foi ele quem intermediou com a Rússia a viagem do astronauta Marcos Pontes. Para essa missão, que custou R$ 30 milhões aos cofres públicos, Vaz teria ganhado mais alguns milhões de dólares, segundo afirmam seus detratores. Ele, no entanto, garante que tudo não passou da mais pura filantropia lobística. “Fiz um trabalho do mais alto nível. Mas não ganhei nem medalha.”

MOMENTOS
Vaz posando com pinta de empresário e vestindo
o uniforme dos cosmonautas russos

A atuação de Vaz na viagem de Pontes ao espaço ainda desperta desconfianças. Edmilson Costa Filho, coordenador de Programas e Projetos da AEB, conhece o lobista de longa data e é taxativo: “Pessoas como Vaz se aproveitam dos elos eticamente fracos do poder público. Se a AEB fosse uma agência forte e atuante, não precisaria de intermediários”, afirma. Já o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), relator da nova política espacial, nunca ouviu falar do cônsul da Bulgária, mas questiona a necessidade de mediação privada num acordo entre agências governamentais. “Em tese, deveria ser feito diretamente”, diz.

Depois das desventuras espaciais, Vaz se dedica agora a projetos mais terrenos. No momento, ele está de olho nas oportunidades abertas pela Copa do Mundo no Brasil. Na semana passada, promoveu em Salvador, São Paulo e Rio uma série de encontros para tentar emplacar sua consultoria, a Arena do Brasil Ltda. A meta de Vaz é conquistar alguns dos milionários contratos para a construção e operação de estádios da Copa de 2014. Ele não é um novato na área futebolística. Em 2007, comprou um time da terceira divisão do Distrito Federal e o batizou com o nome da empresa que vende imagens de satélite, seu xodó naquela época. O “Brazsat Futebol Clube” era formado por refugiados palestinos vindos do Iraque, por meio de um convênio que Vaz assinou com a Acnur, a agência da ONU para refugiados. A equipe chegou a ser tema de um documentário na rede de tevê árabe Al Jazeera e avançou para a segunda divisão. O cartola João Gilberto Vaz não conseguiu, contudo, levar o Brazsat para a primeira divisão e o time foi desfeito. Mas com essa experiência ele abriu canais com a CBF, que agora utiliza em sua nova área de negócios.

COPA
Maquete de um dos estádios que Vaz
quer construir para o Mundial de 2014

Sempre bonachão e muito bem relacionado, Vaz é figurinha carimbada nos círculos da elite brasiliense. Costuma participar dos seminários promovidos pelo Gabinete de Segurança Institucional, fala sobre cursos feitos na Escola Superior de Guerra e não perde coquetéis e festas da comunidade diplomática. Chegou a integrar comitivas especiais, se diz amigo do deputado federal Protógenes Queiroz (PSOL-SP), o polêmico delegado da Operação Satiagraha, e exibe fotos ao lado do ex-presidente Lula e do arquiteto Oscar Niemeyer. Na sala de sua casa, expõe em posição de destaque o diploma de um curso de três dias que fez na Universidade de Harvard. Nem tudo em sua vida, porém, é sucesso. Algumas iniciativas de Vaz acabaram em encrencas com a justiça. Como em 2002, quando ele tentou representar no Brasil a companhia americana Space Systems/Loral, uma das maiores fabricantes de sistemas de satélites. Pouco tempo depois, a empresa rescindiu o contrato. “A Brazsat nunca teve poderes para representar legalmente e vincular a SS/L a qualquer tipo de obrigação e, portanto, a SS/L não se responsabiliza por atos praticados pela Brazsat e por seu principal cotista, o sr. João Gilberto Vaz”, registrou a empresa americana em cartório. Mas coisas desse tipo não chegam a inibir o ritmo frenético da atividade diplomática do cônsul honorário da Bulgária. Ele não tem limites.



Fonte: Site da Revista ISTOÉ Independente - 29/04/2011

Comentário: É extremamente lamentável e desestimulante saber que o PEB em algum momento esteve envolvido com uma figura nefasta com essa. Estou cansado, e até o final do ano avaliarei se realmente vale à pena continuar com esse trabalho de divulgação que venho realizando a pouco mais de dois anos. É desestimulante observar histórias como essa, e o que vem acontecendo com o PEB “anos a fio”, sem que algo de realmente significativo seja feito pelo governo. Muita conversa e pouca ação, decisões desastrosas como a criação dessa mal engenhada ACS, falta de apoio político, de seriedade, de recursos humanos e financeiros, falta de uma política espacial realmente efetiva, dentre outros problemas já comentados aqui no blog anteriormente, me levam a realmente pensar em desistir desse trabalho infrutífero. Novas conversas estão sendo conduzidas no âmbito da AEB sob a coordenação do Rauppjet visando dar um rumo desenvolvimentista ao nosso programa espacial, porém com o tipo de política feita nesse país dificilmente algo de concreto será realizado e o meu prazo se encerrará em dezembro.

Comentários

  1. Olá Duda Falcão!!!

    Não fale isso nem por brincadeira... o nosso PEB anda de mão atadas desde o século passado, e nada de bom e concreto acontece para alegrar e dar esperanças aos brasileiros.

    Mas se tem uma coisa que funciona, e muito bem, é este Blog que nos transmite tudo o que acontece nos bastidores da área espacial, e principalmente do Brasil.

    Portanto pedimos calma e paciência, mas não acabe com este belo trabalho, pois sería uma enorme perda para todos nós.

    Alguém do governo ou da própria Agência Espacial Brasileira poderia tomar vergonha na cara e apadrinhar esse trabalho que vem fazendo a mais de dois anos que já faz parte do PEB.

    Gasta-se tanto dinheiro com porcarias que jamais funcionarão ou projetos fantasmas confeccionados em guardanapos de lanchonete...

    Portanto esperamos que acordem e tornem o Brazilian Space um indicativo de imprensa oficial, da Agência Espacial Brasileira.


    Wagner Coyote (muito indignado)!!!

    ResponderExcluir
  2. Olá Wagner!

    Obrigado amigo pelo apoio e pelo reconhecimento da importância de meu trabalho para o PEB. Entretanto, realmente é desgastante e desmotivador continuar realizando um trabalho que não rende frutos. Continuar lutando por um objetivo de tal importância para o nosso país, mas que infelizmente devido ao que já coloquei em meus comentários anteriores, não tem o apoio que deveria ter do governo, e ainda temos que deparar com histórias como dessa figura nefasta descrita nesta matéria. São 50 anos Wagner e não 5 anos e só para você ter uma idéia a Coréia do Sul em um pouco mais (7 anos) com o apoio dos Russos saiu de bombinha de São João para um foguete que falhou por duas vezes, é verdade, mas que deverá voar e colocar em órbita um satélite exitosamente ainda esse ano ou no mais tardar ano que vêm. São 50 anos de reuniões, de visitas de “otoridades” as instalações das instituições realizadoras do PEB (INPE/DCTA), de workshops, de congressos, de audiências públicas, de promessas vazias e de ações desastrosas, que sinceramente esgotaram com a minha paciência e esperança de que esses b...loides realmente venham alguma dia levar o PEB com a seriedade necessária. Assim sendo, meu prazo é dezembro, para que algo de concreto ocorra (o Rauppjet está trabalhando com afinco e entusiasmo para que isso ocorra, mas não depende dele e esse trabalho pode acabar não dando em nada mais uma vez), algo que faça com que o PEB venha cumprir o cronograma previsto das missões em curso e crie as condições mínimas de atuação.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

    ResponderExcluir
  3. de gaucho so tem a palavra .. ele é do interior de sp SAO MIGUEL ARCANJO

    ResponderExcluir

Postar um comentário